Queda do seguro rural leva FPA a priorizar reforço de recursos e estabilidade do crédito em 2026

Publicado em 30/12/2025 10:50 e atualizado em 30/12/2025 14:31
Arnaldo Jardim - Vice-Presidente FPA
Redução na cobertura e eventos climáticos extremos levam FPA a priorizar novas verbas e manutenção do crédito até junho de 2026

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O ano de 2025 se encerra e, para o agronegócio brasileiro, foi marcado por desafios históricos e conquistas estratégicas. Em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas, o vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), Arnaldo Jardim, faz um balanço detalhado das principais pautas que mobilizaram produtores, parlamentares e o setor como um todo.

Plano Safra e crédito rural: acesso ainda é desafio

Apesar de ter registrado o maior volume já anunciado, o Plano Safra 2025, de mais de R$ 516 bilhões, não conseguiu atender a todos os produtores. Juros elevados e restrições na equalização dificultaram o acesso às linhas de custeio e investimento.

“Hoje temos uma diminuição relativa do plano safra no montante necessário para fazer rodar o ano agrícola. Muitos produtores recorreram a operações de barter, muitas vezes com perdas de rentabilidade em função da Selic elevada”, explicou Arnaldo Jardim.

Instrumentos como Fiagros, CPRs e CRAs foram cruciais para garantir financiamento, mas a manutenção de sua preservação fiscal exigiu intensa mobilização da FPA. “Fomos vitoriosos ao impedir a taxação desses instrumentos, garantindo recursos importantes para o investimento no setor”, destacou o parlamentar.

Seguro rural e gestão de riscos: prioridade para 2026

Um dos pontos mais críticos do ano foi a queda da cobertura de seguro agrícola, de 11% para cerca de 7,8% da área plantada. As intempéries climáticas, incluindo excesso de chuvas e secas acentuadas, reforçam a necessidade de instrumentos de proteção eficientes.

A FPA atua em duas frentes para 2026: garantir recursos para seguro rural e assegurar o fluxo de crédito do atual Plano Safra até junho do próximo ano. “A instabilidade climática é real e exige atenção imediata. Não podemos esperar para tratar essas questões apenas no ano que vem”, alertou Jardim.

Reforma tributária e apoio ao pequeno produtor

O agro também teve avanços no campo tributário. A FPA trabalhou para ampliar a isenção do imposto de renda até R$ 5.000 e apoiar a reforma tributária com reconhecimento da cesta básica e dos insumos agrícolas no cálculo da tributação. Medidas que beneficiam especialmente pequenos produtores e microempreendedores rurais, garantindo maior justiça fiscal e incentivo à produção.

Licenciamento ambiental: agilidade sem flexibilizar regras

A derrubada de vetos na Lei Geral do Licenciamento Ambiental foi um dos grandes feitos da FPA em 2025. Jardim reforçou que o novo marco não reduz exigências ambientais, mas cria regras mais claras e prazos adequados para análise de projetos.

“O licenciamento veio para melhorar a eficiência sem abrir mão da sustentabilidade. O cuidado com solo, água e atmosfera permanece, mas com previsibilidade e segurança jurídica para o empreendedor”, explicou.

Cooperativismo em evidência

2025 foi declarado o Ano Internacional do Cooperativismo pela ONU, e as cooperativas brasileiras tiveram papel central na manutenção da produção e distribuição de renda.

“Temos fortalecido o cooperativismo no agro, crédito, saúde, educação e transporte. Recentemente, cooperativas passaram a atuar também no setor de seguros, promovendo mais concorrência e eficiência”, destacou Jardim.

Agro na COP 30: mostrando ao mundo o compromisso sustentável

A participação brasileira na COP 30 marcou um momento histórico. O agro brasileiro apresentou sua legislação ambiental rigorosa, o uso crescente de bioinsumos e a prática da integração lavoura-pecuária-floresta, destacando o compromisso com a sustentabilidade e o combate ao desmatamento ilegal.

O evento contou com a criação da “Agrizone”, espaço exclusivo para debates e experiências do setor agro, que servirá de modelo para futuras edições da conferência internacional.

Transição energética e biocombustíveis

O avanço da matriz energética do agro também foi um destaque de 2025. Com a implementação do E30 e a expansão de biorrefinarias, o setor diversificou fontes de etanol, incluindo milho, trigo e cana, garantindo segurança energética e alimentar simultaneamente.

“O etanol não compete com alimentos. Pelo contrário, aumenta a produção de biocombustíveis e alimentos, utilizando sobras de produção, como farelo de milho e soja, para gerar energia e ração animal”, reforçou Jardim.

Segurança jurídica e combate a invasões

O aumento das ocupações irregulares em áreas agrícolas, promovidas pelo MST, foi outro ponto de preocupação. A FPA defende endurecimento da legislação e respeito ao marco temporal, garantindo segurança jurídica e preservação do patrimônio produtivo do país.

MST e conflitos fundiários

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) manteve presença expressiva em 2025, com mais de 250 ocupações registradas, segundo dados do Incra e CNPC, principalmente em propriedades de médio porte localizadas no Centro-Oeste e Sul do país.

O MST busca pressionar por distribuição de terras e regularização fundiária, enquanto produtores defendem a segurança jurídica das propriedades e a continuidade da produção. Em resposta, o governo federal intensificou operações de mediação entre produtores e movimentos sociais, visando reduzir conflitos violentos e garantir a integridade das áreas produtivas.

Arnaldo Jardim afirmou que o diálogo é essencial, mas a proteção à propriedade privada e à produção de alimentos é prioridade. Às ocupações geram insegurança e podem impactar a produtividade regional.”

O tema ganhou atenção nacional com a tramitação de projetos de lei sobre regularização fundiária e marco temporal, que buscam equilibrar os direitos de ocupantes históricos e a segurança jurídica do produtor rural. Especialistas destacam que a definição clara de limites legais é fundamental para reduzir tensões e garantir investimentos no setor.

Sustentabilidade e segurança alimentar

Ao mesmo tempo em que enfrenta conflitos fundiários, o agro brasileiro reforçou em 2025 seu compromisso com segurança alimentar e uso sustentável do solo. Entre os avanços mais importantes.

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Por:
Andressa Simão | instagram @apautadodia
Fonte:
Notícias Agrícolas

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