Mensalão: Azeredo quer saber por que ele virou réu, mas Lula não...

Publicado em 08/02/2014 15:16 e atualizado em 24/04/2014 11:02
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Azeredo quer saber por que ele virou réu, mas Lula não

O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-SP), ex-governador de Minas, está dizendo que, no chamado “mensalão mineiro”, ele tem de ser tratado como Lula foi no mensalão petista. Alguns dirão que isso é confissão de culpa porque acham que o chefão do PT sempre soube de tudo. Azeredo, claro!, pensa na questão do ponto de vista político e jurídico. Vamos ver.

O mensalão petista foi um esquema de caixa dois e de desvio de dinheiro público? Foi também. E isso já é bastante grave. Mas foi mais do que isso: com aquela dinheirama, a quadrilha comprou parlamentares e partidos políticos. Além dos crimes cometidos — corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro —, houve uma tentativa de golpear a democracia. O esquema desviou recursos públicos? Sim! R$ 76 milhões do Fundo Visanet, que foi justamente que Henrique Pizzolato, aquele que foi preso na Itália, mandou transferir para o esquema.

Atenção! Quem era o principal beneficiário do mensalão petista? Resposta: Lula. Ele, no entanto, foi acusado de alguma coisa pela Procuradoria-Geral da República? Resposta: não! Por que não? Resposta: porque a Procuradoria diz não haver indícios de que ele tenha participado da tramoia. Em depoimento, Marcos Valério assegurou que o então presidente sempre soube de tudo. Mas a coisa, até agora, não prosperou.

E o chamado mensalão mineiro? Segundo o Ministério Público, em valores atualizados, R$ 9,3 milhões foram desviados de empresas públicas para financiar a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo, do PSDB, em 1998. Os dois casos têm mais uma coisa em comum: em Minas, o dinheiro também passou por Marcos Valério. O que não se tem, nesse caso, é o mecanismo de compras de parlamentares e partidos. São arquiteturas distintas.

Caso se comprove que o esquema realmente existiu, o principal beneficiário seria, sim, Azeredo — afinal, era para a sua reeleição. Mas há provas de que ele soubesse ou tivesse participado? Eis a questão: também não! Igualzinho a Lula. Ai o leitor pensa: “Ah, mas esses políticos sempre sabem, tanto Lula como Azeredo”. Pode até ser. Mas a Justiça precisa trabalhar com provas. Nesse particular, portanto, o político mineiro tem motivo para perguntar: se Lula não virou réu, por que ele virou?

Anotem aí, que a coisa vai dar pano para manga. Azeredo virou réu por causa de uma assinatura numa espécie de recibo. Ocorre que tudo indica que essa assinatura é falsa, obra de um estelionatário.

E aproveito, meus caros, para registrar mais uma vez um estranhamento: Rodrigo Janot, procurador-geral da República, em petição enviada ao STF, aproveitou para pedir 22 anos de cadeia para Azeredo. Não estou entrando no mérito das culpas. Mas cumpre notar que a democracia tem rituais. O que o Ministério Público pode fazer é pedir a condenação de réus por tais e quais crimes, mas estabelecer a dosimetria das penas ainda é uma função dos tribunais, não do Ministério Público.

Por Reinaldo Azevedo

 

A barbárie brasileira e a gritaria dos hipócritas. Ou: Não adote um bandido; adote as pessoas de bem. Ou ainda: O linchamento de Sheherazade

A VEJA fez muito bem em estampar na capa da edição desta semana um emblema da barbárie brasileira. Emblema é mais do que retrato, é mais do que fotografia; é um símbolo. A reportagem aborda os vários fatores que concorrem para o processo de “incivilização” do Brasil. Fazer justiça com as próprias mãos, obviamente, é uma das manifestações de uma sociedade doente. O procedimento tem de ser repudiado de maneira clara, inequívoca, sem ambiguidades. Não custa lembrar que as milícias no Rio e os matadores das periferias das grandes cidades brasileiras nascem do sentimento de autodefesa e logo se transformam em franjas do crime organizado.

O estado tem de conservar o monopólio do uso legítimo da força — até porque essa conversa tem um pressuposto: estamos falando do estado democrático. Exposto o princípio de maneira solar, vamos ver agora como algumas almas e penas farisaicas resolveram se apropriar do tema e sair gritando, como costumo ironizar, feito o coelho do filme Bambi: “Fogo na floresta! Fogo na floresta!”.

Em 2012, foram assassinadas no Brasil 50.108 pessoas. Em três anos, a guerra civil na Síria, estima-se, matou uns 100 mil. No período, 150 mil brasileiros foram assassinados. Boa parte dos que gritam agora contra os justiçamentos e linchamentos — e todos temos mesmo de fazê-lo — estavam onde? Fazendo o quê?

Não sou governo. Não tenho partido político. Não faço política. O único instrumento de que disponho para tratar do assunto é o teclado. Neste blog, sei lá quantas dezenas de textos, talvez centenas, escrevi a respeito! Na Rádio Jovem Pan, já comentei o assunto mais de uma vez. Na Folha, no dia 10 de janeiro, num texto intitulado “Mortos sem pedigree”, escrevi (em azul):

Em novembro, veio a público o Anuário Brasileiro de Segurança Pública com os dados referentes a 2012. Os “crimes violentos letais intencionais” (CVLI) somaram 50.108, contra 46.177 em 2011. A taxa saltou de 24 para 25,8 mortos por 100 mil habitantes. Na Alemanha, é de 0,8. No Chile, 3,2. Os “CVLI” incluem homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Nota: esses são números oficiais. A verdade deve ser mais sangrenta.
Segundo a ONU, na América Latina e Caribe, com população estimada em 600 milhões, são assassinadas 100 mil pessoas por ano. Com pouco menos de um terço dos habitantes, o Brasil responde por mais da metade dos cadáveres. O governo federal, o PT, o PMDB, o PSDB e o PSB silenciaram. Esse é um país real demais para produtivistas, administrativistas e nefelibatas. A campanha eleitoral já está aí. Situação e oposição engrolarão irrelevâncias sobre o tema. Prometerão mais escolas e mais esmolas. Presídios não!
Algumas dezenas de black blocs mobilizaram o ministro da Justiça, os respectivos secretários de Segurança de São Paulo e Rio e representantes da OAB, do CNJ e do Ministério Público. Rodrigo Janot, procurador-geral da República, quer até um fórum de conciliação para juntar policiais e manifestantes. Sobre a carnificina de todos os dias, nada! Quem liga para cadáveres “pobres de tão pretos e pretos de tão pobres”, como cantavam aqueles? No país em que os aristocratas são, assim, “meio de esquerda”, segurança pública é assunto da “direita que rosna”, certo? Os 400 e poucos mortos da ditadura mobilizam a máquina do estado e a imprensa. É justo. Os 50 mil a cada ano só produzem silêncio. Dentro e fora dos presídios, são cadáveres sem pedigree.

