Dólar ganha fôlego com cautela por contestação das urnas e PEC; mercado aguarda ata do Fed

Publicado em 23/11/2022 10:28 e atualizado em 23/11/2022 11:11

 

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Por Luana Maria Benedito

 

 

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar devolveu perdas iniciais e alternava estabilidade e alta frente ao real nesta quarta-feira, conforme investidores monitoravam a tentativa de contestação das urnas pelo partido do presidente Jair Bolsonaro e aguardavam a definição do texto da PEC da Transição.

Às 10:27 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,09%, a 5,3845 reais na venda. Mais cedo, a moeda chegou a cair 0,65%, a 5,3450 reais, mas foi recuperando terreno gradativamente ao longo da primeira hora de negociações.

Na B3, às 10:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,40%, a 5,3915 reais.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista já havia subido 1,29%, a 5,3798 reais na venda, em parte pelo pedido de verificação extraordinária dos resultados da eleição de 2022 apresentado pela coligação de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Embora o tema continuasse sendo motivo de preocupação neste pregão, ao aprofundar as já significativas incertezas políticas do país, "o que dá um pouco de segurança é que os outros Poderes estão bem alinhados, sinalizando que não estão muito preocupados", disse à Reuters Bruno Mori, economista e planejador financeiro pela Planejar.

Em resposta imediata à petição de verificação, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que a coligação de Bolsonaro faça um aditamento ao pedido inicial para que abranja também o resultado do primeiro turno, ao destacar que as mesmas urnas eletrônicas foram usadas. Se não fizer isso em 24 horas, o pedido bolsonarista poderá ser arquivado.

Ao mesmo tempo, investidores continuavam atentos às negociações da PEC da Transição, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou na terça-feira que ainda não há consenso em torno do texto.

O governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva inicialmente propôs na PEC um gasto extra-teto de quase 200 bilhões de reais por tempo indeterminado, mas boa parte dos mercados espera que o texto possa ser enxugado nas negociações com o Congresso.

"Essa indefinição sobre qual vai ser a conduta do governo em relação às contas públicas traz angústia", disse Mori. "Não tem muito uma tendência de curto prazo (para o câmbio), a tendência é que a volatilidade siga até que haja mais clareza" sobre a PEC da Transição, bem como sobre a equipe ministerial de Lula.

Especulações de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será o escolhido do presidente eleito para comandar o Ministério da Fazenda vêm preocupando investidores nos últimos dias. Na semana passada, a Reuters informou, citando fontes, que Haddad --mais inclinado a aumentar gastos aos olhos do mercado financeiro-- está sendo visto como o favorito de Lula para ocupar o cargo.

Já no mercado internacional, as atenções se voltam nesta quarta-feira para a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve. O documento do banco central norte-americano será divulgado às 16h (horário de Brasília), com os investidores atentos a qualquer coisa que jogue luz sobre a possibilidade de o Fed avaliar uma moderação nas altas dos juros.

"Seus membros têm sido bem vocais de que a estratégia 'higher for longer' (juros mais altos por mais tempo) é para valer, mas o mercado segue precificando quase dois cortes" de juros na segunda metade de 2023, disse Arthur Mota, da equipe de estratégia e macro do BTG Pactual, em publicação no Twitter.

Segundo ele, o mercado vem duvidando das indicações do Fed porque acredita que o banco central será forçado a mudar a conduta da política monetária quando o aperto das condições financeiras bater de fato no mercado de trabalho.

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Fonte:
Reuters

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