Fala Produtor - Mensagem

  • Telmo Heinen Formosa - GO 11/01/2007 23:00

    N&atilde;o acredito que este homem &ldquo;importante&rdquo; tenha este pensamento... &ldquo;e uma demanda crescente por &aacute;lcool est&atilde;o deslocando a produ&ccedil;&atilde;o de soja e trigo e tornando a ind&uacute;stria de frango um setor amea&ccedil;ado de extin&ccedil;&atilde;o&rdquo; e em outra passagem: Mas este cen&aacute;rio, se confirmado, trar&aacute; para n&oacute;s dois problemas s&eacute;rios: o primeiro ser&aacute; um aumento significativo no pre&ccedil;o dos alimentos...<br /> <br />Gente do C&eacute;u quanto mais oleaginosas forem produzidas para extrair &oacute;leo para fazer biodiesel, mas farelo sobrar&aacute;...<br />Enquanto tem uns que nem eu, pensando que soja baixar&aacute; de pre&ccedil;o por conta do excesso de farelo no mundo, tem outras pessoas pensando que vai faltar comida...<br /> <br /><span style="font-weight: bold;">A doen&ccedil;a brasileira</span><br /> Dentro de dez anos alguns textos sobre economia tratar&atilde;o de um fen&ocirc;meno que ser&aacute; conhecido como a doen&ccedil;a brasileira. Ser&aacute; uma revis&atilde;o do que hoje se conhece como a doen&ccedil;a holandesa. Mas esta nova vers&atilde;o ser&aacute; considerada muito mais complexa do que a que ocorreu na segunda metade do s&eacute;culo vinte na pequena e rica Holanda. Mas a sua origem ser&aacute; a mesma: a desindustrializa&ccedil;&atilde;o por efeito de uma taxa de c&acirc;mbio determinada pelo excedente de exporta&ccedil;&otilde;es no setor de commodities e, incompat&iacute;vel, com as condi&ccedil;&otilde;es de competitividade de partes importantes da ind&uacute;stria manufatureira mais sofisticada.<br /> Este problema &eacute; agravado pela impossibilidade do Brasil passar a ser uma economia de servi&ccedil;os, o que alguns apontam como uma sa&iacute;da, j&aacute; que esta transi&ccedil;&atilde;o s&oacute; poderia ocorrer saudavelmente ap&oacute;s a integra&ccedil;&atilde;o de amplas parcelas da popula&ccedil;&atilde;o brasileira que ainda est&atilde;o exclu&iacute;das da economia de mercado moderna. A China est&aacute; integrando seu contingente populacional, o Brasil n&atilde;o. Mas este assunto fica para uma outra coluna.<br /> Posso ver hoje algumas das conseq&uuml;&ecirc;ncias desta incipiente &ldquo;doen&ccedil;a brasileira&rdquo;, apesar do tempo longo que nos separa ainda do long&iacute;nquo ano de 2017. A Embraer n&atilde;o mais produzir&aacute; avi&otilde;es no Brasil, com a perda de mais de 20.000 empregos qualificados; nossa ind&uacute;stria automobil&iacute;stica vai reduzir o valor agregado de sua produ&ccedil;&atilde;o local, transformando-se em mera montadora alimentada por importa&ccedil;&otilde;es; n&atilde;o mais teremos f&aacute;bricas de sapatos, de produtos t&ecirc;xteis e eletr&ocirc;nicos. Em raz&atilde;o disto os empregos migrar&atilde;o para o interior, os sal&aacute;rios ser&atilde;o mais baixos e a m&atilde;o de obra ter&aacute; menor qualifica&ccedil;&atilde;o.<br /> J&aacute; assistimos hoje o in&iacute;cio deste fen&ocirc;meno, mas as mudan&ccedil;as v&atilde;o se acelerar de forma dram&aacute;tica nos pr&oacute;ximos anos. A necessidade de se produzir combust&iacute;veis limpos a partir da agricultura ser&aacute; o eixo principal destas transforma&ccedil;&otilde;es. E o Brasil, fora do continente africano, &eacute; a &uacute;nica grande economia com uma &aacute;rea agricultur&aacute;vel para responder por esta nova demanda. Neste movimento, que hoje parece irrevers&iacute;vel ao analista cuidadoso, nosso saldo comercial vai crescer de forma expressiva, aumentando a sobra de d&oacute;lares que j&aacute; existe nos mercados de c&acirc;mbio. O real vai se fortalecer ainda mais e tornar ineficiente a pol&iacute;tica do Banco Central de defender a taxa de c&acirc;mbio via aumento de nossas reservas cambiais.<br /> O ponto central desta previs&atilde;o &eacute; a certeza que tenho hoje de que a quest&atilde;o do aquecimento global ser&aacute; enfrentada de forma vigorosa nos pr&oacute;ximos anos. No momento em que escrevo esta coluna a imprensa nos informa que o presidente Bush vai tratar da quest&atilde;o dos combust&iacute;veis limpos em seu discurso anual no Congresso americano. Se isto acontecer ser&aacute; uma mudan&ccedil;a significativa na posi&ccedil;&atilde;o do maior opositor a uma a&ccedil;&atilde;o coordenada dos pa&iacute;ses mais ricos no mundo nesta quest&atilde;o. Tony Blair, o primeiro ministro da Inglaterra, j&aacute; h&aacute; algum tempo comprou esta id&eacute;ia. Outras decis&otilde;es neste sentido j&aacute; est&atilde;o sendo tomadas, como a do governo japon&ecirc;s de adicionar 10% de etanol &agrave; gasolina vendida no pa&iacute;s nos pr&oacute;ximos tr&ecirc;s anos.<br /> Nos Estados Unidos, o pa&iacute;s que mais consome gasolina no mundo, a utiliza&ccedil;&atilde;o crescente do &aacute;lcool de milho j&aacute; est&aacute; provocando modifica&ccedil;&otilde;es importantes na economia. O crescimento da &aacute;rea plantada deste produto e o aumento de seu pre&ccedil;o por conta de uma demanda crescente por &aacute;lcool est&atilde;o deslocando a produ&ccedil;&atilde;o de soja e trigo e tornando a ind&uacute;stria de frango um setor amea&ccedil;ado de extin&ccedil;&atilde;o. Nos dois casos o Brasil sair&aacute; ganhando na medida em que esta tend&ecirc;ncia se consolidar. Da&iacute; a import&acirc;ncia, para n&oacute;s, do discurso de Bush.<br /> No Brasil, segundo dados coletados pela MB Consultores Associados, temos uma disponibilidade de mais de cem milh&otilde;es de hectares para a produ&ccedil;&atilde;o de cana ou de soja. Nenhum outro pa&iacute;s, com agricultura competente e capacidade t&eacute;cnica para produzir com efici&ecirc;ncia, tem esta margem para crescer sua produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola. Se este movimento, que j&aacute; vemos hoje, continuar poderemos agregar em alguns anos v&aacute;rias dezenas de bilh&otilde;es de d&oacute;lares de exporta&ccedil;&otilde;es, a partir da agricultura, em nossa balan&ccedil;a comercial com o exterior.<br /> Mas este cen&aacute;rio, se confirmado, trar&aacute; para n&oacute;s dois problemas s&eacute;rios: o primeiro ser&aacute; um aumento significativo no pre&ccedil;o dos alimentos; o segundo, uma valoriza&ccedil;&atilde;o perene do real e uma press&atilde;o ainda maior sobre a competitividade de nossa ind&uacute;stria.

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