Clima adverso e demanda em franca expansão seguem intensificando lucros do agronegócio global

Publicado em 27/10/2020 16:31 e atualizado em 28/10/2020 08:11

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A alta entre as commodities agrícolas continua sendo destaque também no noticiário internacional, principalmente porque as multinacionais do setor voltaram a lucrar depois de anos fracos de lucratividade. A demanda maior por alimentos é o principal combustível para este movimento, como explicam analistas internacionais. 

"Há uma demanda realmente forte e uma luta pela execução, então é um ambiente operacional melhor por causa da perspectiva desta demanda aprimorada. Acho que todo o mercado sente isso", afirma em entrevista à Bloomberg o diretor executivo da administradora de grãos norte-americana Scoular Co., Paul Maass. 

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Com a ascensão dos preços da soja, do milho e do trigo diante da demanda aquecida - especialmente por parte da China no mercado norte-americano - os resultados financeiros de empresas como a ADM (Archer-Daniels-Midland Co.) e a Bunge vêm melhorando consideravelmente. 

Os futuros da soja registram seus mais elevados patamares em quatro anos, enquanto o trigo bate em suas máximas em seis na Bolsa de Chicago. Para o milho, são ganhos, ainda de acordo com a Bloomberg, de 36% desde abril, quando se registraram os menores preços em 10 anos. E não somente na CBOT os preços sobem. Na China, as cotações do cereal trabalham com preços recordes, bem como no Brasil, o que acontece com a soja também. 

Em dólares, os preços médios da oleaginosa deverão ser 12% maiores no Sul do Brasil e 15,5% no Cerrado para a safra 2020/21 se comparados à temporada anterior, segundo estudo feito pela Cogo Inteligência em Agronegócio. Situações semelhantes são observadas em todo complexo soja, com destaque para o óleo. 

"Estamos completamente descolados no óleo de soja", explica Carlos Cogo, sócio-diretor da consultoria. "São os maiores preços em termos nominais e reais da história para o farelo e óleo (no Brasil)", completa. Tais condições são reflexo de uma oferta já quase inexistente no mercado brasileiro e das preocupações com a nova safra da América do Sul em função das adversidades climáticas. 

E não só as safras sul-americanas sentem as questões do clima, mas também as regiões do Mar Negro, a Ucrânia e partes da Ásia, onde as produções estimadas de grãos são revisadas para baixo e alimentam ainda mais as altas das commodities, em especial o trigo. Da mesma forma, as exportações de carne suína norte-americana registram novas máximas e entram na conta do bom momento do cenário global dos alimentos e do agronegócio. 

Ao lado dos problemas climáticos, na Argentina os produtores estão retraídos e distantes de novas vendas dada a desvantagem cambial pela qual passam agora. "Mesmo que não tenhamos nenhum problema gravíssimo de clima na América do Sul, temos a retração do produtor argentino, do produtor brasileiro e os americanos já bem vendidos é bem possível que encontremos os US$ 11,00 por bushel nos vencimentos novembro e janeiro/21 na Bolsa de Chicago", explica Ênio Fernandes, consultor de agronegócios, da Terra Agronegócios. 

Mais do que isso, Fernandes cita ainda a situação dos prêmios, muito altos e fortes para a soja brasileira nos meses de janeiro e fevereiro, "mostrando que o mercado quer essa soja". E novamente, a demanda externa vai disputar com a indústria brasileira uma oferta mais restrita. 

"As margens que o óleo são fantásticas. Os números de alojamento de aves e suínos e mais o confinamento bovino são fortes e bons para o farelo. Temos demanda interna forte, tanto para farelo, quanto óleo, não teremos soja em janeiro e isso estimula prêmios fortes e altas em Chicago", complementa o consultor.

No gráfico abaixo, com dados do CME Group compilados pela Bloomberg, é possível ver o aumento das margens de esmagamento da soja: 

Margens da soja - Bloomberg

 

Ainda na análise da Bloomberg, este é novo momento para as agroindústrias depois de anos mais fracos e, principalmente, do susto inicial da pandemia do novo coronavírus. Depois de uma retração inicial, a pandemia estimulou um aumento considerável no consumo de alimentos e agora, com a flexibilização dos isolamentos sociais, o consumo de combustíveis também começa a se normalizar e favorecer mercados como o do etanol. 

Números divulgados nesta segunda-feira (26) pela Secretaria Geral das Alfândegas da China mostraram que as importações de milho da China, somente em setembro, foram de 1,08 milhão de toneladas, 675% maiores do que no mesmo mês do ano passado. No caso do trigo, alta de 584%; 23,8% maior nos lácteos e 29% no açúcar. 

No complexo soja, o aumento das importações da nação asiática do grão foi de 19,5% do que em setembro de 2019 e 49,7% a mais de soja. 

"Temos a recuperçaão dos rebanhos de suínos na China, a carne de frango ainda será a mais produzida no mundo, o consumo de carne suína é recorde e os estoques estão baixíssimos. Até o final do mês temos a reunião de Xi Jinping e seus aliados traçando planos e estratégias para os próximos 15 anos e somente se vier alguma medida muito imprevisível é que pode mexer com o mercado. Mas, a população não pode deixar de comer, então a tendência é de que os preços continuem muito bons", acredita Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

Com informações adicionais da Bloomberg

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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