Retomo
O Sindicato dos Jornalistas do Rio pediu a cabeça de Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora do SBT, em razão de um comentário que ela fez sobre aquele rapaz que foi atado pelo pescoço. Não endosso boa parte do que ela disse. É preciso, reitero, deixar claro com todas as letras que aquela não é uma solução — e, a rigor, ela não disse que é. Faz-se necessário evidenciar que se trata de outro crime. Mas parte de suas observações procede, sim, e vai ao ponto: dissemina-se, de maneira perigosa, preocupante, a sensação do homem comum de que lhe cabe fazer alguma coisa, já que, para expor a ideia genérica, “ninguém faz nada”.

Estamos começando a chegar a um limiar perigoso. É claro que a gritaria mais estridente contra Sheherazade — que parte de gente que nunca deu 10 tostões pelos mais de 50 mil cadáveres brasileiros a cada ano — tem muito pouco de humanidade, de piedade, de bondade congênita ou algo assim. É ideologia! Há muito tempo esperavam que ela cometesse um erro para maximizá-lo no limite do insuportável, declarando, então, que ela tem de ter a cabeça cortada. É um caso clássico de farisaísmo, de gente que apela a supostos “fundamentos” para eliminar aqueles que considera incômodos.

Leio, por exemplo, um texto contra Sheherazade assinado por um notório defensor de mensaleiros; que andou se esmerando, há coisa de 15 dias, em, ora vejam!, nos recomendar que ouvíssemos o que Henrique Pizzolato tinha a dizer. É isso mesmo! Imaginem quantas criancinhas poderiam ter sido tiradas da pobreza com aqueles mais de R$ 70 milhões do Fundo Visanet, né? Outro, uma espécie de intérprete permanente da alma de José Dirceu, também quer ver pendurada no poste a cabeça da jornalista. E fica evidente que não é só por causa do comentário que ela fez: é pelo conjunto da obra.

Hipócritas!

Farsantes!

Vigaristas!

Se perguntarem a esses delinquentes morais quem é Fabrício Proteus, eles dirão de primeira: “É a vítima da Polícia de São Paulo” — aquela “vítima”, vocês sabem, que avançou com estilete contra PMs. Mas perguntem quem é Alda Rafael. Nunca ouviram falar. É possível que nem vocês se lembrem porque o caso logo desapareceu. Trata-se da policial que levou um tiro pelas costas no Complexo da Penha, no Rio.

Direitos humanos
Não se trata de saber se direitos humanos devem existir também para bandidos. Os direitos humanos, vejam que coisa!, humanos são — e deles ninguém se exclui ou pode ser excluído. Ponto final. A questão é de outra natureza: cumpre tentar entender por que esses prosélitos mixurucas, esses propagandistas vulgares, jamais se ocupam da guerra civil que está em curso no Brasil há décadas. Então os mais de 50 mil que morrem por ano no país não merecem a sua atenção?

Sei que pode parecer estranho a esses oportunistas, mas Sheherazade não amarrou ninguém. A violência que a gente vê é só um pouco da violência que a gente não vê. Os linchamentos se espalham Brasil afora. Os mais de 50 mil homicídios a cada ano no país é que mereciam uma “Comissão da Verdade”. Por que os que agora pedem a cabeça de uma apresentadora de TV jamais se ocuparam das 137 pessoas (média) que são assassinadas todos os dias no Brasil? Por que não acenderam, como vela, ao menos um adjetivo piedoso por Alda Rafael?

Os imbecis tentarão ler no meu texto o que nele não está escrito. Dou uma banana para os tolos. Quanto mais eles recorrem à tática da desqualificação, mais leitores vão chegando — e, agora, mais ouvintes também. Não dou a mínima. Não me deixo patrulhar. Sim, eu acho que os que prenderam aquele rapaz pelo pescoço têm de ser punidos. Eu acho que os que recorrem a linchamentos também têm de arcar com as consequências.

Mas acho igualmente que essa gente que decide resolver por conta própria — que também é pobre de tão preta e preta de tão pobre — merece ter estado, merece ter segurança, merece ter proteção. Se sucessivos governos se mostram incapazes de dar uma resposta — por mais que eu deteste, por mais que eu ache que o caminho errado, por mais que eu tenha a certeza de que a situação só vai piorar —, as pessoas farão alguma coisa.

Parece-me que foi esse o sentido que Sheherazade deu à palavra “compreensível” — o que não implica necessariamente um endosso. Os historiadores já se debruçaram sobre os fatores que tornaram “compreensível” a eclosão dos vários fascismos na Europa do século passado ou da revolução bolchevique na Rússia. Compreender um fenômeno não quer dizer condescender com ele. Eu, por exemplo, penso que é compreensível que o PT tenha chegado ao poder, entenderam?

Ainda que, reitero, avalie que o comentário foi, sim, desastrado. Mas tentar linchar Sheherazade moralmente, aí já é um pouco demais! Estranha essa gente: defende o direito de defesa para os bandidos mais asquerosos — e nem poderia ser diferente —, mas pede a execução sumária de alguém por ter emitido uma opinião infeliz.

E por quê?
E por que se silencia de maneira sistemática, contumaz, cínica, sobre a guerra civil brasileira? Naquele artigo da Folha, sintetizei a razão (em azul):

E por que esse silêncio? É que os fatos sepultaram as teses “progressistas” sobre a violência. A falácia de que a pobreza induz o crime é preconceito de classe fantasiado de generosidade humanista. A “intelligentsia” acha que pobre é incapaz de fazer escolhas morais sem o concurso de sua mística redentora. Diminuiu a desigualdade nos últimos anos, e a criminalidade explodiu. O crescimento econômico do Nordeste foi superior ao do Brasil, e a violência assumiu dimensões estupefacientes.
Os Estados da Região estão entre os que mais matam por 100 mil habitantes: Alagoas: 61,8; Ceará: 42,5; Bahia: 40,7, para citar alguns. Comparem: a taxa de “CVLI” de São Paulo, a segunda menor do país, é de 12,4 (descarta-se a primeira porque inconfiável). Se a nacional correspondesse à paulista, salvar-se-iam por ano 26.027 vidas.
Com 22% da população, São Paulo concentra 36% (195.695) dos presos do país (549.786), ou 633,1 por 100 mil. A taxa de “CVLI” do Rio é quase o dobro (24,5) da paulista, mas a de presos é inferior à metade (281,5). A Bahia tem a maior desproporção entre mortos por 100 mil e (40,7) e encarcerados: 134. Estudo quantitativo do Ipea (
aqui) evidencia que “prender mais bandidos e colocar mais policiais na rua são políticas públicas que funcionam na redução da taxa de homicídios”.
Isso afronta a estupidez politicamente correta e cruel. Em 2013, o governo federal investiu em presídios 34,2% menos do que no ano anterior — caiu de R$ 361,9 milhões para R$ 238 milhões. Para mais mortos, menos investimento. Os progressistas meio de esquerda são eles. Este colunista é só um reacionário da aritmética. Eles fazem Pedrinhas. Alguém tem de dar as pedradas.

Encerro
Boa parte dos que estão vociferando não está nem aí para os pobres, os humilhados etc. Estes coitados servem apenas de pretexto para aquela turma perseguir os de sempre. Não fosse assim, esses bacanas estariam mobilizados, cobrando uma ação do estado brasileiro para pôr fim ao Açougue Brasil, especializado em carne humana.

