O destino da cubana refugiada no Congresso dirá se o Brasil é uma nação democrática ou já virou sucursal de uma ilha-presídio

Publicado em 06/02/2014 10:39 e atualizado em 20/03/2014 17:03
por Augusto Nunes, de veja.com.br

Direto ao Ponto

O destino da cubana refugiada no Congresso dirá se o Brasil é uma nação democrática ou já virou sucursal de uma ilha-presídio

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A cubana Ramona Matos Rodríguez (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Em 23 de agosto de 2013, Luis Inácio Adams, chefe da Advocacia Geral da União, negou enfaticamente que a importação de jalecos cubanos poderia entrar em colisão frontal com a Lei Áurea. “Não há que se falar em trabalho escravo, como tentou se estabelecer”, discursou o advogado-geral do programa Mais Médicos. ”Quando o médico cubano sai de seu país, ele recebe uma suplementação a mais por essa saída”, prosseguiram os pontapés na verdade e na língua portuguesa. “Quando ele chega ao Brasil, ele recebe uma parte da contraprestação que o Brasil dá a Cuba. Parte é destinado ao médico e parte destinado ao estado cubano”.

Adams também garantiu que a ideia de escapar do regime liberticida nem passava pela cabeça de qualquer doutor nascido e criado sob o jugo dos Irmãos Castro. “Eles vêm como profissionais, são participantes de um programa”, recitou o chefe da AGU. E se algum deles resolvesse desertar e pedir asilo ao governo brasileiro?, insistiu um jornalista. A resposta veio embrulhada em dilmês de botequim: “Se essa hipótese, que acho que não deve acontecer, mas se vier a acontecer, será tratada pelo Brasil no âmbito do tratado internacional que ele tem com os demais países.  São pessoas que vieram em cima de um acordo, de um programa. Me parece que eles são detentores dessa condição de permanência”.

Confusos com o falatório trôpego, outros repórteres foram direto ao ponto: se quisesse, um médico cubano poderia refugiar-se no Brasil? “Todos os tratados, quando se trata de asilo, consideram situações que configurem ameaça por razões ordem política, de crença religiosa ou outra razão”, escorregou o advogado do Planalto. “É nessas condições que você analisa as situações de refúgio. E, nesse caso, não me parece que configuraria essa situação”. Tradução: se alguém desertasse, seria deportado para Cuba. “Mas isso não vai acontecer”, reiterou Adams. “Eles vêm em cima de compromissos. Não são pessoas que entraram voluntariamente no país, fugindo”.

Passados cinco meses, a cubana Ramona Matos Rodríguez, 51 anos, aguarda num gabinete do Congresso a resposta ao pedido de asilo encaminhado à embaixada dos Estados Unidos. É só o primeiro grito que vem das gargantas sufocadas. É apenas o começo. O contrato que Ramona exibiu já desmoralizou a conversa fiada de Adams ─ e comprovou que, com o programa Mais Médicos, o agora ex-ministro Alexandre Padilha se tornou o avesso da Princesa Isabel. O comportamento do governo no episódio dirá se o Brasil ainda é uma nação democrática e soberana ou se o PT acredita que administra a sucursal de uma ilha-presídio.

Em 2007, os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux foram deportados para Cuba pelo companheiro Tarso Genro, então ministro da Justiça. Os brasileiros decentes têm o dever de impedir a reprise da infâmia. O governo precisa saber que está obrigado a conceder a Ramona o status de refugiada — e protegê-la até que esteja livre para sempre dos mercadores de gente.

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Direto ao Ponto

Romeu Tuma Junior revela no Roda Viva que está escrevendo o segundo volume de ‘Assassinato de Reputações’

Nesta segunda-feira, o advogado Romeu Tuma Junior, ex-secretário nacional de Justiça, reiterou as denúncias feitas no livro que escreveu em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, ampliou o repertório de denúncias, exibiu provas até então inéditas e informou que já está produzindo o segundo tomo de Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado.

A bancada de entrevistadores foi formada por Ricardo Setti (colunista do site de VEJA), Mario Cesar Carvalho (repórter especial da Folha), Eugênio Bucci (colunista do Estadão e da revista Época), Cristine Prestes (repórter freelancer especializada em assuntos jurídicos) e Fernando Gallo (repórter do Estadão).

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Opinião

‘Romeu Tuma Jr. no Roda Viva: era para a República vir abaixo se fosse um país sério!’, por Rodrigo Constantino

Publicado na coluna de Rodrigo Constantino

Acabo de ver a entrevista com o ex-Secretário Nacional de Segurança do governo Lula, Romeu Tuma Jr., autor do best-seller Assassinato de Reputações. No livro, Tuminha, como gosta de ser chamado, faz várias acusações bombásticas, segundo ele uma peça de defesa após o PT iniciar sua máquina de triturar reputações contra sua pessoa.

A primeira pergunta, feita por Augusto Nunes, recebe uma resposta direta: não foi alvo de um único processo na Justiça até agora! Chama Lula de informante do DOPS; relata encontro com o ministro Gilberto Carvalho, em que este, chorando, teria confessado que realmente disse para familiares do ex-prefeito Celso Daniel que levava pessoalmente dinheiro de caixa dois para José Dirceu; afirma que o caso conhecido como “Rosegate”, envolvendo a “amiga íntima” de Lula, Rosemary Noronha, faria Hollywood parecer brincadeira; entre outras coisas. Mas ninguém o processou até agora.

Na entrevista, Tuminha praticamente clamou por isso. Disse que tem mais provas guardadas, que aceita fazer uma acareação com o ex-presidente Lula, que só não mostra tudo pois escreveu um livro, não um inquérito policial, que teria 4 mil páginas. E então? Alguém do PT vai processar Tuminha?

Em qualquer país sério, menos de 10% das denúncias de alguém que ocupou o cargo que Tuminha ocupou já faria a República balançar, e seria um escândalo de proporções gigantescas. Haveria muito mais investigação, os jornalistas sairiam em campo em massa, haveria pressão, perguntas incômodas.

O fato de não vermos nada disso demonstra o quanto vivemos em uma situação calamitosa. Para usar a expressão do próprio Tuminha, o Brasil já vive em um Estado Policial, com um aparelhamento da máquina e total instrumentalização da Polícia Federal para servir a um partido.

O relativo silêncio e a normalidade com a qual as denúncias de Tuminha foram recebidas é mesmo algo espantoso e assustador. Nas palavras de Tuminha:

A verdade nua e crua é que o governo – que se diz de esquerda, democrático, social, preocupado com os direitos humanos e que repudia a “ditadura” – tem sob seu comando uma polícia que grampeia as pessoas, seleciona trechos de conversas, pinça frases, descontextualiza diálogos, cria enredos e manda gente para a prisão por achismo e dedução.

Tuminha viu de dentro a podridão toda, foi alvo dela. Não vem ao caso, aqui, se sua própria reputação é totalmente ilibada ou não. Várias denúncias graves muitas vezes vêm de gente de dentro do esquema exposto. O relevante é o que está sendo dito, e por alguém que conheceu o funcionamento da coisa. Até quando o Brasil vai fingir que não ouviu nada? Que venha logo o segundo tomo, com novas denúncias e evidências, para ver se, desta vez, o país finalmente acorda…

Rodrigo Constantino

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Blog Augusto Nunes (VEJA)

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