Consumidores industriais de energia recorrem à Aneel contra térmicas emergenciais
![]()
SÃO PAULO (Reuters) - A Abrace, associação que reúne consumidores industriais de energia elétrica, entrou com recurso na agência reguladora Aneel nesta segunda-feira pedindo a rescisão contratual de usinas termelétricas contratadas emergencialmente no ano passado que não entraram em atividade no devido prazo.
O recurso da entidade está associado ao caso das térmicas da Âmbar, braço de energia do grupo J&F, mas a Abrace defende a extinção dos contratos de todos os 11 empreendimentos que ganharam o leilão emergencial realizado pelo governo brasileiro em meio à crise hídrica de 2021 e que não iniciaram operações até 1º de agosto.
Pelos termos do contrato, os empreendimentos deviam começar a fornecer energia em maio, e, se houvesse atraso, estariam sujeitos a multa e rescisão do contrato a partir de agosto.
Das 17 usinas contratadas, apenas seis cumpriram os prazos contratuais. Elas estão fornecendo energia mais cara em um momento de maior alívio ao sistema elétrico, após a recuperação dos reservatórios de hidrelétricas, o que levou a uma série de pedidos pela descontratação desses empreendimentos.
No caso da Âmbar, a empresa adquiriu quatro projetos que venceram o leilão no ano passado --Edlux X, EPP II, EPP IV e Rio de Janeiro I-- e pediu à Aneel para atender esses contratos a partir da energia gerada pela termelétrica Cuiabá, já existente, o que iria contra as regras do leilão emergencial.
A diretoria da Aneel acabou autorizando a troca, desde que as quatro novas usinas entrassem em operação até 1º de agosto --o que não aconteceu, segundo a Aneel e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Por outro lado, a Âmbar afirmou que concluiu em dia 21 de julho as obras referentes às quatro novas usinas e disponibilizou os empreendimentos para operação comercial.
A empresa afirmou ainda que, no dia 22 de julho, requereu autorização para iniciar a operação no Sistema Interligado Nacional (SIN) e aguarda definição das autoridades do setor.
A decisão favorável à Âmbar foi bastante criticada por entidades do setor elétrico, que a interpretaram como um benefício à empresa, além de ter contrariado pareceres da Procuradoria-Geral e áreas técnicas da agência.
O diretor-relator do processo, Efrain da Cruz, alegou na ocasião que as novas condições propostas seriam vantajosas aos consumidores, e que o interesse público do caso permitiria flexibilização das regras do edital do leilão emergencial.
Em recurso à Aneel, a Abrace defende a suspensão imediata da autorização dada à Âmbar, sob pena de a agência "prestigiar exacerbado e inadmissível ativismo regulatório", descumprindo diretrizes explícitas do Ministério de Minas e Energia.
A entidade também disse que enviaria um ofício ao Ministério argumentando que a pasta deveria tomar providências administrativas sobre o caso.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tem se posicionado publicamente pela rescisão dos contratos das térmicas atrasadas.
"Contrato se cumpre para o bem e para o mal... Não está funcionando? Para mim, esse contrato está rompido, é a posição que eu tenho, já alertei a agência reguladora... Minha posição é sólida e não irei mudar", disse Sachsida em entrevista à Jovem Pan na semana passada.
(Por Letícia Fucuchima)
0 comentário
UE corre para conquistar apoio da Itália a acordo comercial com Mercosul, diz parlamentar do bloco
Câmara aprova texto-base com regras para IBS previsto na reforma tributária
Relatórios de emprego atrasados dos EUA devem mostrar abrandamento do mercado de trabalho
Zelenskiy diz que Rússia precisa ser responsabilizada por "crime de agressão"
Atividade empresarial da zona do euro termina 2025 mais fraca do que o esperado, mostra PMI
Ações da China atingem mínima de dois meses à medida que dados dos EUA se aproximam