DA REDAÇÃO: STJ suspende demarcação de terras indígenas em Apiacás,mas preocupação dos produtores rurais continua

Publicado em 14/06/2012 10:45 e atualizado em 15/06/2012 10:30
Terras indígenas: STJ suspende demarcação de terras em Apiacás (MT), mas insegurança permanece entre produtores que compraram terras do Governo há 30 anos. Município poderá perder 25% de sua área. Frigoríficos locais fazem pacto com ONG's ambientalistas a fim de impedir a compra de produtos cultivados na região.
O STJ ontem suspendeu a demarcação de terras indígenas que estava marcada para o dia 22, em Apiacás. A insegurança por parte dos produtores, entretanto, continua, já que é uma decisão liminar. Hoje são 127 mil hectares demarcados, e com a nova demarcação essa quantidade aumenta para mais de 1 milhão. 

A demarcação indígena prejudica inúmeros produtores rurais, que vêem o risco de perda de suas terras, documentadas e compradas do Governo há mais de 30 anos. "O município de Apiacá perde 25% de seu território apenas com a criação da reserva.É um absurdo o que 
estão fazendo conosco", comenta Moisés Prado dos Santos, pecuarista da região.

De acordo com Moisés, a situação hoje é caótica para o produtor rural, já que não há segurança nenhuma nem para produzir nesse contexto.O pecuarista ainda conta que, para piorar a situação, alguns frigoríficos locais fizeram pactos com ONG's ambientalistas a fim de impedir a compra de produtos cultivados em território de demarcação indígena." Hoje não podemos vender gado gordo para abate no frigorífico,nós temos que vender o bezerro ou leite na cidade e ficar trabalhando para os outros", diz.

Está agendada para hoje uma audiência com o Ministro da Justiça, na tentativa de negociação. 

Revista Veja destaca problemas da ampliação de terras indígenas em MT
 
A revista Veja destacou na edição desta semana que a ampliação de áreas indígenas no Brasil não soluciona os problemas sociais e econômicos das tribos brasileiras. A reportagem, realizada em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, visitou terras demarcadas no início do século passado, novas aldeias e áreas invadidas no estado vizinho ao Mato Grosso e mostrou um cenário de contradições.

Destacamos o trabalho realizado pelo delegado coordenador do Núcleo de Tangará da Serra da Aprosoja, Vanderlei Reck Júnior, que foi fundamental para que a reportagem fosse viabilizada e, principalmente, em esclarecer quais são nossos posicionamentos a respeito do tema.

Embora a população de índios em áreas rurais não seja maior do que 502 mil pessoas, correspondendo 0,26% do total de brasileiros, os territórios indígenas demarcados representam 13,2% de todo o país. E a Funai estuda criar mais 141 áreas e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reivindica outras 323 novas áreas.

“Enquanto a Funai e o Cimi cuidam de interesses políticos, a vida das famílias nas aldeias se deteriora. Miséria, doenças e a dependência de álcool e drogas estão presentes tanto nas aldeias novas quanto nas antigas. Jaguapiru e Bororó, criadas em 1917, são praticamente bairros indígenas de Dourados, no Mato Grosso do Sul”, conforme trecho da reportagem.

Por outro lado, a revista destacou ainda casos de parceria entre índios e produtores rurais que têm dado certo. Como por exemplo a família de Arnaldo Zunizakaê e de outros 400 parecis da Terra Indígena Utiariti, em Campo Novo do Parecis (MT). Há oito anos eles viviam na penúria, contando apenas com pouca assistência do governo. Uma parceria com produtores rurais da região transformou suas vidas. Os fazendeiros forneceram máquinas e insumos para o plantio de soja e girassol. Hoje a renda da família Zunizakaê está em torno de R$ 12 mil por ano e Arnaldo comprou caminhonete, construiu casa para a mãe e pôs o filho em uma escola particular. 

“Infelizmente a Funai está colocando empecilhos para renovarmos a parceria com os produtores, sem a ajuda deles voltaremos a miséria”, reclama Zuinzakaê.
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Por:
Thaís Jorge e Ana Paula Pereira
Fonte:
Notícias Agrícolas

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