Argentina ameaça Brasil com mais protecionismo
Na semana passada, a intimidação foi motivo de queixa do governo brasileiro, em reunião do secretário-geral de Relações Exteriores, Antônio Patriota, com o vice-ministro de Relações Exteriores argentino, Alberto Pedro D'Alotto.
A disposição de criar entraves à entrada de produtos brasileiros foi anunciada por Moreno a Cordeiro no dia 5 de novembro, em reunião no Ministério da Economia em Buenos Aires, na presença do titular da pasta, Amado Boudou. O pretexto foi a importação de tubos de metal do Brasil a preços mais baixos do que os encontrados no mercado brasileiro. Moreno disse que os argentinos não admitem ser alvo de dumping e que o governo prepara "contramedidas" eficientes e não ortodoxas para deter, em breve, importações de mercadorias brasileiras.
Uma das motivações para os impulsos protecionistas no país é o crescente superávit do Brasil, mesmo com o real valorizado em relação ao dólar e ao peso argentino. Entre janeiro e outubro, ele chegou a US$ 2,9 bilhões, com aumento das exportações brasileiras de 54% no período. As importações cresceram pouco mais de 30%. As vendas de produtos básicos aos argentinos, principalmente as de minério de ferro e carne suína, cresceram impressionantes 210% até outubro, e as de semimanufaturados, como produtos de ferro e aço, mais de 120%.
Há uma disposição das autoridades brasileiras de minimizar o episódio publicamente, até em consideração pelas incertezas políticas e econômicas no país vizinho. O tema poderá fazer parte das conversas que o presidente Luíz Inácio Lula da Silva terá, nos próximos dias, com Cristina Kirchner. Já está certo que a ameaça de Moreno constará da pauta da comissão de monitoramento de comércio bilateral, no fim deste mês.