França tenta adiar votação de acordo comercial do Mercosul em meio a protestos de agricultores
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Por Michel Rose
PARIS, 15 Dez (Reuters) - O governo da França está tentando adiar uma votação da União Europeia para aprovar um acordo comercial da UE com o Mercosul, após preocupações sobre seu impacto sobre os agricultores e protestos na França.
O acordo com a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, assinado há um ano, mas ainda não ratificado, abrirá novos mercados para os exportadores europeus, duramente atingidos pelas tarifas dos Estados Unidos e pela concorrência chinesa, e daria a Bruxelas novos aliados comerciais.
Mas enfrenta a resistência dos agricultores europeus, que temem que uma enxurrada de importações baratas com regras ambientais menos rigorosas, especialmente de carne bovina e de frango, possa prejudicar seus produtos em seus mercados domésticos.
A França, o maior produtor agrícola da Europa, procurou forjar uma coalizão de países que poderia formar uma minoria de bloqueio ao acordo do Mercosul em qualquer votação em Bruxelas e pressionar a Comissão Europeia.
A Comissão, que é responsável pela negociação dos acordos comerciais da UE, ofereceu salvaguardas para os agricultores em outubro, mas a França as considerou "incompletas".
O primeiro-ministro francês, Sebastien Lecornu, pediu no domingo que a UE adiasse a votação do acordo agendada em Bruxelas antes da visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil em 20 de dezembro para assinar o pacto.
Questionada sobre a posição francesa, a Comissão disse que ainda espera assinar o acordo até o final do ano, acrescentando em um comunicado que "na visão da Comissão, assinar o acordo agora é uma questão de importância crucial -- econômica, diplomática e geopoliticamente".
As reações em outras partes da Europa seguiram as divisões existentes. Polônia, Hungria, Áustria e Irlanda expressaram simpatia pela posição francesa, enquanto a Itália permanece ambivalente.
"Qualquer adiamento é um sinal muito bom", disse o ministro da Agricultura da Polônia, Stefan Krajewski.
Volker Treier, da Câmara de Comércio Alemã DIHK, disse: "A UE não pode perder a oportunidade de fortalecer os laços com os principais parceiros comerciais e de matérias-primas da América do Sul e de reduzir as barreiras comerciais existentes".
Seriam necessários pelo menos quatro Estados-membros, representando 35% da população da UE, para bloquear o acordo.
Muito dependerá da posição da Itália, cujo peso do voto poderia influenciar a votação. Sua confederação industrial favorece o acordo com o Mercosul, mas os agricultores italianos se opõem a ele.
Uma autoridade de alto escalão italiano disse à Reuters que a Itália decidirá sua posição durante uma cúpula da UE na quinta-feira.
(Reportagem adicional de Philip Blenkinsop, em Bruxelas; Angelo Amante, em Roma; Barbara Erling, em Varsóvia, e Victoria Waldersee, em Madri)
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