Por Reinaldo Azevedo

 

Morteiros e coquetéis molotov contra a democracia

Cravei aqui ainda na noite de quinta que o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, não tinha sido ferido pela polícia. Sou adivinho? Acontece, meus caros, que enfrentei bombas de gás e de efeito moral quando lutava contra a ditadura. Conheço as duas e sei que não soltam fogo vermelho. Bastou-me ver as fotos. Mas noto que ninguém tinha o direito de se enganar ainda que jamais tivesse topado com uma coisa ou com outra: bastaria ter pedido a um policial que analisasse as imagens.

E aqui vai uma diferença importante: uma coisa é ir às ruas lutar contra uma ditadura. Eu fui e me orgulho. Outra coisa é fazer o que fazem esses arruaceiros: estão lutando contra a democracia. Quem leva coquetéis molotov, morteiros, bombas caseiras e chaves de grifo para um protesto, numa sociedade democrática, está querendo é ditadura. E tem de ser severamente reprimido, punido, de acordo com a lei. E boa parte dos jornalistas precisa parar com essa mania de que a polícia é sempre culpada e está sempre errada.

Infelizmente, se aquele morteiro que atingiu Santiago tivesse atingido um policial, ferindo-o com a mesma gravidade, não haveria metade dos protestos a que estamos assistindo. E protestos que, deixo claro, são justos.

Fábio Raposo Barbosa, o rapaz que aparece passando a um outro o morteiro que feriu o cinegrafista, teve a prisão temporária decretada. Ele estaria disposto a negociar uma espécie de delação premiada, a colaborar com a polícia. Ele já tinha concedido uma entrevista à GloboNews em que contou uma história da carochinha: teria encontrado o artefato no chão e passado a um desconhecido. Não cola! Se, agora, afirma que quer colaborar, é sinal de que sabe mais do que disse.

O rapaz foi indiciado por tentativa de homicídio. A polícia apura ainda se ele pertence ao grupo dos black blocs e se atua em conjunto com outros, o que pode render também a acusação de “associação criminosa”. Nesse domingo, três ditos “manifestantes” foram acompanhar o depoimento de Fábio Raposo. Um deles, acreditem, se desentendeu com um cinegrafista da Band e não teve dúvida. Apontou o dedo para o profissional e disse: “Você será o próximo”. O cinegrafista bateu, então, com a câmera em sua cabeça, fazendo um pequeno ferimento. Os dois acabaram depondo na delegacia.

Alguém precisa deter esses vândalos, esses criminosos. Santiago segue em coma no hospital Souza Aguiar. Outra arruaça está marcada para hoje na Central do Brasil contra o reajuste da tarifa de ônibus. Está posta uma questão para a democracia brasileira: qual deve ser o limite de tolerância com o banditismo? Eu tenho uma resposta que me parece simples, eficiente: a lei.

Basta! Essa gente já foi longe demais! São inimigos da imprensa, da liberdade de expressão, das garantias democráticas, do estado de direito. E setores da imprensa não podem se acovardar, com medo do que esses milicianos fazem nas redes sociais.

Por Reinaldo Azevedo

 

A imprensa está sob censura de milícias organizadas nas redes sociais e se deixa intimidar. Chegou a hora: ou se levanta ou segue de joelhos e se rende

Momento em que Santiago Andrade é atingido: como confundir o artefato com bomba de gás?

Momento em que Santiago Andrade é atingido: como confundir o artefato com bomba de gás?

A imprensa está sob censura. Não é mais aquela ditada por um regime de força. Não é a censura institucional. Não é a censura determinada por um governo tirano. A imprensa está sob a censura de milicianos que se organizam nas redes sociais. Repórteres, hoje em dia, veem, mas já não enxergam. O jornalismo chega a uma encruzilhada. Vai para que lado? Continua a buscar a verdade ou segue uma agenda ditada pelo alarido das redes sociais, que, por sua vez, têm “donos” e centros de irradiação de boatos?

O Jornal Nacional fez nesta sexta um ótimo e detalhado trabalho de reportagem, demonstrando que estava errado aquele repórter da GloboNews que afirmou que o artefato que atingira o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, tinha partido da polícia. Não! Por A + B, evidenciou-se que não. A simples análise das fotos ainda na quinta à noite já dizia o óbvio. Mas não vou me estender sobre esse particular, sobre o qual já escrevi bastante. Eu quero é falar da encruzilhada. Eu quero é falar sobre rumo.

O JN entrevistou, e acertou ao fazê-lo, o fotógrafo que fez uma sequência de imagens que deixava claro que Andrade fora vítima de um morteiro — provavelmente adaptado para a circunstância —, armado a coisa de um metro e meio ou dois de onde ele se encontrava com a sua câmera. Mais do que registrar, ele testemunhou o ocorrido. Não posso assegurar, mas me parece certo que o rapaz não é um amador. A fala, alguns jargões, tudo, enfim, sugere que ele é um profissional da área — da imprensa. Ainda que não exerça formalmente uma função no setor, isso não muda a essência do que vou escrever aqui.

Vejam a reportagem se não viram. Ele aceitou falar desde que não mostrasse a cara; desde que seu nome não fosse divulgado; desde que pudesse permanecer no anonimato, com aquela imagem em alto contraste e a voz distorcida. Por quê? Porque ele está com medo. Medo de quem? De bandidos que são candidamente chamados pela nossa imprensa de “manifestantes”. A imprensa, que existe para revelar, hoje tem de se esconder.

E tem de se esconder também nas ruas, não canso de observar isso. Repórteres já não podem se identificar nem deixar claro para que veículos trabalham. Têm de se fantasiar de discípulos do Capilé para não serem linchados por vândalos, por criminosos mascarados, por vagabundos que se arvoram em donos da verdade e estão convictos de que os jornalistas estão nas ruas para mentir.

ENTENDAM BEM: O FOTÓGRAFO QUE DOCUMENTOU UM CRIME, QUE TESTEMUNHOU UM ATO IMPRESSIONANTE DE VIOLÊNCIA, TEM DE SE ESCONDER. E DE QUEM ELE SE ESCONDE?
Da ditadura?
Da governo?
Do poder?
Não! Ele se esconde é dessa corja de extremistas, de minoritários, de fascistoides.

É incrível!
Releio os textos que escrevi a respeito do assunto de junho para cá. Sei o quanto apanhei até de alguns leitores fiéis, que achavam que eu não estava entendendo o que estava em curso. Ouso dizer, com a modéstia de que sou capaz (e, vá lá, não é a minha característica mais saliente, eu sei), que eu estava entendendo tudo, sim. Desde o princípio.

O que nós, da imprensa, ganhamos ao chamar de pacíficos os violentos? O que nós, da imprensa, ganhamos ao negar o caráter autoritário de certas manifestações? O que nós, da imprensa, ganhamos ao satanizar a polícia quando ela acerta e quanto ela erra? O que nós, da imprensa, ganhamos ao afirmar que os manifestantes é que reagem com paus, pedras e coquetéis molotov às bombas da polícia quando, na esmagadora maioria das vezes, acontece o contrário? Mas essas perguntas ainda não são boas. Há uma melhor: O QUE A POPULAÇÃO DO BRASIL GANHA COM ISSO? E há uma pergunta ainda mais pertinente: O QUE A VERDADE GANHA COM ISSO?

