Café: Preços seguem em alta e arbitragem entre arábica e robusta aumenta
O mercado do café apresentou altas nos últimos dias, impulsionado por questões de oferta e mudanças no cenário macroeconômico global. A correção no índice do dólar, após uma postura mais branda dos EUA sobre tarifas comerciais no início do segundo mandato de Trump, beneficiou moedas emergentes como o Real brasileiro, que também foi influenciado por dados de inflação acima do esperado pelo mercado (4,36%) e entrada de capital estrangeiro, favorecendo as commodities.
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, “a volatilidade do mercado se manteve com preocupações sobre oferta frente à demanda aquecida. O contrato de arábica para março de 2025 atingiu um recorde de 355,5 c/lb no pregão de segunda (27), embora tenha fechado em 349,2 c/lb”.
A oferta global continua limitada: o Vietnã avança na venda de robusta, mas de forma lenta; apesar da colheita de arábica na Colômbia e América Central, o café tem demorado a chegar no mercado; e produtores brasileiros mostram pouco interesse em novas vendas.
Dados recentes sobre a comercialização da safra 24/25 no Brasil confirmam estoques de passagem limitados. Até dezembro, 82% da safra de arábica e 91% da de robusta haviam sido vendidas. Já para a safra 25/26, a consultoria Safras & Mercado indica que as vendas estão abaixo da média histórica, com apenas 12% negociados, comparado a 19% em 2024 e 21% na média de 5 anos.
“Os preços dos grãos brasileiros subiram no mercado internacional devido à maior demanda e oferta restrita. Diferenciais de preços do arábica e conilon estão acima da média de 5 anos. O conilon teve um aumento significativo na última semana, influenciado pela redução da oferta vietnamita. Entretanto, o spread entre arábica e conilon no Brasil atingiu níveis elevados desde o fim de 2024, refletindo a alta mais expressiva do arábica em função das preocupações com oferta limitada”, avalia Laleska.
Os spreads entre as cotações do café arábica bebida dura tipo 6 e conilon 13 acima e do arábica 600, contra o conilon 7/8, estão acima da média dos últimos 5 anos, refletindo um aumento da diferença de preços entre as variedades.
“Apesar do suporte recente ao conilon, fatores como a possível redução da safra 25/26 de arábica, a queda nos estoques certificados da ICE e uma esperada recuperação do conilon no Brasil indicam que o spread deve permanecer elevado em 2025”, indica.
A analista conclui que essa diferença pode aumentar o uso de conilon em blends domésticos, já que anteriormente, com preços mais altos, torrefadores priorizavam o arábica. Agora, espera-se maior demanda por conilon no Brasil e em mercados asiáticos, onde é amplamente utilizado em cafés solúveis, exceto na China, que prefere o arábica.
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