Fala Produtor - Mensagem

  • elcio sakai vianópolis - GO 25/04/2017 21:55

    Segundo a atitude de vários produtores rurais que sofrem de uma lavagem cerebral, sendo induzido todo ano a aumentar a sua produção ("para reduzir a fome do mundo), tornando o seu produto acessível pra vários países sem ter uma margem de retorno de seu trabalho, é louvável dizer a estes produtores, apesar de serem quase "santos", não conseguirão se manter no ramo durante muito tempo. A maior parte dos palestrante e formadores de opiniões do agro dizem que devemos dobrar as nossas produções nos próximos anos, devemos fazer mais investimentos -- já que é comprovado que há áreas que se produzem acima de 110 sacas de soja por hectare e mais de 400 sacas de milho por hectare (engraçado um seguro rural não cobrir estas quantidades).... Eu sinto até vergonha em dizer que só consigo ter metade destas produções nessas culturas, logo devo ser incompetente. Mas voltando ao assunto, tudo que produzimos o mundo consome, e muitos acham que temos a responsabilidade de abastecer o mundo, mas na minha opinião não temos! Somos escravos de informações que inflam a nossa auto-estima, e que nos induzem a sempre produzir mais e mais, não importando quantos caiam durante este caminho. Já faz 6 anos que estou produzindo na mesma área, optei por não aumentar, pois vejo que há uma força que quanto mais tento crescer, mais vem as dificuldades do nosso ramo, seja ele num aumento de juros no financiamento, uma bitributação (funrural), um custo mais alto, etc. Reflitam, isto está acontecendo em toda atividade agrícola e por mais que saibamos nadar, nada adianta se nadarmos e morrermos na beira da praia.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Existe um "processo" em curso no Brasil com relação a commodity que mais remunera o produtor: A SOJA !!!

      Alguém se lembra dos tempos áureos dos produtores de laranja do Estado de São Paulo? O que aconteceu? O GATO COMEU ???

      Voltando ao SOJA, vamos tentar construir outra linha de raciocínio, diferente da construída pela mídia.

      Há uma lei que proíbe a aquisição de terras por grupos ou pessoas de outra nacionalidade, mas não existe a proibição da titularidade de empresas que compram o soja dos produtores.

      Não devemos nos esquecer de que a compra do produto in natura e, que vai se encaminhado à exportação é um dos elos da cadeia do produto final.

      Algumas noticias vão para a "lixeira" dos smartphones e, também do nosso cérebro, mas vou relembrá-los: O grupo chinês Pengxin comprou 57% da Fiagril no Mato Grosso e, menos de um ano após dessa aquisição, no inicio desse ano comprou a Belagricola no Paraná. Saiu essa semana o pedido de recuperação judicial da Seara, uma empresa de comércio de grãos, também com sede no Paraná, em Sertanópolis.

      A pressão baixista no preço do soja vai causar um tsunami nesse elo da cadeia do soja e, coincidentemente existirão "compradores" internacionais dos ativos.

      Não será uma concentração de poder no maior mercado exportador de soja?

      Será que vai ser recompensador produzir soja daqui a dez anos em áreas inferiores a 1000 ha?

      Quando um elo da cadeia fica muito maior, ele força que os outros elos cresçam na mesma proporção.

      Ah! A citricultura paulista está na mão de poucos. Os pequenos "sobrevivem" das migalhas que o sistema coloca à disposição.

      QUEM VIVER VERÁ !!!

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    • João Biermann Tapera - RS

      Dois dos comentários mais lúcidos que já vi por aqui, é uma pena que poucos são os produtores que ao menos lêem este espaço, quanto mais participem.

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    • domingos de souza medeiros Dourados - MS

      Nada mais verdadeiras as consideracoes do colega Sakai. O aumento da producao a que somos instados a cada momento pelos pesquizadores, palestrantes e multincacionais que precisam vender mais produtos e por maiores precos. Ja ouvi de tecnicos da nossa querida Embrapa que o Brasil tem condicoes de sobra para dobrar a producao de graos para ate 400 milhoes de toneladas. Que desastre se isto vier a acontecer pois ai nossos produtos pouco valerao e muito menos pagarao nossos custos em produzi-los. E isto que chamamos comumente de "um tiro no pe". Conclamo os produtores e pessoas envolvidas no tal de "agronegocio" a dar suas opinioes para podermos continuarmos produzindo sem empobrecer nas proximas decadas, sem esquecer que os inimigos ocultos estao por todos os lados: fatores climaticos, cambio, impostos injustos (o funrural e um deles), juros elevados, falta de garantia (o Brasil e um dos poucos paises que nao tem seguro agricola que proteja contra as intemperies), interesses das multinacionais, e assim vai...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Vou engrossar a fila de ELOGIOS aos comentários do **caput**-----Ao senhor Sakai, lembro que existe diferença de pluviosidade entre as regiões brasileiras e eu atribuo a esse fator a diferença de produtividade mencionada pelo senhor--- Todavia sob o ponto de vista macro, não deve preocupar, pois essas áreas representam somente uma pequena parte do global.

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Não esqueçam que a empresa i.riedi aqui no oeste do Paraná também é dos chineses.

      A arapuca da produtividade e de alimentar o mundo pega muito desavisado. O uso intensivo das chamadas tecnologias somente beneficia os vendedores. Enquanto eles tem certeza de receber pelas vendas, nossas safras são dúvida.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Carlos, acompanho seus comentários e a cada dia me certifico que a cada palavra, cada linha dos seus escritos têm contribuído, e muito, com o espaço FALA PRODUTOR... OBRIGADO POR COMPARTILHAR SUA SABEDORIA COM OS LEITORES DO FALA PRODUTOR !!!

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