Apanhei
Sim, eu apanhei na rua — e outros tantos também (por isso, inclusive, conheço de perto bomba de gás e bomba de efeito moral) — foi para poder dizer o que penso e o que considero verdade MOSTRANDO A MINHA CARA, não para ter de me esconder de mascarados asquerosos, protegidos pelas babás de terno da OAB do Rio.

Boa parte dos que temos certa idade — estou com 52 — corremos riscos, uns mais, outros menos, para que a imprensa pudesse ser livre, não tendo de se submeter a ninguém, nem a essas milícias.

Os tempos que vivemos são tão cinzentos em certos aspectos que as pessoas, mesmo eventualmente de boa-fé, não se dão conta quando dizem barbaridades. O fotógrafo que concedeu a entrevista ao JN presta um serviço à verdade, mas como eu poderia ignorar este trecho da sua fala (prestem atenção ao destaque)?

“E reparei que nessa hora eu vi um homem com um lenço no rosto preto, calça jeans, com uma camisa cinza, arriado, tentando acender um artefato, um foguete, um foguetezinho, nesse momento. Quando eu levantei a câmera pra fazer essa foto, o homem conseguiu acender esse artefato e saiu correndo. Logo em seguida, esse morteiro disparou e atingiu o nosso companheiro cinegrafista. Eu vi que naquele momento o homem na verdade, ele estava tentando, ele posicionou o artefato em direção aos policiais. Mas, infelizmente, pegou no nosso companheiro.”

Talvez ele não tenha querido dizer o que acabou dizendo, mas o fato é que disse. Era para os policiais, mas acabou dando errado, infelizmente… Eu me obrigo a lembrar que policiais também são pais, maridos, filhos, irmãos, namorados… Também têm família. Mesmo quem está a serviço da verdade, em alguma medida, parece ver com naturalidade que um canalha possa armar um artefato contra policiais. Se um PM estivesse no lugar de Andrade, também seria “infelizmente”?

Há mais coisas aí. Eu ainda nem chamei Franklin Martins para essa conversa, o homem que vai cuidar da área de imprensa da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Ainda não chamei os blogs sujos, financiados por estatais. Ainda não chamei a súcia que estimula, direta ou indiretamente, a agressão a jornalistas. Vai ficar para outro texto.

Encerro este post reiterando: os veículos de comunicação e os jornalistas nunca foram tão livres do ponto de vista legal e institucional. E raramente estiveram sob tamanha censura. E o pior inimigo da imprensa livre é o medo, aquele medo que chega a escorrer das notas oficiais de entidades de jornalistas e de empresas ao se referir ao caso e, covardemente, se negar a identificar o grupo agressor.

Chegou a hora: ou a imprensa se levanta e se compromete com os fatos ou segue de joelhos e se rende de vez a seus algozes. Não há Alternativa C.

Texto publicado originalmente às 5h02

Por Reinaldo Azevedo

 

Black bloc se apresenta e é indiciado. Em entrevista, agora sem máscara, ele diz que achou o rojão no chão e nem sabia o que era… Versão vale uma nota de R$ 3. Um trabalhador está à beira da morte em razão de tanta inocência

Fábio Raposo: agora sem máscara, o black bloc conta uma historia que vale uma nota de R 3 (Imagem extraída de vídeo da GloboNews)

Fábio Raposo: agora sem máscara, o black bloc conta uma historia que vale uma nota de R$ 3 (Imagem extraída de vídeo da GloboNews)

Fábio Raposo Barbosa, 22 anos, estudante de contabilidade e tatuador, foi indiciado pela polícia do Rio como coautor na tentativa de homicídio do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes. Ele se apresentou depois de ter sido identificado num vídeo que registra o momento em que ele passa a um outro rapaz o morteiro que acabou atingindo Santiago — que segue em coma no hospital Souza Aguiar.

Pois é…

O anjinho, agora de cara limpa, sem máscara, concede uma entrevista à GloboNews. Certamente já falou com advogados. É um direito dele. A propósito: a seção da OAB-Rio não vai sair em sua defesa, já que virou babá de black bloc?  É mesmo um santo. Acho que devemos iniciar um movimento para canonizá-lo. A sua história vale uma nota de R$ 3. Em suma, diz ele, achou o rojão no chão e entregou ao outro. Não tinha nada com aquilo. Ele é um black bloc, mas diz que não sai às ruas para quebrar nada ou atacar policiais, entenderam?

Ele chama a imprensa de “as mídias”… Então tá.

O trecho mais, digamos, significativo de sua fala é este:
“Logo que eu cheguei, houve um corre-corre. Fui até lá para ver o que tinha acontecido. Estava tendo um confronto entre manifestantes e alguns policiais militares. Daí, jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo próximo a mim. Eu coloquei a minha máscara de gás, que é mais para minha proteção mesmo, porque machuca o peito e arde o rosto, e foi isso. Eu cheguei, fui até lá, vi que estava tendo um confronto entre a polícia e os manifestantes. Nesse corre-corre, vi que um rapaz correndo deixou uma bomba cair. Uma bomba, não sei o que é, um negócio preto assim. Daí, eu peguei e fiquei com ela na mão. Esse outro cara veio e falou para mim: ‘Passa aí para mim, que eu vou e jogo. Eu vou e jogo’. Eu peguei e passei para ele. Foi só isso mesmo”.

Como vocês podem ver, tudo simples, objetivo e crível. É uma pena que um homem esteja à beira da morte por conta de tanta inocência. Se Raposo fosse jagunço, repetiria a máxima de que ele só atira, mas quem mata é Deus.

Ah, sim: ele é black bloc e vai para as manifestações com uma máscara contra gases, mas não sabe identificar um rojão. Leiam:
“Foi um acaso mesmo, de ver o negócio no chão, pegar para tentar devolver, achando que era algum pertence de alguém, mas infelizmente era uma bomba e ele acendeu de uma forma que foi em cima do repórter”.
Mas ele acredita também na boa intenção do outro:
“Acredito que ele não tenha feito por mal. Acredito que foi um acaso de ele estar filmando, os cinegrafistas ficam no meio do fogo cruzado..

Vejam a entrevista inteira se tiverem estômago. Esses ditos “manifestantes” falam em “fogo cruzado” como se dissessem que hoje é sábado; como se tivessem o direito de sair por aí atacando a polícia; como se houvesse um confronto entre duas forças legítimas. Errado! A única força legitimada pela democracia é a polícia; o outro lado é banditismo.

E a gente nota que ele também lamenta que o cinegrafista tenha sido atingido. Em nenhum momento deixa claro que seria igualmente grave se o artefato tivesse ferido um policial — e esse era o objetivo.

É claro que alguém ainda sairia muito machucado dessa história. Infelizmente, foi um trabalhador, que estava lá ganhando o pão de cada dia, e não um dos vagabundos que promovem a arruaça. É isso!

