Fala Produtor - Mensagem

  • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS 12/09/2016 09:58

    Muito correto o comentário do Paulo Rensi. O meu Amigo Liones Severo define muito bem que a China por uma questão de viabilidade técnica e econômica terceiriza a produção de Soja com os Estados Unidos, Brasil e Argentina. Essa decisão tem a ver com o rendimento maior que outras culturas possibilitam em módulos de produção menores. Na China 1 módulo base é chamado de \"MU\". Cada Mu equivale a 600m2 ou seja corresponde a 0,06 hectare. Na média, os produtores chineses das Províncias do Norte (Jilin, Liaoning e Heilongjiang) possuem de 2-3 mu. Isso pode dar uma idéia do baixo rendimento econômico dessas famílias. A produtividade média fica em torno de 20 a 25 sacos/ha. Nessas áreas se cultiva basicamente a Soja Não-Transgênica voltada para a Alimentação Humana. O Governo Chinês está promovendo nos últimos 2-3 anos uma alteração no perfil da produção, fomentando a formação de unidades de maior escala e estão cogitando a adoção das sementes GMO em seguida (esse é um dos motivos da compra da Syngenta). O que temos de entender nesse processo todo é que a China se movimenta com um horizonte estratégico muito diferente do nosso. Eles passaram a ter relevância para a produção brasileira de Soja em 2004 e rapidamente influenciaram a abertura de milhões de hectares por aqui com a demanda crescente. Há mais ou menos 10 anos que os chineses estão investindo pesadamente em infraestrutura nos países da Africa Subsahariana, cujas áreas aptas para produção agrícola superam 400 milhões de hectares e são absolutamente semelhantes ao Cerrado Brasileiro. Tive a oportunidade de visitar vários desses países nos últimos anos e minha impressão é que os chineses estão se acostumando tanto com as culturas locais que não deverá demorar muito para que comecem a produzir Soja, Milho e inclusive Proteína Animal nesses Países. A China não tem Água, os Solos estão contaminados e existe enorme avanço das cidades sobre os campos, o Ar está bastante comprometido nas regiões do Centro-Norte e o Clima não favorece o cultivo em larga escala como nas zonas tropicais. Nesse contexto, acredito que o tabuleiro da produção mundial de Grãos tem grande chance de ser alterado nos próximos anos com a inserção do Continente Africano. Em termos de competitividade logística, para que tenham uma idéia, em termos comparativos com Paranaguá, o Porto de Lobito em Angola possui uma vantagem de 11 dias a menos de viagem para Shanghai e um calado que permite carregar navios de 80.000 ton. Nos países que tem a costa voltada para o Oceano Índico (Moçambique, Tanzania e Quenia), o tempo de viagem pode se reduzir para algo em torno de 12-15 dias. Para quem não sabe, o tempo médio de viagem da Soja Brasileira enviada para China é de 36 dias. Essa diferença somada a abundância de terras, água e solos adequados poderá fazer com que muitas áreas de cultivo no Brasil se tornem inviáveis, se o modelo de produção continuar sendo o mesmo. Temos que avançar rápido na agregação de valor no interior e em aproveitar o know-how que desenvolvemos em termos de manejo do Cerrado para migrar para a Africa. Lá se encontram as melhores oportunidades do Mundo no momento para quem tem Capital e conhecimento de como implantar uma Fazenda.

    luiz henrique weber - Mensagem:

    caro Eduardo, muito bem observado, o maior entrave atualmente nos países africanos é a instabilidade politica, como no Sudão do sul, onde grupos brasileiros já estão produzindo algodão irrigado pelas aguas do nilo, mas o fato de que a Africá tem milhões de hectares com grande aptidão para soja, milho, algodão etc. terras baratas (muitos paises em sistema de comodato) e mão de obra barata mas não qualificada. Não demora e nosso principal comprador de soja mudara de fornecedor, e aos brasileiros, o q fazer com 90 milhões de ton. de soja?

    : Eduardo Lima Porto responde:

    A grande questão me parece que é sabermos como nos posicionar diante de um cenário como esse que está longe de ser improvável. Há uma enorme desinformação por aqui sobre o que está acontecendo nessas regiões. Passei 3 meses em Angola esse ano trabalhando justamente num Projeto Agrícola muito interessante, o qual está pronto para iniciar, mas precisa que a situação macroeconômica do País retorne a normalidade. Desde 2014, Angola está enfrentando uma crise muito séria derivada da incompetência e da corrupção generalizada no Governo. Apesar das diferenças culturais, do fato de alguns Governos se instalarem e demorarem a sair pelas vias normais, há que se considerar que estes países estão evoluindo rapidamente em termos de infraestrutura e possuem um enorme contingente de pessoas (maior parte jovens) com necessidades de consumo, de melhoria das condições de vida, etc. Os preços dos alimentos por lá é absurdamente alto, mas deverá se equalizar na medida em que a oferta se torne mais regular, o que poderá levar ainda alguns anos, mas deverá ser solucionado. A oportunidade e o risco caminham juntos nesse caso. A oportunidade para nós brasileiros, me parece que está em melhorar nossos processos internos para poder competir e ao mesmo tempo expandir as atividades para estes locais, pois temos o conhecimento técnico que os chineses ainda não possuem sobre como trabalhar adequadamente esse tipo de solo. Temos no sangue o espírito desbravador que permitiu a abertura de grandes áreas no Centro-Oeste numa época em que não existiam estradas, telefonia celular e nem internet. Comparativamente, alguns lugares da Africa possuem melhores condições logísticas que o Brasil de hoje. O que indica que o sacrifício de trabalhar nessas regiões não é tão grande assim. O Risco está em continuarmos fazendo o que temos feito nos últimos anos, acreditando que somos os únicos no Mundo que sabemos de Agricultura e fundamentalmente em ficarmos esperando soluções por parte do Governo, de torcermos por alguma desgraça no território alheio ou de ficarmos a espera de alguma Ação Divina que nos mantenha o Status-quo em detrimento do resto da Humanidade. Essa história de que Deus é Brasileiro, me parece uma grande sacanagem e desrespeito com Ele.

