Linha específica à pecuária virá no Plano Safra 2011/12
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, anunciou que no Plano Safra 2011/12, a ser lançado em junho, contará com três linhas de crédito específicas para a pecuária. A informação foi passada aos criadores na abertura oficial da 77ª. Expozebu, em Uberaba (MG), ontem. Segundo o ministro, uma das linhas será destinada à renovação de pastagens, com ênfase em melhoria de produtividade. O crédito abrangerá atividades como correção de solo, adubação, manejo e melhorias genéticas nas gramíneas degradadas.
“Diferentemente da agricultura, a pecuária não tem um sistema de apoio no que diz respeito ao seu financiamento. A expansão da pecuária brasileira está exigindo essa mudança”, afirmou o ministro.
Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a disposição do Ministério é bem-vista, “já que se mostra preocupado com a necessidade de se recuperar pastagens, porém é preciso saber de que forma esses recursos chegarão e em que tempo”, exclama. Mato Grosso detém o maior rebanho bovino do Brasil: são 28 milhões de cabeças. Segundo o ministro, o volume de recursos e os prazos ainda estão sendo definidos em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil.
Vacari lembra que Mato Grosso tem demanda urgente por recursos e que o trabalho de recuperação de pastagens, principalmente as que já estão diagnosticadas como mortas, não pode mais esperar. “Aguardar pelo acesso aos possíveis recursos de um novo Plano Safra é muito tempo. Se esse trabalho de recuperação não começar agora, o Estado terá no próximo ano número ainda inferior de animais prontos para abate no ‘estoque’ local. Vai haver desabastecimento”, alerta.
Conforme estudo recente divulgado pela Acrimat e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso tem atualmente mais de 2,2 milhões de hectares com pastagens mortas e outros 5 milhões são considerados degradados. “Somente para recuperar os hectares mortos é necessário um investimento de R$ 3 bilhões”.
Vacari lembra que existe uma linha de financiamento destinada à recuperação via o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-oeste (FCO), mas que ela não atende às peculiaridades da reforma. Como explica, são dois anos de carência e até oito anos para pagar, porém “para esta atividade são necessários 11 anos para o pagamento, em função do retorno dos investimentos”. Em relação à disposição do Mapa, Vacari reforça: “Qualquer linha que não considere esta necessidade do segmento não é viável. Precisamos de prazos compatíveis e de forma urgente para Mato Grosso”, reforça.
Por meio de intermediação da Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso (SFA/MT), a Acrimat espera apresentar ao Mapa a real situação das pastagens mato-grossenses e as opções para que a reforma possa acontecer o mais breve possível.
PECUÁRIA – Para justificar a linha específica ao segmento pecuária, Wagner Rossi lembrou que o ciclo produtivo da agricultura é de no máximo um ano, enquanto a criação demanda de quatro a cinco anos. O período citado pelo ministro dá ideia do prazo que a linha terá.
Ainda sobre a pecuária, outras duas linhas de crédito incentivarão a retenção e a aquisição de matrizes. Levantamentos indicam que cerca de um terço dos abates no Brasil são de fêmeas. “Quando matamos a fêmea, antecipamos uma receita, mas perdemos receitas muito maiores no futuro”, justificou Wagner Rossi. (Com assessoria)