Fala Produtor - Mensagem

  • R L Guerrero Maringá - PR 02/11/2015 23:31

    Uma vez, nosso agrônomo (para enfatizar a importância das condições adequadas de humidade e temperatura para a aplicação de defensivos), veio na nossa sede e colocou o termohigrômetro no sol, no meio do pátio.

    Então, foi necessário lembrar que um termohigrômetro é um instrumento que mede a temperatura e umidade do ar a sombra, e não a intensidade de radiação solar, e que se fossemos radicais demais nos parâmetros nós acabaríamos não fazendo pulverização nenhuma e perderíamos a lavoura para as pragas.

    Desde então eu enfatizo que o termohigrômetro tem que estar na situação mais próxima possível da lavoura. De preferência no meio das linhas de soja, para que, nem se perca o defensivo por falta de condições adequadas, nem se percam as escassas janelas de tempo com condições adequadas para a pulverização, já que ambos os extremos igualmente prejudicam a melhor pulverização que podemos obter a nível de campo.

    Nem tão lá, nem tão cá, diria meu avô.

    Quando o Dr. Tadashi declarou:

    "Para que esse teste seja realmente aceitável, é necessário que os testes dos fungicidas sejam feitos em condições extremas de ferrugem que o agricultor sofre no campo. Sem isso, é muito relativo. Um baixo nível de ocorrência de ferrugem em que muitas vezes os testes e os experimentos são realizados, consequência climática da safra, né, não abona uma informação contundente a respeito da perda ou não de eficácia. É necessário testar em condições severas de ferrugem e eu sei que no Rio Grande do Sul não é muito frequente ter condições para isso por que nós temos tido muitas safras com baixas precipitações no período de verão." (grifo meu)

    Imediatamente acendeu uma luz de alerta quanto ao realismo das metodologias usadas nestas pesquisas.

    As perguntas a serem respondidas agora são:

    1. A perda de eficiência dos fungicidas é um risco a nível de condições comuns e típicas, de campo, ou é uma possibilidade aventada para condições extremas?

    2. Qual a probabilidade efetiva destas condições extremas ocorrerem em larga escala a nível de campo?

    3. Qual continua sendo a efetividade real dos fungicidas atuais nas condições típicas de campo?

    4. Se por hipótese realmente venham a ocorrer, quais os danos esperados?

    5. Qual é o prejuízo maior: matarmos no berço a opção do soja de segunda safra como lavoura comercial ou arcarmos com o risco dessas condições extremas previstas num nível acadêmico realmente ocorrerem?

    6. O quanto isto corrobora para que novas e caríssimas moléculas apareçam no mercado? Afinal, é do monopólio da patente que uma empresa de química fina faz seus lucros.

    Enfim, a metodologia dos testes é pragmática ou puramente acadêmica?

    Somando ao fato de o Dr. Tadashi minimizar o fato de que, além do kudzo que ninguém viu, existem referências sérias a múltiplos outros e bem presentes "major hosts" (hospedeiros primários, numa tradução livre), me faz sugerir com ênfase que nós precisamos de uma segunda opinião a respeito vinda de pesquisadores neutros na questão da proibição do soja safrinha. De preferência, pesquisadores estrangeiros com outras formas de verem a coisa toda, que possam emitir de forma embasada uma segunda avaliação das pesquisas sobre a perda de eficiência dos fungicidas.

    Quanto à questão dos vários hospedeiros, seguem os links:

    http://www.invasivespeciesinfo.gov/microbes/soybeanrust.shtml

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/40019

    ? Kudzu:

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/45903

    Major hosts (hospedeiros primários):

    ? Soja:

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/25400

    ? Feijão comum:

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/40626

    ? Feijão Guandu:

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/10794

    Minor hosts (hospedeiros secundários):

    ? Erythrina subumbrans:

    (Importante por que prova que um gênero de árvores nativas de nossas matas está sendo hospedeiro.)

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/22032

    ? Mucuna:

    http://www.cabi.org/isc/datasheet/35129

    Obviamente, a lista está incompleta. Tem uma vasta disponibilidade de publicações em inglês a respeito. Quem domine a língua, por favor, se junte e vamos destrinchar esse assunto.

    E não deixa de ser um bom tema para nossos alunos que pretendem fazer pós-graduação e doutorado.