Por Reinaldo Azevedo

 

Segundo advogado, militante lhe disse que rapaz que acendeu o morteiro que atingiu cinegrafista é ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL

Elisa Quadros: ela teria oferecido advogado a

Elisa Quadros: a “militante” foi oferecer a ajuda e teria dito que falava em nome de Marcelo Freixo

O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL do Rio, combateu as milícias e coisa e tal. Milícias têm mesmo de ser combatidas. Virou até herói de filme. E, aí, é claro que já acho um pouco demais. Combate às milícias à parte, não gosto da sua militância. Quem gosta é o Wagner Moura, o Caetano Veloso e o Chico Buarque. Não gosto também do seu partido. Eu já vi do que são capazes os militantes de sua seita nas universidades, por exemplo. Vejam em que estado ficou a Reitoria da USP depois da invasão promovida pelos patriotas.

O Fantástico levou ao ontem à noite uma reportagem muito, mas muito eloquente mesmo sobre Fábio Raposo, o rapaz que passou a um outro o morteiro que feriu gravemente o cinegrafista Santiago Andrade, da Band. Leiam. Volto em seguida.
*
Neste domingo (9) à tarde, o advogado Jonas Tadeu e o estagiário Marcelo Mattoso prestaram assistência jurídica a Fábio Raposo. O estagiário recebeu um telefonema. O delegado que investiga o caso disse que ouviu a conversa e pediu que o estagiário registrasse, em depoimento, o que foi falado nessa ligação. A polícia fez, então, um registro, chamado “Termo de Declaração”.

Nele, o advogado afirma que uma ativista disse que o homem que acendeu o rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL. O deputado negou.

No documento que está registrado na delegacia, o estagiário Marcelo Mattoso, inquirido, disse (em vermelho):
“que na data de hoje trabalhava como estagiário do Dr. Jonas Tadeu, durante a formalização do cumprimento do mandado de prisão de Fábio Raposo. Que logo após Fábio Raposo ter chegado à delegacia, recebeu em seu celular pessoal duas ligações de uma ativista e manifestante que se identificou como Sininho. E que ela perguntou se o advogado estava precisando de ajuda, pois teria advogados criminalistas à disposição. E que estaria indo com um grupo de manifestantes para a porta da delegacia para se “manifestar como ativistas.”

Em seguida, o estagiário passou o telefone para o advogado Jonas Tadeu. Segundo a declaração, a ativista informou ao advogado que o rapaz que acendeu o artefato que atingiu o jornalista era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo. Em seguida, aparece uma frase truncada: o texto diz que o deputado “teria à disposição de Fábio Raposo, caso ele precisasse”. Nós ligamos para o advogado Jonas Tadeu, que esclareceu. Segundo ele, Marcelo Freixo teria advogados à disposição de Fábio Raposo.

No fim do documento, está escrito que Fábio Raposo já estava sendo assistido pelo doutor Jonas Tadeu e que o auxílio não se fazia necessário. O nome da ativista Sininho é Elisa Quadros. De fato, ela apareceu neste domingo (9) na delegacia. E houve um tumulto na chegada dela. Sininho chamou jornalistas de “carniceiros”. Um dos ativistas foi agredido por um cinegrafista ao ouvir dele a frase: “Tomara que os próximos sejam vocês”.

Elisa Quadros, conhecida como Sininho, deu entrevista na porta da delegacia. Ela confirmou que ligou para o estagiário Marcelo Mattoso, mas negou que tenha oferecido ajuda. “Liguei para o Marcelo”, afirma Sininho. A ativista explicou por que fez a ligação. Disse que tinha falado com os pais de Fábio Raposo:

Sininho: Liguei porque a gente falou com os pais dele, com a mãe dele e a gente queria saber o que estava acontecendo.
Fantástico: Você fez alguma oferta para ele?
Sininho: Não, gente, não fiz oferta nenhuma. Eu já expliquei aqui.
Fantástico: Não propôs ajudar?
Sininho: Ajudar sempre, de forma jurídica, não, porque não sou advogada. Tem os advogados das manifestações, do movimento, da DHHC, e a gente queria saber quem estava assistindo ele e a gente poderia acionar os advogados que inclusive já sabem do caso e o Marcelo assistente falou que não precisava e pronto e a gente veio aqui para saber o que estava acontecendo.

Marcelo Freixo é deputado estadual pelo PSOL. Por telefone, se disse surpreso. Contou que desconhecia o ocorrido. Depois de ler o termo de declaração prestado na delegacia pelo estagiário, concordou em gravar entrevista. Marcelo Freixo afirmou que não conhece nem Fábio Raposo nem o homem que lançou o rojão que feriu o cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade.

“Se qualquer manifestante ligou para alguém e disse que a pessoa que jogou a bomba tem algum laço comigo, vai ter que provar isso. Se não provar, seja quem for, será processada por isso. Agora tem que realmente confirmar se disse isso. Até agora, há uma versão de um advogado, que não sei quem é, afirmando que, em um determinado telefonema, alguém disse isso. Isso tudo é muito suspeito em um momento que isso precisa ser apurado porque não sei quais interesses poderiam estar por trás dessa informação”, declara Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL-RJ.

O deputado confirmou que recebeu uma ligação da ativista Sininho, neste domingo (9) pela manhã.
Fantástico: Então a Sininho ligou hoje de manhã e que ela disse o quê neste telefonema?
Freixo: Apenas isso, que havia um risco de que ele fosse torturado nas prisões. Pedindo ajuda caso ele fosse torturado, evidentemente que nem ele nem ninguém podem ser torturados, e isso a gente acompanha. Agora, daí a uma denúncia de que haveria ligação com quem jogou a bomba vai uma distância enorme. Tanto o advogado quanto ela vão ter que prestar depoimento e vão ter que comprovar o que estão dizendo, se é que realmente disseram isso.

Em entrevista à Globo, no começo da noite, o advogado Jonas Tadeu e o estagiário Marcelo Mattoso confirmaram as informações que constam no termo de declaração. “Essa moça que eu não conheço perguntou o meu nome, eu dei o nome e ela disse que estava ligando a mando do deputado e oferecendo uma equipe de criminalistas para defender o rapaz, o Fábio. E que o outro menino era companheiro dela. Foi isso que aconteceu”, afirma Jonas Tadeu, advogado de Fábio Raposo. “Ela disse que o rapaz que estava junto com o Fábio era ligado ao deputado. Não estou afirmando que o deputado declarou isso. Eu acho que foi à revelia dele. Acho que ele não tem conhecimento dele. Acho que usaram o nome dele”, declara Jonas Tadeu.  E disseram que se for preciso fazem uma acareação com a ativista Sininho. “É minha palavra contra a dela. É uma questão de acareação. Estou afirmando para você a verdade”, diz o advogado de Fábio Raposo.

Em entrevista por telefone, o delegado que investiga o caso, Maurício Luciano, confirmou as circunstâncias em que o termo de declaração foi prestado pelo estagiário Marcelo Matoso.
“O que aconteceu é que durante o depoimento do Fábio o estagiário do escritório do advogado que o representava recebeu um telefonema e disse que a interlocutora era a Sininho. E uma suposta manifestante já conhecida. E ele disse que o diálogo era que ela estava dizendo alguma coisa envolvendo o Fábio, e que queria prestar solidariedade ao Fábio, oferecer assistência jurídica, dizendo que estaria ali representando o deputado Marcelo Freixo, e reportou isso para mim”, conta Maurício Luciano de Almeida, delegado.

