Arroz valorizou 15,82% em agosto e já acumula 2,2% de alta em setembro
Publicado em 06/09/2012 13:48
Leilões da Conab não conseguiram conter a trajetória de alta dos preços no Rio Grande do Sul. Expectativa é para o anúncio de mais um leilão de 50 mil toneladas para o dia 14 de setembro.
A oferta de arroz dos estoques públicos, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não afetou a trajetória de alta nos preços do cereal em casca no Rio Grande do Sul (acompanhado pelas principais praças brasileiras) em agosto. Segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&F/Bovespa, no mês passado esta matéria-prima valorizou 15,82%, fechando o mês, no último dia 31/08 (sexta-feira) com a saca de 50 quilos (58x10) colocada na indústria, cotada em R$ 35,50. O valor é 55% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Em dólar, pela cotação do dia, uma saca de arroz em casca no mercado gaúcho equivalia a US$ 17,49.
Nos três primeiros dias úteis de setembro, a valorização foi de 2,23%, e a saca já alcança preço de R$ 36,29, segundo o mesmo indicador. Pela cotação desta quarta-feira (5/9), a saca equivalia a US$ 17,80. A valorização do arroz está diretamente ligada à baixa oferta de matéria-prima no mercado gaúcho e catarinense, o fim de boa parte das reservas do Mato Grosso, que atualmente busca produto no Sul ou nas importações. Mesmo no Mercosul não há grande oferta de arroz. E a expectativa de uma safra menor em 2012/13, por conta do clima e do uso de soja em várzea no Rio Grande do Sul, bem como de um estoque mais ajustado do que o previsto inicialmente, pelo bom resultado das exportações e o fraco desempenho das internações do grão, sustentam a tendência momentânea de alta.
Na última semana correu entre os agentes de mercado a informação extraoficial de que a Conab tem na manga a estruturação de 10 leilões de 500 mil toneladas de arroz em casca para estancar a evolução dos preços ao produtor, que já começa a refletir significativamente nas gôndolas dos supermercados e nos indicadores que compõem a inflação. Com os olhos do governo voltados a esse fator, a expectativa é de que a Conab realize mais um leilão de pelo menos 50 mil toneladas na próxima semana. Os dois pregões realizados na sexta-feira da semana passada comercializaram 87% da oferta de 50,2 mil toneladas. Apesar de boa parte dos lotes ser proveniente de safras velhas, houve ágio.
Como o impacto “psicológico” para ampliar a oferta e frear a alta dos preços do arroz em casca com o anúncio dos leilões não funcionou, a tendência é de que o governo federal confirme novas ações de oferta de produto dos estoques públicos. Os volumes ainda são pequenos, considerando que o Rio Grande do Sul tem processado, em média, 650 mil toneladas de arroz por mês, com base no que indica a média mensal da Taxa CDO, do Irga. A oferta de 100 mil toneladas mensais, pela Conab, representaria apenas 15,4% do volume beneficiado por mês nas indústrias gaúchas. O volume até pode reter parcialmente a alta, mas até o momento não indica uma estagnação ou retração do mercado. O produtor segue ofertando pouco arroz, na expectativa de que, mesmo com uma ação mais enérgica do governo os preços parem de subir temporariamente, as cotações tendem a ser mais altas entre o final e a virada do ano.
No mercado livre gaúcho as cotações estão entre R$ 33,50 e R$ 35,00, dependendo da região, do padrão do cereal e das condições de pagamento. Após uma pressão inicial, a compra de arroz verde na Depressão Central e Litoral Norte por agentes do Mato Grosso, para entrega na safra (com preços variando entre R$ 30,00 e R$ 33,00) parou. No Litoral Norte, as variedades nobres (Irga 417 e BR Irga 409) são cotadas entre R$ 39,00 e R$ 41,00 (64x6), enquanto na Fronteira Oeste as cotações variam entre R$ 35,00 e R$ 37,00 por saca. Em Santa Catarina a média de preços evoluiu para R$ 30,00 a R$ 31,50 na maioria das praças, pelo arroz com 58% de inteiros. Analistas consultados por Planeta Arroz acreditam que a conjuntura de mercado assegura fôlego para os preços seguirem em alta. A velocidade e os patamares estabelecidos por essa trajetória, no entanto, dependerão das ações de oferta de arroz pelo governo. No mercado internacional, a última semana de agosto registrou pequena alta nos preços da tonelada nos Estados Unidos, na Argentina, na Tailândia, no Vietnã e no Paquistão, importantes players mundiais. O Uruguai e a Índia mantiveram os preços do arroz longo-fino, segundo avaliação da Agrotendências Consultoria em Agronegócios (www.agrotendencias.com.br) .
SAFRA
Com o inverno atípico, seco e quente, chegando ao final, o plantio da safra de arroz foi antecipado em algumas regiões. O Irga anunciou nesta quarta-feira o início da semeadura de arroz em plantio direto no município de Viamão. Muitas lavouras do Litoral Norte gaúcho já estão na fase final de preparo para ingressar com as plantadeiras. É grande também a movimentação de drenagem das várzeas para o ingresso com o cultivo de soja. O Irga espera que, se chover a ponto de recuperar os mananciais em setembro, o Rio Grande do Sul plante 1,03 milhão de hectares, mas reconhece que atualmente a água só dá para cultivar 60% da área.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica valorização de 50 centavos no preço referencial para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10) no mercado gaúcho, cotada em R$ 35,54. Já no caso da saca de 60 quilos de arroz branco, a valorização na semana é de R$ 1,00, para R$ 74,00 sem ICMS/FOB. Os quebrados de arroz mantiveram os preços, com o canjicão referenciado em R$ 36,00 e a quirera em R$ 32,00, ambos em sacas de 60 quilos (FOB/RS). O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), valorizou 8%, alcançando R$ 360,00 a tonelada, graças aos problemas de abastecimento da região produtora de frangos e suínos com milho e soja.
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Fonte:
Planeta Arroz
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