Fala Produtor - Mensagem
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Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR 20/04/2018 07:37
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Caro Sr. Rensi, até onde eu sei, os chineses não se interessam em comprar terras em outros países porque seguem a reciprocidade de não permitir que estrangeiros adquiram terras na China. Ouvi alguma vezes a menção que comprar terras em outros países é o mesmo que ter filho em uma barriga de aluguel, isto é, você nunca terá certeza que o filho de fato lhe pertence. Entretanto, nada os impede de participar de um determinado mercado por aquisições de empresas, considerando que as multinacionais que você mencionou, também possuem industrias de soja e empresas de fertilizantes e agroquímicos na China. Faz todo o sentido as empresas chinesas participarem do mercado agrícola brasileiro porque, em sendo o maior importador mundial de soja e outros grãos, não poderiam deixar que esse segmento continuasse sendo completamente dominado pelos americanos e japoneses. Afinal, faz parte da estratégia da segurança de suprimento e alimentar. A China produz 680,0 MMT de grãos e oleaginosas, e ainda importa 120,0 MMT de diversos grãos, tudo destinado ao seu consumo interno. Isto tudo sem considerar as importações de produtos acabados como, pescados, carnes e lácteos, onde a Danone, Nestlé, Unilever, etc. tem grandes destaques. É certo que os chineses fizeram fortes inversões na geração e transmissão de energia, não apenas no Brasil mas em quase todos os países da América latina, entre outros. O sistema de produção de proteína animal através do sistema brasileira de integração ganhou grande expansão, mas ainda está distante da qualidade de acabamento nos produtos finais. Como essa cadeia está muito voltada para o mercado internacional ainda precisa de muitos melhoramentos. Não podemos impor a outros países as nossas deficiências, por isso estamos passando por uma fase temerária com relação a aceitação de nossos produtos por outros países, porque são os importadores que decidem se querem, como e o que importar. Vejo muitas interpretações mal versadas sobre esse tema. Não sei se respondi a sua pergunta ! - abraços
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carlo meloni
sao paulo - SP
Me parece que o senhor Rensi acha auspicioso que os chineses possam comprar terras no Brasil... Ja' o sr Liones Severo considera que eles nao tem interesse em entrar nesse segmento... Eu acho que quanto mais a agricultura brasileira pertencer aos brasileiros , melhor será... Ja' temos muitas multinacionais sugando a renda do agricultor... Sao maquinas, defensivos, sementes, adubos, todos levando polpudos lucros... Eu acho que o Brasil deixa escorregar as oportunidades para os outros. Foi assim na borracha e, agora, é no cafe'...
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. Carlo, desculpe a minha (falta de) competência literária... Na realidade, não sou a favor nem contra que pessoas cuja cegonha o depositou em berço longínquo, seja impedido de fixar seu capital em terras de além mar..., mas vamos ao busílis.
A riqueza natural do Brasil é devido à sua condição geográfica no planeta terra. Os solos foram "gestados" por condições climáticas diferentes dos outros continentes. Isso é devido à continentalidade e outros macro efeitos do clima. Nosso regime pluviométrico, também é regido por influencia dos oceanos, principalmente do Pacifico, que é o maior deles. Enfim, falta o capital humano, que trabalhando em todos os elos da cadeia do AGRO, vai produzir a riqueza primária; secundária e afins, estas com certeza com valores agregados.
O que precisamos são mecanismos que incentive quem produz, com o "caminho livre" dos chamados "leitões deitados", aqueles que se fingem dessas figuras para só "MAMAREM DEITADOS" !!! ...Com certeza serão excluídos da atividade, pois essa classe não tem capacidade & mérito em qualquer atividade da economia. Veja esses campeões nacionais, as empreitas amigas do poder, ... O ESTRAGO QUE FIZERAM AO PAÍS !!!
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Quanto as duas commodities que o Sr. citou acima, felizmente fui um operário nessas duas atividades.
Tenho a percepção que:
Quanto a Hevea brasiliensis, Henri Ford em sua época, veio na Amazônia instalar um mega empreendimento, para o cultivo e a extração do látex. O objetivo do "seu" Ford era garantir o fornecimento da matéria prima para o fabrico dos pneus para seu automóveis. Ainda hoje, encontra-se o esqueleto das construções da sua cidade chamada "Fordlandia" em plena selva amazônica.