O delegado disse que vai convocar a ativista Sininho para depor.
“Nós aproveitamos inclusive que ela estava nas imediações da delegacia, e a intimamos para prestar depoimento na próxima terça-feira (11). Vamos fazer a oitiva da Sininho para ver se ela confirma ou não aquilo que o estagiário afirma que ela teria dito”, diz Maurício. O delegado afirmou também que não descarta ouvir o deputado Marcelo Freixo.

“Nós temos só a declaração do estagiário, por isso é tudo é muito inicial para a gente fazer qualquer juízo de valor. Essa declaração dele foi de uma maneira genérica, de explicar que tipo de ligação seria essa. Profissional, pessoal… Portanto é muito simples e imaturo fazer qualquer tipo de afirmação, se há ligação ou se não há. Por isso que os depoimentos são importantes, e o da Sininho, na terça-feira, será fundamental para esses esclarecimentos”, conclui o delegado.

Encerro
Evitem acusações. Vamos esperar as apurações. Mas, aos poucos, parece que as coisas começam a ter mais definição, não é mesmo? Se o cara que acendeu o morteiro é ou não ligado a Freixo, isso não dá para saber.

Por Reinaldo Azevedo

 

Atentado à imprensa livre – Notas intelectualmente covardes

Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).
Abraji (Associação Brasileira dos Jornalistas Investigativos).
ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV).

Todas essas entidades se manifestaram, como noticiou o Jornal Nacional. Ou emitiram nota, ou seus representantes disseram o que pensam e coisa e tal. Obviamente, todos condenaram o ocorrido.

Mas sou obrigado a destacar — e já falei sobre a OAB — a covardia política e intelectual de todas elas. Ficou parecendo que a violência foi protagonizada por ninguém. A nota da Abraji é a pior porque aproveita para fazer proselitismo contra a polícia.

Todas essas entidades deveriam dizer, logo de cara, logo nas primeiras linhas, que jornalistas da grande imprensa estão tendo de se esconder nas manifestações, de trabalhar sem identificação. Se descobertos, podem apanhar — talvez morrer. Vejam o estado em que se encontra o cinegrafista Santiago Andrade.

Um mal-estar e um mau espírito tomam conta de boa parte dos veículos de comunicação e dos jornalistas. Falarei a respeito na madrugada. Os dois grupos nunca foram institucionalmente tão livres e, ao mesmo tempo, nunca estiveram sob patrulha tão severa. Perderam a independência e perderam a coragem.

As notas todas evidenciam isso.

E a questão realmente estupefaciente fica para a madrugada, também derivada do Jornal Nacional. Não! Não se trata de erro técnico nenhum. É que, querendo ou não, o principal programa jornalístico da TV levou ao ar um troço que entrará para a história. Depois dele, ou a imprensa se rende aos fatos ou cai de joelhos. Mas isso é para depois.

Por Reinaldo Azevedo

 

Atentado à imprensa livre – Os especialistas do JN

Considerando os especialistas que falaram no JN, gostei mesmo — todos foram muito corretos, destaco — dos policiais militares. Eles demonstraram como funcionam uma bomba de gás lacrimogêneo e uma de efeito moral.

Endossaram, por óbvio, o que venho escrevendo desde ontem. As fotos feitas pela Agência Globo evidenciavam por que o tal artefato não era nem uma coisa nem outra. Ora, o jornalista “que viu a bomba” nem se ocupou de saber como elas funcionam? Estava na rua pela primeira vez? Quantas vezes repórteres viram aquela luz saindo dos instrumentos usados pela polícia? Acho muito impressionante que não tenha ocorrido a ninguém pedir que se analisassem as imagens. Um procedimento simples, sem muitas prosopopeias técnicas, teria bastado para evitar um erro monumental.

De todo modo, espero que a ocorrência tenha sido ao menos didática, instrutiva. No dia 25 de janeiro, policias militares de São Paulo também foram demonizados pela imprensa porque teriam atirado contra um manifestante. As câmeras de segurança fizeram pelo jornalismo o que ele não tem conseguido fazer por si mesmo e por inocentes. Não bastou para que se passasse a fazer a escolha certa. A questão — e, na madrugada, voltarei ao assunto — é saber a que juiz setores da imprensa estão prestando tributo; a questão é saber que tribunal eles escolheram para “julgar” suas escolhas.

Por Reinaldo Azevedo

 

Atentado à imprensa livre – Bombas de um lado e rojões do outro? Errado!

O Jornal Nacional fez a coisa certa nesta sexta, não é? Foi ouvir especialistas os mais diversos, procurou testemunhos etc. Não se baseou apenas na impressão de alguém que estava lá no meio da confusão. Aliás, o texto que tenta explicar o erro da GloboNews e do “Bom Dia Brasil” admite que a coisa toda era confusa, com “rojões de um lado e bombas de outro”. Noto que essa formulação já não me agrada muito. Fica parecendo que eram coisas equivalentes,  que se anulavam ou se igualavam.

É um erro de visão. Atos criminosos não têm “outro lado”. O “outro lado” existe para pessoas ou entidades que são individualmente acusadas, certo? Como é sabido, a Polícia Militar só recorreu às bombas de gás e de efeito moral quando os bandidos começaram a quebrar tudo. Sem isso, não teria havido repressão nenhuma. E temos evidências escandalosas de que é assim. Há mais: as bombas, dentro dos limites previstos — como ontem —, estão dentro da lei; os rojões não estão.

Emissoras de TV operam segundo leis. A democracia brasileira se ancora numa institucionalidade, da qual a Polícia Militar faz parte. Então há intimidade entre a repressão e a imprensa? Não! Há um compromisso, e não poderia ser diferente, do jornalismo com o estado de direito. Essa história de “bombas de um lado” e “rojões de outro” acaba igualando o crime à lei. Sim, o crime é o outro lado da lei, e vice-versa, mas ambos não podem gozar do mesmo status na imprensa. Pela simples e óbvia razão de que a lei garante a existência da imprensa livre, e o crime tenta calá-la. Assim, nesse caso, cumpre ter lado, sim: o lado da correta aplicação da lei. Simples também.

O Jornal Nacional, infelizmente, não veiculou o pedido de desculpas pelo erro cometido pela GloboNews e reproduzido no “Bom Dia Brasil”. Segundo o texto que foi ar, fica a impressão de algo semelhante pode acontecer de novo. E, parece-me, não pode. Até porque não conheço outra denúncia de crime que fosse ao ar com base apenas no “eu vi”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Atentado à imprensa livre – Fala de presidente nacional da OAB não combina com comportamento da seção fluminense da Ordem, que virou babá de black bloc

Sim, eu vi o Jornal Nacional, com uma excelente reportagem sobre o que aconteceu no Rio, inclusive com as imagens inequívocas de uma TV Russa, que está de parabéns. Escreverei várias coisas a respeito. E não! Não houve um pedido de desculpas à polícia pela informação veiculada pela GloboNews e reproduzida ainda nesta manhã no “Bom Dia Brasil”. E isso é ruim. Ficou parecendo que um erro daquela dimensão foi a consequência natural dos bons padrões de jornalismo seguidos pela Globo. Errado. Bom padrão — exceção feita à não admissão do erro — foi o de hoje. Mas o post de agora é sobre a OAB.

