Fala Produtor - Mensagem

  • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS 20/12/2015 17:55

    Realmente Amigos, desejo estar ERRADO! É certo que o mercado se ajustará a uma nova realidade de oferta e poderá elevar as cotações internacionais. Há que se considerar o impacto do estoque argentino não negociado em 2015, estimado em 17 milhões de toneladas. A questão apresentada é que a redução do potencial produtivo está se verificando não só no Mato Grosso, mas também no resto do País. Os contratos fixados deverão ser cumpridos e quem tiver um nível de comprometimento muito elevado da sua produção com entregas pactuadas, terá certamente problemas graves para recomprar o grão, se as cotações em Chicago e o cambio subirem. A essência do problema setorial remete a uma análise mais profunda sobre como as decisões são tomadas a nível individual e como estão organizadas as entidades para enfrentar situações do gênero. O setor produtivo brasileiro não construiu uma estratégia de longo prazo com mitigadores de risco climáticos, de mercado, etc. Nesse aspecto, seguimos com a postura paternalista de quem clama pela ajuda do Estado, do Judiciário e até dos Santos para resolver questões que fazem parte da natureza da atividade. Alguns dos Bancos mais sólidos do Mundo foram constituídos por Agricultores e são administrados por profissionais fiscalizados por Conselhos escolhidos por Agricultores. É uma vergonha para o Setor que as nossas entidades representativas não tenham se unido em torno de um Projeto para constituição de um Seguro Climático que leve em conta as peculiaridades regionais, de uma Bolsa de Mercadorias localizada aqui, de um Banco dedicado exclusivamente as questões do Agro. Na síntese, a esmagadora maioria segue na ignorância, gosta de ser tutelada pelo Estado, tomam decisões por impulso ou por palpites de buteco, elegem quem lhes diz o que querem ouvir e acreditam que o ciclo de alta durará para sempre.

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Este estoque argentino já foi estimado pelo mercado, quando fizeram estimativas de produção. Se esta soja existe mesmo, e está guardada nos silos dos agricultores, porque não impactou no mercado? Se os agricultores estão segurando, esta soja não foi processada. Por que o desaparecimento de 17 mi de ton. não afeta os preços?

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      O novo presidente argentino, Macri, não retirou todas as retenciones sobre a soja e desvalorizou a moeda com força. Acho que os produtores argentinos estão com medo de vender, o cambio cair ainda mais e fazer com que percam dinheiro. A Argentina está tentando sair de uma economia de estimulos para uma economia de mercado, Macri também falou em aumentar a produção e exportação de farelos, talvez isso gere dúvidas sobre o que o governo pretende fazer.

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    • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

      O propalado estoque argentino pode ser um grande engodo, fabricado pelos próprios agricultores, afim de liberar as cotas de exportação. Ou seja, quanto maiores os estoques mais facilmente o governo liberaria as exportações. Além do mais, segundo informações do mercado, o agricultor argentino esta passando por dificuldades financeiras, admitir que mesmo assim tenha folego para permanecer estocado me parece um contra-senso.

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    • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

      Há alguns meses que escuto sobre o estoque argentino e lhes confesso que no início me pareceu algo realmente sem sentido, principalmente considerando a necessidade de gerar caixa que qualquer Produtor possui, ainda mais no caso deles agravado pela Política de Retenções. Trabalhei alguns anos na Argentina e tenho contato permanente com Amigos de lá. Há dois meses, estive numa reunião em Rosário onde se encontravam Produtores, Corretores, Exportadores e Fornecedores de Insumos. Escutei acerca desse estoque e questionei sobre a veracidade do mesmo. Foram categóricos. O estoque é real e corresponde a mais ou menos 30% do volume produzido. A explicação foi de que nos últimos meses com a forte oscilação do Peso Argentino em relação ao Dólar e do descasamento das cotações da Soja estabelecidos pelo Governo, formou-se um mercado "secundário" onde determinados negócios foram sendo firmados sem o controle do Governo. Alguns souberam aproveitar o enorme GAP formado entre o cambio oficial e o paralelo, gerando uma rentabilidade financeira bastante elevada em contraposição dos preços que declinaram em Chicago. Mesmo com a pequena redução das retenções da Soja de 35% para 30% comprometido pelo Governo Macri, a "legalização" de uma operação de cambio que era irregular, irá proporcionar um enorme fôlego aos produtores argentinos. O Governo está estimulando que vendam esse estoque para que se ingresse com as divisas correspondentes o mais rápido possível. Comparativamente, os produtores de lá se beneficiaram financeiramente da diferença cambial da mesma forma que os agricultores daqui conseguiram nesse ano, quando mesmo com cotações baixas em Chicago, obtiveram preços em Reais recordes. Me parece que essa analogia é de fácil entendimento por aqui. Levemos em conta que em 2006 quando se incrementou a taxação sobre a Soja na Argentina, a produção era de aproximadamente 40 milhões de toneladas. Mesmo com todos os descalabros produzidos no Governo Kirchner, em 2015 o volume produzido foi de 56 milhões de ton, houve enorme valorização das terras, impostos adicionais e conflitos com os produtores. Estas distorções econômicas, políticas e de mercado não quebraram totalmente o Agro argentino.

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