Aumenta preocupação no exterior com saúde da economia brasileira - Crescem questionamentos ao 'bom momento' do país; alguns analistas, porém, mantêm visão positiva e dizem que não há sinais de bolhas. - Da BBC - O bom momento da economia brasileira vem há tempos sendo propagandeado ao redor do mundo como exemplo para a recuperação após a crise global de 2008. No entanto, já começam a crescer as vozes divergentes que alertam sobre possíveis estouros de bolhas que levem a uma desaceleração no país.
'As pessoas estão subestimando os problemas na economia brasileira', adverte o analista Neil Shearing, economista sênior para mercados emergentes da conceituada consultoria britânica Capital Economics.
'Fundamentalmente, o ritmo e a natureza do crescimento brasileiro não são sustentáveis', afirma Shearing à BBC Brasil.
Para a Capital Economics, a vulnerabilidade da economia brasileira advém de dois fatores: a força do fluxo de capitais para o país e o aumento rápido do crédito para o consumo interno.
Entre os pontos de vulnerabilidade da economia brasileira apontados por analistas em relatórios e artigos recentes estão questões como a expansão do crédito com juros altos, a sobrevalorização do real, os riscos de inflação, o alto preço das commodities e a valorização excessiva no mercado imobiliário nas grandes cidades brasileiras.
'O estouro da bolha de crédito deve ser bastante grave e levar a economia a uma desaceleração', disse à BBC Brasil por e-mail, de Hong Kong, Amit Rajpal, gerente de portfólio do fundo de investimentos Marshall Wace.
Em um artigo publicado nesta semana pelo diário econômico Financial Times, Rajpal e Paul Marhsall, diretor de investimentos do Marshall Wace, alertam para o risco de uma crise no setor de crédito no Brasil, citando um aumento dos gastos proporcionais das famílias brasileiras com o pagamento de suas dívidas e a perspectiva de aumento dessa proporção por conta dos juros em alta.
'O peso no fluxo de caixa (das famílias) é astronômico e está crescendo', escreveram.
O artigo de Rajpal e Marshall é o último de uma série que vem aparecendo nas últimas semanas em diferentes veículos especializados para alertar sobre riscos enfrentados no Brasil.
Distorções
Em um relatório publicado na semana passada, a Capital Economics faz um alerta sobre as perspectivas negativas da indústria no Brasil, apesar do crescimento na produção registrado em maio, e sobre a contínua valorização do real, que 'está distorcendo a economia brasileira'.
A consultoria britânica mantém suas previsões positivas sobre a economia do país no curto prazo, mas advertiu em um relatório anterior sobre 'um crescente risco de que a economia superaqueça ou que bolhas comecem a inflar'.
Para a Capital Economics, a vulnerabilidade da economia brasileira advém de dois fatores: a força do fluxo de capitais para o país e o aumento rápido do crédito para o consumo interno.
A consultoria avalia que o excesso de divisas nos países com grandes superávits em conta corrente, como a China ou a Alemanha, vai se manter, o que significa que os fluxos de capital para as economias emergentes, como o Brasil, também se manterão altos, já que o capital excedente nesses países buscará investimentos com taxas de retorno maior, por conta das altas taxas de juros.
O relatório adverte que isso é um problema, porque essa entrada de divisas está sendo usada para estimular o consumo interno, com o aumento do crédito, em vez de gerar investimentos em capacidade produtiva, aumentando as pressões inflacionárias.
A consultoria avalia que, apesar das ações pontuais do governo para tentar controlar os problemas apontados, 'os desafios podem finalmente se provar grandes demais'.
Para o analista Neil Shearing, essas eventuais bolhas devem estourar até 2012, mas não a ponto de levar a uma recessão.
'Nossa previsão para 2012 é de um crescimento de 2% a 3%, que poderia ser considerado fantástico para as economias desenvolvidas, mas não para o Brasil, que precisa de um crescimento de pelo menos 3% a 4% para poder compensar o aumento populacional e gerar empregos', observa.