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coelho, apareceu no JN afirmando que o ataque ao cinegrafista é um atentado à democracia. Está certo! Também acho.

Mas então é preciso perguntar: todas as vezes em que a seção da OAB do Rio se mobilizou — e isso aconteceu — para defender black blocs presos, estava fazendo o quê? Na minha opinião, atentando contra a democracia. Sim, todos têm direito a um advogado. Mas, naquelas circunstâncias, o que se tinha era uma farsa da suposta luta da sociedade livre contra o estado. Outras entidades se manifestaram e já falo a respeito delas. Mas a opinião que mais me irritou foi mesmo a do doutor.

Há quanto tempo venho escrevendo aqui sobre o lamentável comportamento da OAB do Rio? Mesmo com as evidências mais escancaradas de que as manifestações não eram pacíficas e de que os black blocs iam para as ruas para quebrar, incendiar, ferir, a seção local se negou, de forma determinada, a censurar os vândalos e sempre transformou a polícia na grande vilã. Sim, ela também errou. E bastante. Mas, no mais das vezes, reagiu à violência, não a provocou. Como eu estou assoviando e andando para o que os milicianos dizem de mim nas redes sociais e não dependo da opinião que eles têm sobre mim para escrever o que penso, então escrevo o que penso.

Simples.

Por Reinaldo Azevedo

 

Cinegrafista ferido – Não é assim que se faz, GloboNews! Não é assim que se faz, “Bom Dia Brasil”! E é evidente que todos por lá sabem disso. Esperemos o pedido de desculpa!

Partiu de um repórter da GloboNews, Bernardo Menezes — e espero que o fato lhe sirva de lição e a quem deu curso à informação falsa que ele veiculou sem uma verificação mínima —, a afirmação de que o artefato explosivo que atingiu a cabeça do cinegrafista Santiago Andrade tinha partido da polícia.

Infelizmente, a informação foi reproduzida ainda nesta manhã no “Bom Dia Brasil”, da Rede Globo. O conjunto da obra é tecnicamente indesculpável (vídeo aqui). Sabem por quê?

As primeiras fotos que vieram a púbico sobre a agressão são da Agência Globo. Foi com base nelas que escrevi meu texto assegurando — por óbvio — que aquele troço não poderia ser uma bomba de gás ou uma bomba de efeito moral. Quem conhece os dois artefatos sabe que não produzem aquele tipo de luz, de faíscas, de fragmentos.

Eu conheço porque já enfrentei as duas. Mas ninguém precisa apanhar da polícia ou enfrentar bombas para conhecê-las. Basta a prudência. E, ouso dizer, é preciso ir para as ruas também com o espírito desarmado. Acho que jornalistas estão tão viciados em chamar manifestações violentas de “pacíficas” que já não conseguem enxergar o que ocorre. A ideologia — ou o preconceito — faz mais mal à visão do que a minha espetacular miopia.

E que se note: eu não neguei que fosse bomba só com base na minha “experiência”. Se a gente não toma cuidado, nada distorce tanto a verdade como estar no lugar em que os fatos acontecem. Um jornalista que estivesse em Dresden quando houve o ataque dos Aliados poderia ter a impressão de que os nazistas eram as vítimas na Segunda Guerra, não é? Espalhe repórteres entre os alvos de Bashar Al Assad, e ele parecerá o carniceiro que é. Como não os há entre os alvos de seus opositores, estes não parecem os carniceiros que também são. Mesmo tendo a certeza de que aquilo não era bomba de gás, de que não era bomba de efeito moral, tomei o cuidado de perguntar a dois policiais.

Não quero satanizar ninguém, não! Aqueles que deixaram a informação de Menezes ir ao ar, sem a devida checagem, devem dividir com ele a responsabilidade.

Coisas estranhas
Aliás, sabem onde li primeiro que NÃO ERA UMA BOMBA DA POLÍCIA??? Na edição online de “O Globo”, logo depois do fato. Sim, senhores! Aliás, havia lá também o testemunho de um repórter do jornal. Ele vira o artefato partir de um black bloc. MINUTOS DEPOIS, A INFORMAÇÃO DESAPARECEU DO SITE.

Ou seja: entre a versão daquele que viu a bomba (que bomba não era) partir da polícia e a daquele que vira o explosivo partir de um black bloc, o primeiro ganhou. Afinal, ele tinha a narrativa pior para as “forças da repressão”, né? A Abraji, que se intitula — e acredito que seja — uma associação de jornalistas “INVESTIGATIVOS”, preferiu emitir uma nota toda ambígua, sem investigar minimamente as imagens.

Eu publiquei um post às 22h52 evidenciando por que aquela coisa não poderia ter partido da polícia. Às 4h29 desta madrugada, lamentava a covardia da imprensa, que se negava a reconhecer o óbvio. O “Bom Dia Brasil” foi ao ar, sei lá, às seis e pouco da manhã. Já dava tempo, creio, não de ter me lido (os jornalistas da Globo certamente têm mais o que fazer), mas de ter visto as fotos e consultado alguns especialistas.

No texto que escrevi ontem e no comentário que fiz hoje de manhã na Jovem Pan, lamentei que a própria Band, em nota, tivesse flertado com a possibilidade de ser uma bomba da polícia.

Não sei como as duas emissoras vão se desculpar. Sei que devem desculpas: aos telespectadores e à Polícia Militar. O erro de visão e de jornalismo é grave porque muda a autoria de um crime grotesco, que ainda pode vir a ser um assassinato. De resto, trata-se de uma agressão à imprensa livre.

Para encerrar
Ouso dizer que algo assim estava pipocando na área, pronto para acontecer. Infelizmente, a indisposição dos jornalistas, especialmente das TVs, com as polícias e a determinação de tratar arruaceiros como manifestantes, sob a patrulha severa de milícias nas redes sociais, acabariam dando nisso. Esse tipo de comportamento não colabora para melhorar nem o jornalismo nem a democracia.

Não sou Catão de ninguém nem me atribuo esse papel. Mas conviria que o jornalismo brasileiro voltasse ao livro texto da Constituição. Liberdade de manifestação não se confunde com baderna.

Tenho a certeza de que haverá um claro e inequívoco pedido de desculpas.

Por Reinaldo Azevedo

 

Não tenho respeito por uma imprensa que puxa o saco dos seus algozes. Covardes! O óbvio é reconhecido: cinegrafista não foi atingido pela Polícia do RJ. Eu “descobri” isso vendo uma foto!

Foi a ignorância ou a má-fé que levou alguns a achar que isso poderia ser uma bomba de gás lacrimogêneo?

Foi a ignorância ou a má-fé que levou alguns a achar que isso poderia ser uma bomba de gás lacrimogêneo?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai ser tolerante com os black blocs?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai confundir direito à livre manifestação com arruaça?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai primeiro condenar a polícia para depois apurar o que que aconteceu?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai fingir que as ditas manifestações são essencialmente “pacíficas” e depois fogem do controle?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai se calar sobre o cerco que sofre nas ruas — E QUE NÃO É DA POLÍCIA?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai esconder de telespectadores, de leitores, de internautas e de ouvintes que está sendo caçada nas ruas por bandidos disfarçados de sonhadores?