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Caro Guerrero,

      Tive a oportunidade de presenciar uma palestra com um fitopatologista da Embrapa, que discorria sobre a perda de eficiência dos fungicidas. Ele mostrou um gráfico, com a eficiência dos fungicidas ao longo do tempo. Notei que em dois anos, a eficiência dos triazóis(tebuconazole) foi igaul ao das misturas (opera e priori xtra). Perguntei se , na época, isso não indicaria uma melhora na eficiência dos triazóis. Ele disse que não, que tal resultado foi muito provavelmente, devido a fatores climáticos. Perguntei então, se a tal propalada queda na eficiência nagora também não seria causada por uma ocorrência climática. Ele respondeu que não. Ué ! Mas se antes foi clima , por que agora também não poderia ser? Já sei aresposta que vão dar. Fizeram DNA dos fungos e os de agora são resistentes.

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    • Celso de Almeida Gaudencio Londrina - PR

      Marcelo sem ser especialista no assunto, será que esta aparecendo novas raças fisiológicas da ferrugem na soja, devido à recombinação gênica, caso esteja ocorrendo à hipótese levantada de DNA esta correta.

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    • Luiz Antonio Lorenzoni Campo Novo do Parecis - MT

      Esta questão tem que ser melhor debatida e com a participação dos produtores. Aqui no MT, a proibição partiu da Comissão de defesa vegetal do MAPA, composta por alguns fitopatologistas, os quais denominei "deuses do olimpo", pois, doze pessoas decidiram, o governo do estado aceitou e o Indea normatizou. Para deleite da Aprosmat. Na época (2013/14) fiz vários comentários contrário ao posicionamento da Comissão na página pessoal de um membro...kkkkk foi uma Guerra só. Um dos comentários, antes da Norma, reproduzo.

      Proibir o plantio de "soja safrinha" é a mais fácil e cômoda posição e penso que esta sim logo ali na frente a mais perversa para toda a cadeia do agronegócio. Diria, sabe-se como começa a proibição, não se sabe como termina. Hoje proibiríamos o plantio da soja safrinha, amanhã do algodão? Do milho? Ou do girassol? A proibição da "soja safrinha" seria apenas de soja sobre soja, ou de soja sobre arroz ou milho? Neste caso, qual o "argumento técnico"? Tudo indica que a "ideia luminosa" será proibir o plantio de soja após dezembro e/ou antecipar o vazio sanitário. Em minha opinião as duas hipóteses são autoritárias, de pouca eficácia e tecnicamente duvidosas. Senão vejamos: como produtores podem plantar arroz ou milho superprecoce, colher em dezembro e plantar soja, tecnicamente isso é possível, mas com a proibição de plantio em dezembro essa possibilidade deixa de existir. Antecipando-se o vazio sanitário, imaginemos de 15/06 para 15/05, mas não se proibindo o plantio após dezembro, há a possibilidade de plantio de soja até início de janeiro e colher antes de 15/05. Solução: antecipar ainda mais o início do vazio sanitário. Tudo indica que os "deuses do olimpo" proporão proibir o plantio de soja após dezembro e antecipar o vazio sanitário. Mas isso repercutirá em toda as culturas de safrinha. Tecnicamente, recomenda-se controlar as plantas daninhas ou tigueras quando estas causem um dano igual ou maior ao seu custo de controle, exceto em caso de medida fitossanitária (que seria o caso). Assim, aumentaríamos imediatamente o custo de todas as culturas cultivadas em resteva de soja. Como os controles dificilmente atingem eficiência de 100%, o produtor passaria a ter alto risco de multa ou destruição de cultivos o que acarretaria sérios prejuízos ao produtor, a cadeia do agronegócio e ao Estado. A ocorrência da ferrugem tem mais de 10 anos, é obvio que as moléculas apresentem resistência, ou melhor, tenham selecionados indivíduos resistentes, mas estas mesmas moléculas muitas vezes são usadas nas culturas de safrinha de algodão, milho, girassol e feijão com plantas tigueras de soja, a indução continuará. Com estes argumentos, em breve, com o intuito de "salvar a soja" estaremos proibindo todas as safrinhas em resteva de soja. Em outras palavras, para "salvar a soja" matamos os produtores. Não existe solução simples, para problemas complexos. E na minha opinião, a proibição é a medida mais simples.

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Lorenzoni...no MT permeia um xerox do ex governador...do pagoto...e do raposão..aquele que não aceitou ser ministro...mas manda prender..manda soltar..e ainda voces tem aí o DOUTOR GUERRA aquele do MAPA....toridade máxima...que joga tudo no lombo do produtor mas quando precisa se impor dentro do MAPA e com DNIT vira um cordeiro e reclama..chora...e não sabe resolver e ainda mais joga o ÔNUS ao produtor..estes caras se acham a rainha da Inglaterra...no jornal da BAND hoje o Boechat definiu bem o perfil destes tipos de funcionarios públicos...

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