Fala Produtor - Mensagem

  • Alexandre Lopes Kireeff Londrina - PR 07/03/2008 00:00

    Vamos rastrear nossos bois.

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    Quando há alguns anos identificaram o "Mal da Vaca Louca" no Velho Mundo, rapidamente as autoridades européias perceberam a necessidade de se adquirir carnes de fornecedores externos.

    Naquela ocasião, o Brasil, único fornecedor apto a atender rapidamente as necessidades européias, emergiu como a alternativa natural para o abastecimento daquela demanda. Foi sob a influência daquelas importantes questões sanitárias que importadores europeus, exportadores brasileiros e autoridades de ambos os lados criaram um produto que, infelizmente, não existe nas condições e nas quantidades pretendidas: o boi rastreado e certificado.

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    Este boi, com carteira de identidade e brincos, ideal para ser monitorado por todo o caminho percorrido desde o dia em que nasce em alguma fazenda brasileira até a gôndola dos supermercados europeus, foi concebido em salas de reuniões e não no ventre de uma vaca, nas pastagens brasileiras, onde todo bezerro sadio de fato deve originar-se. O que empresários, burocratas e até mesmo representantes de entidades de classe combinaram à época é até muito interessante, mas, sinceramente, antes de iniciarem as ações de venda e compra da carne de nossos bois, deveriam ter combinado como tudo isso funcionaria conosco, pecuaristas brasileiros.

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    No início, o rastreamento de nosso plantel foi definido como obrigatório, transformando uma ferramenta óbvia de agregação de valor em um simples novo componente de nossos custos de produção. Daquela forma, o rastreamento, que deveria propiciar benefícios a toda cadeia da carne bovina, gerou benefícios exclusivamente à indústria frigorífica e é exatamente por isso que em determinado momento precisou ser modificado.

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    Atualmente, a adesão voluntária ao processo cria as condições necessárias para que o rastreamento seja um elemento de agregação de valor. Entretanto, considerando a importância das informações constantes em um banco de dados da pecuária brasileira e também os prejuízos que seu mau gerenciamento possa causar aos pecuaristas, parece-nos adequado que o Sisbov, como é chamado o referido banco de dados, seja gerenciado pelos próprios produtores. O próprio Ministério da Agricultura já manifestou-se neste sentido, até porque associações como a Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ), que já gerenciam bancos de dados de bovinos extremamente volumosos e sofisticados, com certeza estariam aptas a assumir tal responsabilidade. A Sociedade Rural do Paraná, através de seu serviço de registro genealógico e sua parceria com a ABCZ está capacitada a gerenciar qualquer banco de dados referente à rastreabilidade bovina paranaense.

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    Ocuparmos nossos espaços na cadeia da carne bovina brasileira, não apenas com discursos e críticas, é fundamental. Mais do que isso, está na hora de assumirmos responsabilidades operacionais que de fato nos cabem e que deveriam nos pertencer por direito, deixando a tutela oficial de lado, correndo riscos, usufruindo de benefícios, gerenciando na íntegra nosso próprio negócio.

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