Até quando a imprensa brasileira vai confundir uma horda de comuno-fascistoides com democratas?

Até quando a imprensa brasileira, com raras exceções, vai puxar o saco de seus algozes?

Pronto! Agora os especialistas falam o que já era evidente desde o primeiro momento — bastava ver as fotos: o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, que foi gravemente ferido na manifestação desta quinta, no Rio, foi vítima de morteiro, ou algo parecido, mas não de bomba de gás lacrimogêneo.

Órgãos de comunicação e associações de jornalistas emitiram notas covardes a respeito, afirmando desconhecer a origem do artefato explosivo que atingiu Andrade — sempre presente a hipótese da bomba de gás.

Tenham paciência! Eu nunca cobri protestos de rua. Eu já fiz protestos de rua. Eu nunca reportei bombas de gás; eu já enfrentei bombas de gás. Só a ignorância alarmante ou a má-fé — eventualmente uma combinação das duas coisas —, diante daquelas imagens, poderia insistir na hipótese de que fosse uma bomba de gás ou de efeito moral. Desde quando produzem aquela luz? Desde quando produzem aqueles fragmentos? Desde quando têm aquelas características? Ninguém tinha o direito de se enganar depois da divulgação da primeira imagem.

Mas como resistir à tentação de condenar a polícia? Infelizmente, boa parte dos jornalistas detesta mais os policiais do que os bandidos. Sei que muitos babam de rancor quando escrevo essas coisas, mas eu sempre digo o que penso, mesmo quando não me pagam para isso.

Mas como resistir à tentação de puxar o saco dos ditos “manifestantes”? Afinal, tudo o que jornalista mais teme hoje em dia é cair na boca do sapo de grupelhos terrorististoides nas redes sociais. Muitos jornalistas hoje em dia querem mais ser amados do que se comprometer com a verdade.

Imaginem
Imaginem o escarcéu que não se estaria a fazer a esta altura se Andrade tivesse sido ferido pela polícia. Alguém dirá: “Ora, Reinaldo, é natural. A polícia está aí para proteger as pessoas”. É verdade! Mas e os manifestantes? Sua tarefa é agredir os policiais e os bens públicos e privados?

Ainda ontem li textos moralmente delinquentes afirmando que a polícia do Rio usou bombas de gás lacrimogêneo e que os manifestantes responderam com paus, pedras e depredações. Como é que é? Foi o contrário! Quem reagiu foi a polícia. Voltemo-nos um pouco para São Paulo. Não fossem duas câmeras de segurança, os policiais que atiraram no tal Fabrício Proteus estariam com suas vidas e carreiras destruídas. Como o algoz de manual era a vítima, e a vítima de manual era o algoz, não se fala mais do assunto.

As associações de jornalistas, no entanto, são incapazes de emitir uma nota de protesto sem aquele tom politiqueiro e demagógico que, no fim das contas, acaba acusando sempre a polícia. Uma delas cobra que o estado garanta o direito à livre manifestação. É? Quem, por acaso, a está ameaçando?

E a OAB do Rio de Janeiro? Continua a se comportar como babá de black blocs? Informa a VEJA.com:
Um fotógrafo da Agência O Globo que testemunhou e registrou a explosão afirmou, em entrevista ao RJTV, ter visto o momento em que um integrante do grupo Black Bloc acendeu o artefato e lançou na direção de policiais. O homem que acendeu o explosivo usava, segundo ele, calça jeans e camisa cinza. O comandante do 5º BPM (Praça da Harmonia), Luiz Henrique Marinho, estava a poucos metros do local e disse ter visto, no momento da explosão, manifestantes mascarados lançando bombas caseiras contra os policiais.

Pois é… Fica uma dica: de hoje em diante, ao contratar um jornalista, sugiro que uma questão seja considerada eliminatória: “Você conhece bomba de gás lacrimogêneo?”. 

Por Reinaldo Azevedo

 

A covardia de parte considerável da imprensa e dos jornalistas é nauseabunda até quando um cinegrafista, que estava trabalhando, agoniza no hospital

Santiago Andrade é cinegrafista da Band. Na noite desta quinta, ele estava trabalhando. Cobria o chamado protesto contra o reajuste das passagens de ônibus no Rio. Reajuste correto e necessário — a menos que você, leitor, acredite que existe almoço grátis. Marcharam contra a elevação da tarifa, de R$ 2,75 para R$ 3, os de sempre: partidos de extrema esquerda e, claro, os black blocs. Já não tenho estômago para ouvir repórteres na TV recitando um textinho de manual: “A manifestação era pacífica…”. Mentira! Nunca foi. Até porque os black blocs estavam na turma. E eles nunca são pacíficos. São os primeiros a confessar. Um artefato explosivo atingiu a cabeça de Santiago. Houve afundamento craniano. Já foi submetido a uma cirurgia e está em estado gravíssimo no Hospital Souza Aguiar.

Vejam agora uma sequência de seis fotos, que registram o momento exato em que Santiago é ferido. Volto em seguida.

Santiiago 1

Santiago 2

Santiago 3

Santiago 4

Santiago 5

Santiago 6

Os veículos de comunicação todos estão reticentes. Dizem não saber se Santiago foi atingindo por uma bomba de gás lacrimogêneo ou algum outro artefato. Não tinha visto ainda esta sequência. Agora vi. Desde quando bomba de gás — ou mesmo a de efeito moral — provoca essa luz? Que história é essa? Há testemunhos de que manifestantes — leia-se, no caso, bandidos — lançaram vários morteiros ou sinalizadores durante os confrontos com a polícia. A luz avermelhada registrada ali e os restos da explosão são, obviamente, compatíveis com morteiro ou sinalizador. Ainda que seja alguma outra coisa, não se trata de bomba de gás ou de efeito moral.

E a Polícia Militar só carrega essas duas. Os demais explosivos são levados para as ditas manifestações pelos arruaceiros. Até uma nota oficial da Band fala da hipótese de ser uma bomba de gás… Desde quando ela causaria aquela luz e provocaria o afundamento de crânio com a gravidade que está sendo noticiada? Não custa lembrar: um sinalizador, como aquele que matou o menino boliviano num estádio de futebol, pode atingir até 300 km por hora.

Associações de jornalistas e emissoras de TV divulgaram notas de solidariedade, mas se negam a censurar a violência explícita e organizada desses que são chamados de manifestantes. Manifestantes defendem ideias, pontos de vista, fazem reivindicação. Não saem por quebrando e incendiando tudo.

Mais uma vez, aquela turma de ontem decidiu depredar a Central do Brasil e as ruas do entorno. Partiram para o confronto com a polícia e hostilizaram, de novo, a imprensa. O jornalismo, no entanto, prefere olhar para o outro lado e se nega a dizer o nome dos seus agressores, uma gente que odeia a democracia, a liberdade e o estado de direito. É mentira! Eles não querem ônibus mais barato porcaria nenhuma! Querem se impor pela violência e pelo terror.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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