EXCLUSIVO: Congelamento de fazendas de Daniel Dantas pode influenciar na queda do mercado do boi gordo
A queda no mercado futuro do boi gordo e a estagnação do mercado físico vem preocupando pecuaristas de todo o país. Élio Micheloni, analista da Terra Futuros Corretora, afirma que o mercado vem perdendo a força aos poucos. “O mercado futuro no último mês, de R$ 86, base outubro, perdeu R$ 3. Estava trabalhando com R$ 39 a R$ 40... O mercado veio aos poucos perdendo força”. Micheloni aponta também para uma baixa nos níveis de consumo interno de carne como causa do enfraquecimento do setor. “A gente tem um mercado que deu uma enxugada na ponta consumidora”.
O analista diz ainda que as ações da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, que congelaram 27 fazendas do empresário Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, acusado de crimes financeiros, também pode ter influenciado “um pouco” o movimento de queda do mercado. “Com uma notícia assim, eventualmente você tem um peso de 10% a 20% na decisão do pecuarista e a bolsa acaba caindo, sim”.
O grupo Opportunity tem 23 fazendas no Pará, uma em Minas Gerais, duas em Mato Grosso e uma em São Paulo. As propriedades abrigam, ao todo, 453 mil cabeças de gado. O analista informa que o impacto do “congelamento” dessas fazendas não será tão significativo no mercado de boi bordo, pois a agropecuária Santa Bárbara, responsável pela coordenação das fazendas. “Nós teríamos um impacto no mercado se a Santa Bárbara só tivesse boi magro para engorda, e pelo que eu saiba não é assim. Se ela fosse, deixaria de ofertar ao mercado cerca de 100 mil bois que poderiam estar prontos em um período de 30 a 60 dias”.
O grande problema, segundo Micheloni, é “saber se alguém vai querer comprar gado deles”.
O analista diz ainda que a queda no preço do milho também é um atrativo para se confinar boi. “O mercado pode interpretar que haverá mais gado confinado e aumento de oferta para outubro”.
Pressão no setor
Micheloni aponta para certa “pressão” no setor pecuário brasileiro, que está sendo alvo de ações do Ministério Público e do IBAMA, em operações de fiscalização das regras ambientais, com base no atual código florestal. “Eles estão sendo bombardeados de todos os lados. Se tiverem que pagar, irão pagar por isso. Mas porque é que a Justiça não opera da mesma forma nos outros segmentos, só para ilustrar, em referência ao que está acontecendo no Senado?”
O analista afirma que esta ação também deve consolidar uma imagem negativa da pecuária brasileira no exterior.
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