    2
    • luiz henrique weber Santa Rita do Trivelato - MT

      caro Eduardo, muito bem observado, o maior entrave atualmente nos países africanos é a instabilidade politica, como no Sudão do sul, onde grupos brasileiros já estão produzindo algodão irrigado pelas aguas do nilo, mas o fato de que a Africá tem milhões de hectares com grande aptidão para soja, milho, algodão etc. terras baratas (muitos paises em sistema de comodato) e mão de obra barata mas não qualificada. Não demora e nosso principal comprador de soja mudara de fornecedor, e aos brasileiros, o q fazer com 90 milhões de ton. de soja?

      1
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Eduardo o seu texto e' muito esclarecedor, so' resta torcer para outras dificuldades africanas.------400 milhoes de hectares sao nove vezes a area plantada no Brasil com graos, considerando que na Africa tambem havera' segunda safra anual---Entao

      no horizonte aparece a sindrome da borracha----

      0
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Existeria a possibilidade de combater essa perspectiva atraves do cambio tornando viavel o cultivo brasileiro com preço menores em dolares ----nesta situaçao quem arcaria com os custos de combater o surgimento da agricultura africana seriam os

      Estados Unidos ----MAS INFELISMENTE QUEM COMANDA O BANCO CENTRAL DO BRASIL SAO OS BANQUEIROS E ELES SO' ATUAM PARA ELES PROPRIOS-----

      1
    • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

      A grande questão me parece que é sabermos como nos posicionar diante de um cenário como esse que está longe de ser improvável. Há uma enorme desinformação por aqui sobre o que está acontecendo nessas regiões. Passei 3 meses em Angola esse ano trabalhando justamente num Projeto Agrícola muito interessante, o qual está pronto para iniciar, mas precisa que a situação macroeconômica do País retorne a normalidade. Desde 2014, Angola está enfrentando uma crise muito séria derivada da incompetência e da corrupção generalizada no Governo. Apesar das diferenças culturais, do fato de alguns Governos se instalarem e demorarem a sair pelas vias normais, há que se considerar que estes países estão evoluindo rapidamente em termos de infraestrutura e possuem um enorme contingente de pessoas (maior parte jovens) com necessidades de consumo, de melhoria das condições de vida, etc. Os preços dos alimentos por lá é absurdamente alto, mas deverá se equalizar na medida em que a oferta se torne mais regular, o que poderá levar ainda alguns anos, mas deverá ser solucionado. A oportunidade e o risco caminham juntos nesse caso. A oportunidade para nós brasileiros, me parece que está em melhorar nossos processos internos para poder competir e ao mesmo tempo expandir as atividades para estes locais, pois temos o conhecimento técnico que os chineses ainda não possuem sobre como trabalhar adequadamente esse tipo de solo. Temos no sangue o espírito desbravador que permitiu a abertura de grandes áreas no Centro-Oeste numa época em que não existiam estradas, telefonia celular e nem internet. Comparativamente, alguns lugares da Africa possuem melhores condições logísticas que o Brasil de hoje. O que indica que o sacrifício de trabalhar nessas regiões não é tão grande assim. O Risco está em continuarmos fazendo o que temos feito nos últimos anos, acreditando que somos os únicos no Mundo que sabemos de Agricultura e fundamentalmente em ficarmos esperando soluções por parte do Governo, de torcermos por alguma desgraça no território alheio ou de ficarmos a espera de alguma Ação Divina que nos mantenha o Status-quo em detrimento do resto da Humanidade. Essa história de que Deus é Brasileiro, me parece uma grande sacanagem e desrespeito com Ele.

      0
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      BRAVO ! BRAVO !! BRAVO !!!

      Sr. Eduardo, dizem que as palavras têm muito peso. A literatura é o uso estético da linguagem escrita.

      Suas mensagens nesse espaço são as luzes que tem ajudado, em muito, os leitores a enxergar "caminhos retos" para obterem renda em sua atividade.

      Ouso afirmar que o último parágrafo da sua mensagem: "O Risco está em continuarmos fazendo o que temos feito nos últimos anos, acreditando que somos os únicos no Mundo que sabemos de Agricultura e fundamentalmente em ficarmos esperando soluções por parte do Governo, de torcermos por alguma desgraça no território alheio ou de ficarmos a espera de alguma Ação Divina que nos mantenha o Status-quo em detrimento do resto da Humanidade. Essa história de que Deus é Brasileiro, me parece uma grande sacanagem e desrespeito com Ele". É O PROGRAMA DE POLÍTICA AGRÍCOLA DOS PRÓXIMOS GOVERNOS !!!

      0
    • carlo meloni sao paulo - SP

      SR Paulo, sim as palavras tem muito peso, alegram, confortam, estimulam e as vezes ate' matam----Porem as mais tristes sao aquelas que esquecemos de dizer para um ente querido que ja' se foi ------

      0
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Onde lê-se: ... É O PROGRAMA DE ... Leia-se: ... DEVE SER O PROGRAMA...

      0