Brasil ultrapassa China em ritmo de importações
Com uma moeda valorizada e um mercado doméstico aquecido, o Brasil passa a ser o país com a maior expansão de importações do mundo, superando até mesmo a China. No segundo trimestre do ano, a taxa de expansão foi o dobro que a registrada na média mundial. O Brasil ainda tem a segunda maior expansão de importações no mundo desde que a recuperação da economia mundial começou a ganhar fôlego em meados de 2009.
Desde o auge da crise, as importações já aumentaram em 121%. Só a China tem uma taxa superior, de 127%. No segundo trimestre de 2010, o Brasil registrou uma expansão nas compras de 56%, bem superior a todos os demais países.
Dados coletados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que o País praticamente já voltou aos mesmos níveis de fluxo comercial dos meses que antecederam à crise em 2008. Entre as exportações, o Brasil registrou o quarto maior aumento no mundo no segundo trimestre.
O resultado é um superávit comercial cada vez menor em um ritmo de crescimento que já supera o da China. Em setembro de 2008, o Brasil importava US$ 18,1 bilhões. Nos meses que se seguiram, a queda foi acentuada. Em fevereiro de 2009, o valor chegou a US$ 8 bilhões. Mas a expansão está sendo agora a mais acelerada do mundo. Hoje, os dados apontam uma importação de US$ 17,7 bilhões.
A fase mais intensa foi no terceiro trimestre de 2009, com uma expansão de 60%. Mas naquele momento, a alta na China chegava a 71%.
No segundo trimestre de 2010, a taxa brasileira de 56% em comparação ao mesmo período de 2009 foi de longe a mais alta entre as maiores economias. Na China, a alta foi de 44% diante da desaceleração de sua economia, ante 35% no Japão. Na Rússia e Índia, a expansão foi de 33%, ante 32% nos Estados Unidos.
Desde o ponto mais agudo da crise em fevereiro de 2009, os demais países emergentes também registraram altas importantes nas importações.
Máquina chinesa. Na China, as importações passaram de U$ 51 bilhões em seu ponto mais baixo no início de 2009 para US$ 116 bilhões em agosto. Na Rússia, o volume passou de US$ 10 bilhões no auge da crise para importações hoje de US$ 19,8 bilhões. Já a Índia registrou US$ 28 bilhões em importações, depois de ter o valor em US$ 15 bilhões no início de 2009.
A expansão das importações dos emergentes tem sido muito mais acentuada que a dos países ricos. Nos EUA, as importações passaram de US$ 112 bilhões em fevereiro de 2009 para US$ 173 bilhões em agosto. Mas o número ainda é inferior às compras de mais de US$ 200 bilhões que a economia efetuava a cada mês.
Na Europa, o fenômeno é similar. As importações caíram de uma média de US$ 600 bilhões por mês antes da crise para US$ 340 bilhões no início de 2009. Hoje, estão em US$ 434 bilhões, longe dos níveis pré-crise.