Aumenta preocupação no exterior com saúde da economia brasileira - Crescem questionamentos ao 'bom momento' do país; alguns analistas, porém, mantêm visão positiva e dizem que não há sinais de bolhas. - Da BBC - O bom momento da economia brasileira vem há tempos sendo propagandeado ao redor do mundo como exemplo para a recuperação após a crise global de 2008. No entanto, já começam a crescer as vozes divergentes que alertam sobre possíveis estouros de bolhas que levem a uma desaceleração no país.
'As pessoas estão subestimando os problemas na economia brasileira', adverte o analista Neil Shearing, economista sênior para mercados emergentes da conceituada consultoria britânica Capital Economics.
'Fundamentalmente, o ritmo e a natureza do crescimento brasileiro não são sustentáveis', afirma Shearing à BBC Brasil.
Para a Capital Economics, a vulnerabilidade da economia brasileira advém de dois fatores: a força do fluxo de capitais para o país e o aumento rápido do crédito para o consumo interno.
Entre os pontos de vulnerabilidade da economia brasileira apontados por analistas em relatórios e artigos recentes estão questões como a expansão do crédito com juros altos, a sobrevalorização do real, os riscos de inflação, o alto preço das commodities e a valorização excessiva no mercado imobiliário nas grandes cidades brasileiras.
'O estouro da bolha de crédito deve ser bastante grave e levar a economia a uma desaceleração', disse à BBC Brasil por e-mail, de Hong Kong, Amit Rajpal, gerente de portfólio do fundo de investimentos Marshall Wace.
Em um artigo publicado nesta semana pelo diário econômico Financial Times, Rajpal e Paul Marhsall, diretor de investimentos do Marshall Wace, alertam para o risco de uma crise no setor de crédito no Brasil, citando um aumento dos gastos proporcionais das famílias brasileiras com o pagamento de suas dívidas e a perspectiva de aumento dessa proporção por conta dos juros em alta.
'O peso no fluxo de caixa (das famílias) é astronômico e está crescendo', escreveram.
O artigo de Rajpal e Marshall é o último de uma série que vem aparecendo nas últimas semanas em diferentes veículos especializados para alertar sobre riscos enfrentados no Brasil.
Distorções
Em um relatório publicado na semana passada, a Capital Economics faz um alerta sobre as perspectivas negativas da indústria no Brasil, apesar do crescimento na produção registrado em maio, e sobre a contínua valorização do real, que 'está distorcendo a economia brasileira'.
A consultoria britânica mantém suas previsões positivas sobre a economia do país no curto prazo, mas advertiu em um relatório anterior sobre 'um crescente risco de que a economia superaqueça ou que bolhas comecem a inflar'.
Para a Capital Economics, a vulnerabilidade da economia brasileira advém de dois fatores: a força do fluxo de capitais para o país e o aumento rápido do crédito para o consumo interno.
A consultoria avalia que o excesso de divisas nos países com grandes superávits em conta corrente, como a China ou a Alemanha, vai se manter, o que significa que os fluxos de capital para as economias emergentes, como o Brasil, também se manterão altos, já que o capital excedente nesses países buscará investimentos com taxas de retorno maior, por conta das altas taxas de juros.
O relatório adverte que isso é um problema, porque essa entrada de divisas está sendo usada para estimular o consumo interno, com o aumento do crédito, em vez de gerar investimentos em capacidade produtiva, aumentando as pressões inflacionárias.
A consultoria avalia que, apesar das ações pontuais do governo para tentar controlar os problemas apontados, 'os desafios podem finalmente se provar grandes demais'.
Para o analista Neil Shearing, essas eventuais bolhas devem estourar até 2012, mas não a ponto de levar a uma recessão.
'Nossa previsão para 2012 é de um crescimento de 2% a 3%, que poderia ser considerado fantástico para as economias desenvolvidas, mas não para o Brasil, que precisa de um crescimento de pelo menos 3% a 4% para poder compensar o aumento populacional e gerar empregos', observa.