BCE volta a cortar juros em meio a estagnação da economia da zona do euro
![]()
Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
(Reuters) - O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros pela terceira vez este ano nesta quinta-feira, destacando que a inflação na zona do euro está cada vez mais sob controle e que as perspectivas econômicas pioraram.
O primeiro corte consecutivo nos juros em 13 anos marca uma mudança no foco do banco central da zona do euro, que deixou de ser a redução da inflação para passar proteger o crescimento econômico, que ficou muito aquém do dos Estados Unidos por dois anos consecutivos.
"As informações recebidas sobre a inflação mostram que o processo desinflacionário está bem encaminhado", disse o BCE. "As perspectivas de inflação também são afetadas pelas recentes surpresas negativas nos indicadores de atividade econômica."
É provável que os dados econômicos mais recentes tenham inclinado a balança dentro do BCE a favor de um corte nas taxas, com as pesquisas de atividade e sentimento das empresas, bem como a leitura da inflação para setembro, todas ligeiramente mais baixas do que o esperado.
O corte de 25 pontos-base reduz a taxa que o BCE paga sobre os depósitos dos bancos para 3,25%. Os mercados monetários estão quase totalmente precificando três outras reduções até março.
Em seu comunicado, o BCE não forneceu nenhuma indicação sobre medidas futuras, repetindo seu mantra de que as decisões serão tomadas "reunião a reunião" com base nos dados recebidos.
"O Conselho do BCE... irá manter as taxas de juros suficientemente restritivas pelo tempo que for necessário", disse o BCE.
INFLAÇÃO E CRESCIMENTO
O BCE pode finalmente afirmar que praticamente domou o pior surto de inflação em pelo menos uma geração.
Os preços aumentaram apenas 1,7% no mês passado na base anual, ficando abaixo da meta de 2% do banco pela primeira vez em três anos. Embora a inflação possa ficar acima de 2% até o final deste ano, espera-se que ela ronde esse nível no futuro próximo.
O BCE observou que os aumentos salariais ainda estão sustentando a "inflação doméstica" - ou seja, o crescimento do preço dos serviços e bens que não dependem muito das importações - mas que isso também está diminuindo.
"A inflação doméstica continua alta, já que os salários ainda estão subindo em um ritmo elevado", disse. "Ao mesmo tempo, as pressões sobre o custo da mão de obra devem continuar a diminuir gradualmente, com os lucros amortecendo parcialmente seu impacto sobre a inflação."
No entanto, a economia teve que pagar um preço alto por isso.
As altas taxas de juros minaram o investimento e o crescimento econômico, que está fraco por quase dois anos. Os dados mais recentes, inclusive sobre a produção industrial e os empréstimos bancários, apontam para mais do mesmo nos próximos meses.
Um mercado de trabalho excepcionalmente resiliente também está começando a apresentar algumas rachaduras, com a taxa de vacância - ou a proporção de empregos vagos em relação ao total - caindo de níveis recordes.
0 comentário
Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde