Dedicação e resiliência: Desafios climáticos não conseguiram abalar a qualidade dos cafés brasileiros
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Por trás da xícara de café perfeita, há uma batalha travada diariamente nos cafezais. Em 2025, o produtor brasileiro enfrentou mais uma vez um cenário de múltiplos desafios, e entre eles o principal: a instabilidade climática.
Chuvas fora de época, invernos secos ou muito úmidos, altas temperaturas, fenômenos como granizo e geadas, entre outros fatores, acabaram afetando a formação dos frutos, resultando em mais uma temporada de quebra significativa na safra brasileira, e impondo novamente o grande obstáculo dos últimos 5 anos aos cafeicultores, que é a garantia de uma produção de grãos de qualidade.
"Além de uma quebra da quantidade, nesta safra de 2025 percebemos também uma diferença nas peneiras e na qualidade. A peneira graúda e miúda não teve problema, mas vimos um pouco mais de moca, de café de chão, de varreção, que têm uma qualidade inferior", conta o Gerente da Mesa de Operações da Minasul, Heberson Sastre.
Segundo o engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, Jonas Leme Ferraresso, nos últimos anos, a junção de fatores climáticos adversos e de uma margem de lucro apertada vem desestimulando, de certa forma, a produção de cafés finos/especiais. "Com floradas desuniformes e variações de preço, muitos produtores optam por vender café natural padrão em vez de investir no descascamento para cafés finos, já que a diferença de preço é pequena e o custo de operação, com equipamento, água, mão de obra, não compensa", explica o agrônomo.
Porém, apesar de todas essas adversidades, um grande destaque em 2025 foi a resiliência do cafeicultor brasileiro. A adoção de estratégias de manejos aliadas com a mais alta tecnologia vem sendo a fórmula, não apenas para sobreviver na cultura, mas para garantir e elevar o padrão de qualidade da bebida.
"O produtor brasileiro enfrenta sim grandes desafios, mas nenhum outro produtor no mundo tem o suporte total de boas tecnologias de assistência. E esse suporte é fundamental e importante pois, apesar de todos esses eventos climáticos e tudo que a gente tem visto acontecer nos últimos anos, os cafés brasileiros, ano após ano, são cada vez mais incríveis. Isso é ciência aplicada na prática", afirma o professor da UFLA (Universidade Federal de Lavras), Flávio Borém.
Ainda de acordo com Borém, os produtores estão cada vez mais qualificados e o mercado global está ávido pelas bebidas incríveis que têm aparecido aqui no Brasil, "temos cafés com perfis sensoriais cada vez mais distintos, que refletem o nível de conhecimento que os produtores alcançaram. Aqui tem muita paixão, muita coragem e muita determinação. Os produtores estão sabendo extrair o melhor da matéria-prima, com a aplicação de novos processos. Temos desafios, mas temos também a vontade de produzir cafés de qualidade para o mundo.
O resultado dessa resiliência é um só: o Brasil conseguiu entregar uma variedade de perfis, atendendo a diferentes mercados", enaltece o professor.
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