Renda do produtor brasileiro é comprometida pela ineficiência logística
O diretor sinaliza que a situação logística brasileira é uma velha conhecida dos agricultores, no entanto, o quadro se agravou com a produção de mais de 80 milhões de toneladas nesta temporada. “Estamos falando de volumes expressivos, o milho, por exemplo, passou de 11 milhões para 22 milhões de toneladas. Já os embarques da soja devem somar mais de 39 milhões de toneladas, enquanto, que em anos anteriores o número era de 30 milhões de t. Então, temos um crescimento de cerca de 30%”, explica Mendes.
Paralelo a esse quadro, os custos da safra também aumentaram, principalmente, os fretes uma vez que cerca de 50% da produção brasileira é transportada por caminhões. O valor médio ponderado do frete brasileiro era de US$ 81 por tonelada em 2011, atualmente, o número é de US$ 98. O aumento é decorrente da nova Lei do Caminhoneiro (12.619/12), que regulamenta o tempo de direção e descanso dos motoristas.
“Nossos custos são cerca de US$ 70 por tonelada superior aos valores praticados em outros países como EUA e Argentina. O nosso produtor recebe menos, a renda escorrega pelos vãos dos dedos em função da falta de infraestrutura adequada”, afirma Mendes.
A situação dos portos brasileiros não é diferente, o line-up de navios é grande, na manhã de ontem (20), cerca de 73 navios aguardavam para carregar, porém apenas 4 deles possuíam carga completa e estariam aptos a embarcar. Além disso, o ritmo de chuvas tem prejudicado as operações, especialmente, os embarques pelo Porto de Paranaguá.
De acordo com informações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) de janeiro até a última terça-feira (19), foram registrados 27 dias de paralisações devido às chuvas. Entre os meses de janeiro e fevereiro foram exportadas pelo Corredor de Exportação em torno de 2 milhões de toneladas de grãos, dos quais, 942 mil toneladas de milho, 512 mil toneladas de soja, 543 mil toneladas de farelo de soja e 31 mil toneladas de trigo, conforme divulgou a administração.
“Devido a essa situação, Chicago corta um prêmio de US$ 18 para o Brasil por tonelada. Então além dos custos do frete, também é descontado mais esse valor da renda dos produtores rurais devido a essa deficiência logística”, destaca o diretor.
Por outro lado, ainda há o demurrage, multa paga pelo contratante quando os navios contratados demoram nos portos mais do que o prazo acordado. No Porto de Santos, os navios esperam em torno de 30 dias para conseguir carregar a soja, e em média cada dia gera multa de US$ 20 mil à empresa contratante.
“Multiplicando esses valores teríamos US$ 600 mil por esses 30 dias de espera. Se dividirmos pela capacidade do navio que é de 60 mil toneladas teremos US$ 10/tonelada que também são descontados do valor pago ao produtor”, relata Mendes.
Frente a esse cenário, as tradings têm diminuído seu ritmo de compras em Mato Grosso, conforme levantamento feito pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Cerca de 75,9% as safra 2012/13 já havia sido comercializada até a última sexta-feira (15). Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume representa uma queda 4,3%.
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