Já são 3,5 milhões de hectares infestados com buva no Brasil
Segundo o pesquisador e professor da Universidade de São Paulo, ESALQ, Pedro Christoffoleti o problema de plantas daninhas resistentes começou a ganhar maior importância no país nos últimos anos, com a introdução de culturas resistentes aos herbicidas, em especial ao glyphosate. Hoje o Brasil é um dos países que mais utiliza a tecnologia de culturas resistentes ao glyphosate, como a soja, o milho e o algodão, e que ajuda o produtor no manejo de plantas daninhas. “No entanto, o uso intensivo e de forma não adequada da tecnologia por muitos agricultores selecionou algumas plantas daninhas resistentes ao produto”, justificou.
Dentre as plantas daninhas resistentes à tecnologia, a primeira selecionada foi o azevém (Lollium multiflorum). Na região sul do Brasil essa planta daninha, depois de vários anos de aplicação do herbicida, não é controlada mais. A seguir houve a seleção de uma outra espécie, tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo, chamada de buva (Conyza bonarienses e Conyza canadensis), . Esta espécie também está bastante espalhada, devido às suas características de fácil disseminação. Além disso, também foi selecionado o amendoim bravo (Euphorbia heterofila) e finalmente o capim amargoso (Digitaria insularis), mais recentemente em 2008, que também é resistente ao glyphosate.
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Fernando Adegas, a buva e o capim amargoso são plantas com uma proliferação muito fácil, produzem muitas sementes e são muito fáceis de dispersar, pois são sementes pequenas e com uma adaptação que pode ocorrer no Brasil todo.
O caso da buva, que está bem concentrado na questão de resistência ao glyphosate no Paraná e no Rio Grande do Sul, ela é uma planta que nos últimos três anos aumentou significativamente sua disseminação. “Nós tínhamos poucas áreas infestadas e hoje temos em torno de três ou 3,5 milhões de hectares nos dois estados, o que ocorreu nos últimos três a quatro anos. É uma planta de entressafra, mas com potencial de competição muito grande se não for muito bem controlada antes de plantar a soja”, explicou Adegas.
A buva é uma planta que tem que ser controlada antes do plantio da soja e isso têm aumentado o custo de produção pra quem vivencia esse problema nas lavouras. O produtor gasta com a prevenção uma média de dois até oito sacos de soja por hectare, antes de semear o grão só para controlar essa planta daninha. Quando se fala sobre o problema de resistência, o principal problema para o produtor é o custo para superá-la.
Quando esta planta daninha já está presente nas lavouras, o agricultor deve usar estratégias de combate, pois a planta tem um potencial de competição muito grande, em que duas ou três plantas de buva por m² podem nos dar perdas de 20 até 30%. Se esse número aumentar significativamente para 10 a 15 plantas por m2, pode-se chegar a 60, 70 ou até 80% de perda.
A primeira alternativa é com o uso de químicos que antes eram utilizados na soja convencional e podem ser misturados com o glyphosate na dessecação, ou mesmo no controle após o plantio da soja. Então hoje herbicidas residuais e herbicidas pós-emergentes, como 24-D ou flumioxazin, estão sendo novamente utilizados e introduzidos na cultura para poder mitigar o problema da resistência.
Além disso, segundo Christoffoleti, uma das formas mais racionais e sustentáveis de controlar a resistência seria através da utilização de sistemas de produção que tenham alta diversidade. “O uso da rotação de culturas e de sistemas de produção que envolvam duas ou mais culturas no ano com certeza conseguem mitigar o problema porque, com isso, é possível diversificar a infestação de plantas daninhas e diversificar o uso de herbicidas”, aconselha o pesquisador. Hoje o produtor tem como ferramenta para resolver esse problema de resistência, o uso de herbicidas alternativos e o uso de sistemas de produção mais sustentáveis.
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