Café em números: Produção brasileira de Conilon deve crescer, enquanto arábica amarga novo ano de incerteza
![]()
Durante os últimos 5 anos, a produção de café do Brasil enfrenta desafios com adversidade das condições climáticas, que vem impactando significativamente a produtividade/volume das safras.
Devido a um clima desfavorável, que registrou seca e altas temperaturas no período crítico de desenvolvimento da florada, resultando assim em grãos mal granados e rendimento menor, a safra brasileira de café de 2025 registra perdas de até 30% em algumas regiões do país.
O 4º Levantamento de Café 2025, divulgado no dia 4 de dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), destaca que mesmo sendo um ano de bienalidade negativa, a produção brasileira de café em 2025 está estimada em 56,5 milhões de sacas de 60 quilos, a terceira maior registrada da série histórica pela companhia. Este resultado vem da combinação de uma ligeira queda de 1,2% na área em produção, estimada em 1,85 milhão de hectares, com uma melhor produtividade média nacional, projetada em 30,4 sacas por hectare, um reflexo do bom desempenho verificado nas lavouras de conilon.
Para o conilon, a Conab esclarece que a regularidade climática favoreceu o vigor das plantas e resultou em elevada carga produtiva, resultando em uma safra/25 de 20,8 milhões de sacas, contabilizando assim um crescimento de 42,1% diante a safra passada.
![]()
Já para o arábica, a Companhia pontua que houve uma redução na colheita diante de o atual ciclo ser de bienalidade negativa, e após períodos de escassez hídrica ao longo da safra que também reduziram o potencial produtivo das lavouras. Nesse cenário, a área em produção para a espécie registrou uma queda de 1,5%, chegando a 1,49 milhão de hectares, enquanto a produtividade média das lavouras caiu 8,4% sobre a safra de 2024, chegando a 24,1 sacas por hectare, resultando assim em uma safra total estimada em 35,76 milhões de sacas, diminuição de 9,7% em relação à temporada anterior.
![]()
Relatório de Adido, divulgado no dia 2 de dezembro, pelo Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA traz um panorama produtivo dos principais (e maiores) países produtores. Para o Brasil, o USDA prevê que a safra 2025/26 deverá apresentar uma queda significativa na produção total, principalmente devido a uma redução de 13% na produção de arábica em comparação com a temporada anterior e, em contrapartida, a produção de robusta deverá aumentar 19%, devido às condições climáticas favoráveis nas regiões produtoras. O Brasil deve então produzir 63 milhões de sacas em 2025/26, sendo 38 milhões de sacas de arábica e 25 milhões de sacas de robusta.
Sobre a produção cafeeira do Vietnã, o USDA pontua que o total produtivo do país asiático deverá ser ligeiramente maior, com a estimativa de 30,8 milhões de sacas para safra/25, incluindo 29,6 milhões de robusta e 1,2 milhão de arábica. Infelizmente, os tufões Kalmaegi e chuvas extremamente fortes que atingiram o Vietnã durante a fase de colheita danificaram a produtividade em algumas áreas, especialmente na região Central das Terras Altas. Mesmo assim, alguns especialistas preveem que essa produção aumentará até 10% no ano-safra 2025/26, a maior dos últimos 4 anos.
O excesso de chuva também prejudicou a produção cafeeira na Índia, ocasionando que queda dos frutos e o aumento de doenças fúngicas, deixando então a previsão de produção de café para o ano comercial em 6 milhões de sacas. Agora com condições climáticas mais favoráveis, maior investimento em insumos e melhores práticas de manejo agrícola, a Indonésia deve colher este ano um total de 12,5 milhões de sacas, conforme aponta ainda as estimativas do USDA.
E para a Colômbia, o relatório estima uma produção (toda de arábica) de 13,8 milhões de sacas. O documento destaca que na temprada passada o país teve a maior colheita dos últimos 30 anos, e agora as lavouras mostram sinais de exaustão com floradas reduzidas, impulsionando assim em uma queda de 6,8% na safra atual.
De olho na safra de 2026: Safra brasileira recorde?
Embora ainda seja cedo para a divulgação de volumes reais, algumas entidades que representam o setor cafeeiro no Brasil já arriscaram estimativas para a safra 2026 do país, baseando as primeiras previsões no pegamento da florada em algumas áreas produtoras.
Mesmo ainda abaixo do potencial máximo que poderia ser atingido em condições climáticas ideais, a safra 2026/27 de café no Brasil deve avançar 13,5% e chegar a 70,7 milhões de sacas, sendo 47,2 milhões de arábica (aumento anual de 29,3%) e 23,5 milhões de sacas de robusta (recuo de 8,9%), conforme divulgou a StoneX no último dia 12 de novembro. A empresa estima ainda que o saldo final da próxima safra refletirá o equilíbrio entre perdas regionais e ganhos em novas áreas plantadas, bem como a recuperação de Rondônia.
A consultoria Safras & Mercado prevê que no ano que vem, a colheita brasileira deverá ter um crescimento de 10,5% em relação ao ciclo anterior, devido um clima mais favorável neste ano durante importantes fases de desenvolvimento cafeeiro. A estimativa inicial aponta então para alta de 21,8%, com produção de arábica alcançando 46,70 milhões de sacas.
0 comentário
Infraestrutura estrangulada nos portos gera prejuízo de R$ 8,7 mi a exportadores de café em outubro
Média faturada das exportações do café não torrado avança, enquanto o de torrado recua em 13% na 1ª semana de dezembro/25
Baixo pegamento das floradas do café vem ocasionando podas tardias na região da Zona da Mata de MG
Café em números: Produção brasileira de Conilon deve crescer, enquanto arábica amarga novo ano de incerteza
Preços do café seguem oscilando e pressionados pelo clima no Brasil
Disparada do dólar consolida quedas nos futuros do café arábica no fechamento desta 6ª feira (05)