Fala Produtor - Mensagem

  • Roberto Cadore Cruz Alta - RS 11/09/2017 16:29

    Comparando as planilhas de custos de produção de soja da Universidade de Minnesota, e do IMEA, sugeridas pelo Sr. Rodrigo e Guilherme, pude observar que os custos operacionais nos EUA e no MT, coincidentemente, não diferem nos seus totais, mas são muito diferentes em seus componentes específicos. Os custos totais médios de 986 propriedades nos EUA foram de US$ 1.068,00/hectare, enquanto o IMEA calculou uma média de US$ 1.060.10 para o MT. Nos componentes específicos de custos o valor do arrendamento de terras nos EUA é bem maior do que no Brasil. As áreas de plantio mais valorizadas, as "ridge till", custam em média R$ 1.641,00/hectare. As médias de arrendamento de R$ 1.364,00/hectare nos EUA e R$ 419,58/hectare no MT são bem diferentes. Os custos com máquinas, que no MT são de R$ 96,69/hectare, chegam a incríveis R$ 631,00 nos EUA. Outros componentes importantes como defensivos e fertilizantes tem custos menores nos EUA. Enquanto nos EUA gasta-se US$ 93,60/hectare com defensivos, no MT US$ 211,90/hectare. Em fertilizantes nos EUA são US$ 56,00 (?) e no MT são US$ 202,00/hectare... Outra diferença marcante são os juros gastos. No Brasil, são cerca de 8,25%, contra 0,8% nos EUA, ou quase 10 vezes menos. Portanto, enquanto no Brasil gasta-se muito com insumos diretos, nos EUA os custos maiores são os atribuídos ao fator terra (land rent) e ao maquinário. Utilizando relatório do USDA de agosto, que aponta produtividade de 56 sacas/hectare e custos da planilha de Minnesota (2016), o resultado foi um custo de US$ 8,65/bushel para este ano safra, (excetuando-se os pagamentos do governo e o trabalho de gerência). No MT, os custos chegam a US$ 9,24/bushel para uma produtividade de 52 sacas/hectare conforme estimado pelo IMEA. Daí surge a difícil tarefa; o agricultor brasileiro precisa ser mais eficiente do que o americano, e precisa aumentar a sua produtividade, e não pode mais aumentar seus custos. *(US$/R$3,21)

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Nesta exposição, lembrei o comentário do sr DALZIR que justificava a safrinha para reduzir o custo fixo do arrendamento da terra. Se o preço de referencia e' o preço pago no porto então nesta analise precisaria se considerar o custo do transporte... E tem mais uma variante, porto por porto e' mais conveniente carregar nos portos americanos do pacifico.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Cadore, eu sei que no RGS os custos são menores, mas existem dois detalhes que devem ser observados nessa comparação, o pró-labore americano é muito alto (astronomico, segundo o Guilherme) e também o seguro de renda, que é muito diferente dos seguros agricolas do Brasil. Tem também essa questão do maquinário onde a aquisição de máquinas lá não é mais cara que no Brasil, eles apenas usam um fator de depreciação maior. Sob todos os Eles são um país capitalista e, nós, um país socialista.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Complemento..., Sob todos os pontos de vista, o setor agropecuario americano está melhor que o brasileiro.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Perfeitamente Rodrigo, as planilhas servem para irmos nos aprofundando, porem para traçar comparações exatas, precisaríamos aplicar a mesma metodologia, que em alguns pontos precisa ser tratada com proporcionalidade como é o caso de pro labore e folha de pagamento aqui e nos EUA e outras analisadas exatamente pelos mesmo parâmetros.

      Tem muito coisa que olhando simplesmente para grupos de componentes de custo podem no levar a acreditar que temos um custo mais baixo que lá. Vou elencar alguns itens a seguir.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Primeiro vamos a questão depreciação, precisa ver como os americanos estao formando esse custo de maquinário para traçar um paralelo conosco, por exemplo, estava ouvindo um programa de radio sobre isso nos EUA, e tem produtor trocando de colheitadeira a cada 3 anos por la. Isso pode indicar um custo médio de maquina maior por ha, mas não serve para afirmar que temos melhor custo com maquinas aqui, apenas que temos que levar nossas maquinas ao limite máximo operacional e de tempo de uso para poder fazer com que ela se pague. Tinha um trabalho em português falando sobre o tempo de vida media de tratores aqui e lá, aqui se não me falha a memória eram 15 anos a idade media da frota, la 4 anos...

      Isso evidencia um ponto, que para podermos falar com propriedade e traçar paralelos, precisamos conhecer a fundo.

      Outra coisa é a questão do juros, o colega Roberto Cadore tocou em um ponto importante, a taxa de juros tem diversa brutal., 10, 15 vezes mais alta aqui nominalmente...

      Mas estamos falando ainda só de juros nominais, aqui quando vamos fazer um custeio por exemplo, pagamos 8 ou 9% de juros ao ano, mais a IOF que nao me lembro exatamente a porcentagem, mais chega a quase 0,5%, o banco para liberar o financiamento exige um monte de coisas que custam e nao tem retorno nenhum ao produtor, depois debitam taxa disso e daquilo, obrigam a fazer seguros que não asseguram nada, etc etc etc... Portanto, se formos ver o spread real entre o quanto captamos via custeio e o quanto pagamos no final incluindo todos esses itens tranquilamente esta passando de 25% ao ano.

      Ai temos juros 25 vezes mais altos que dos EUA.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      quanto as maquinas e a manutenção delas não é difícil de ver que há alguma coisa discrepante na comparação. Basta ver quanto custa a mesma maquina aqui e la, quanto custam as peças de reposição aqui e lá? duvido alguém achar algo igual aqui mais barato que lá, portanto o custo do item é sempre menor.

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