Após, vieram governos que criaram a SUDHEVEA, essa instituição ficou na ativa até o governo do Collor. Nessa época, este escrevinhador era um operário na atividade. Lembro-me que o cernambi era cotado a US$ 1,00/Kg. Após a extinção da SUDEHEVEA, no dia seguinte passou a US$ 0,30/Kg.. Imagine você pego do primeiro para o segundo de produção, com uma produtividade baixa, pois as árvores estão no inicio da produção. Lembro-me que para sangrar a árvore contratei empreiteiros pagando 60% da produção, com um detalhe, os empreiteiros levavam uma vida miserável. Como você acha que era a perspectiva para o dono do seringal?
Quanto ao café: Após a grande geada de 1975, o maior produtor, o Paraná, começou a ocorrer o êxodo dos produtores para outras culturas como o algodão. As regiões de latossolos do estado foram se transformando em grandes produtoras de grãos e fibras.
Com a aplicação de novas tecnologias, áreas do bioma cerrados, foram sendo incorporadas e, Minas Gerais, começou a se despontar como promissor de produtor de café. Na grande seca de 1983/1985 a saca de café chegou a US$ 250/sc e, o Plano Cruzado incentivou o boom da cafeicultura em solos do cerrado mineiro. No inicio do Cruzado o parque cafeeiro contava com 4,2 bilhões de pés de café, em 5 anos foi elevado para algo de 6 (SEIS) bilhões de pés de café, sendo a maioria implantado no cerrado de Minas Gerais.
O IBC mantinha o "preço paridade" de US$ 120/sc... Outra vez, entra o apocalíptico Collor...Extingui o IBC e, no dia seguinte a saca de café vale US$ 39/sc.
Recentemente uma multinacional protagonizou na mídia mundial, com um dos mais caros atores de Hollywood, uma campanha, durante quase um ano, condicionando nos telespectadores a vantagem de se usar a capsula de café.
Esse velho matuto viu aí a "morte" anunciada da commodity café. Nunca tomei a água que passa por essas capsulas, mas segundo consta, têm vários sabores, ou seja, a bebida do seu café foi pro ralo!!!
Ufa... contei muitas "estórias" ....
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carlo meloni
sao paulo - SP
Sr Rensi essa e' uma boa oportunidade para lhe dizer que aprendi muito com os seus comentários sobre o *minimo* na alimentação vegetal bem como filosoficamente--- Vou utilizar uma palavra de cunho recente BUONISTA que identifica a pessoa que aprova a imigração africana no continente europeu ---Então no comercio internacional nao existem BONISTAS todos procuram fazer seus próprios interesses pouco se lixando pela população dos outros países--
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carlo meloni
sao paulo - SP
Sr Rensi muito obrigado pela explicaçao
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Sr. Liones Severo, seus comentários nesse espaço demonstram o seu vasto conhecimento sobre o assunto China.
Desculpe-me, mas nas minhas parcas leituras, tenho visto que o Brasil proíbe aquisição de terras por estrangeiros e, outras medidas para tentar "proteger" interesses de uma elite companheira.
Sabe-se que os chineses têm fome, de tudo, pois a sua situação demográfica é faminta de recursos que lhes promovam o bem-estar.
No último leilão de concessões de geração e transmissão de energia elétrica realizado no Brasil, uma subsidiária da empresa "três gargantas" chinesa, foi a maior compradora, se não me falha a memória, com R$19 bilhões de investimento.
Empresas cerealistas, que agem como as traders Bunge, Cargill, estão sendo compradas pelas empresas chinesas. Ou seja, proibiu-se a produção das commodities, mas eles atuam num elo da cadeia, mantendo o seu papel de protagonista.
Sabe-se que na economia há duas maneiras de conquistar mercado. Comprando as empresas concorrentes ou, executando as operações intermediárias da cadeia de produção do produto final.
Será que o sistema de integração usado pelas empresas (BRF, Sadia) já é uma realidade na área de produção de grãos? Ou estamos caminhando para isso?