Na Folha: Senadora Gleisi (PT/PR) defende saída de Palocci do governo
Enfraquecido pela crise aberta após a revelação da multiplicação de seu patrimônio, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, é alvo cada vez maior de fogo amigo, vindo tanto de aliados quanto de petistas.
Defensora do governo Dilma no Congresso, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) sugeriu ao partido a saída de Palocci do governo.
Mulher do ministro Paulo Bernardo (Comunicações), a senadora expôs sua opinião durante almoço que ofereceu, na semana passada, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, na Câmara, o ex-governador do Rio de Janeiro e deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) usou abertamente a crise para pressionar o governo a aprovar uma medida que cria um piso salarial para policiais.
Ele disse que os deputados que defendem o piso devem pedir a convocação do ministro para depor.
"Temos uma pedra preciosa, um diamante que custa R$ 20 milhões, que se chama Antonio Palocci", disse, referindo-se ao faturamento do ministro no ano eleitoral de 2010, revelado pelaFolha.
MAL-ESTAR
Os ataques a Palocci se intensificaram na semana passada, depois que a crise fez o governo ser derrotado na votação do Código Florestal e acirrou os ânimos entre governo, aliados e petistas.
Aliados, PMDB à frente, querem maior participação nas decisões de governo, aprovar questões de seu interesse e acelerar as nomeações no segundo escalão.
Os petistas se queixam, sobretudo, do desconforto de ter que dar explicações públicas sobre a evolução patrimonial do ministro.
O primeiro petista ilustre a reclamar foi o governador da Bahia, Jacques Wagner. Em entrevista a uma rádio, ele cobrou explicações e disse que a evolução patrimonial do chefe da Casa Civil "chama a atenção".
MENSALÃO
Gleisi, segundo participantes do almoço com Lula, perguntou ao ex-presidente se era "estratégico" mobilizar o governo e sua base em defesa de um projeto pessoal -em referência à evolução patrimonial de Palocci.
A senadora chegou a comparar o momento atual ao escândalo do mensalão.
Gleisi, segundo participantes, disse que os mensaleiros cometeram erros graves em nome de um projeto coletivo. E que esse não era o caso de Palocci.
Procurada pelaFolha, a senadora não quis reproduzir o conteúdo de sua intervenção no almoço.
Garotinho, ao defender a votação do piso salarial de policiais, lembrou que o governo foi obrigado a voltar atrás da distribuição de um kit anti-homofobia:
"A bancada evangélica pressionou e o governo retirou o kit gay. Vamos ver agora quem é da bancada da polícia. Ou vota, ou o Palocci vem aqui [ao Congresso]."
O governo vem se desdobrando para que Palocci não seja convocado a depor no Congresso sobre sua evolução patrimonial.
Como revelou aFolha, ele multiplicou seus bens atuando como consultor no período em que exerceu mandato de deputado (2006-2010).
Não adianta! O petismo é um estado moral incurável. Cheguei a achar, ao bater aos olhos na reportagem da Folha, que a senadora estivesse movida por zelo de justiça. Mas quê… Gleisi acha ruim que Palocci tenha feito o que fez, seja lá o que for, para o enriquecimento pessoal. Se fosse para o partido, ela pondera, aí seria diferente. Ah, bom!!! Isso quer dizer que a senadora não sabe como justificar Palocci — e é mesmo injustificável. Mas ela já conseguiria justificar Delúbio Soares numa boa.
No quintal dos outros
Apesar de ter dado um "pause" momentâneo na entrega de cargos do segundo escalão, para afastar a ideia de que negocia a blindagem de Antonio Palocci, o Planalto abriga hoje nova rodada da disputa entre PT, PMDB e PSB, que segue a toda nos bastidores.
Petistas têm encontro agendado com o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) para tratar do leque de indicados a postos federais nos Estados, muitos deles sob o guarda-chuva da Integração Nacional -pasta comandada pelo PSB. Já Dilma recebe os presidentes dos partidos aliados, cheios de críticas à tentativa do PT de avançar sobre a "cota alheia".
Sujeito oculto Ainda intrigados com o bate-boca entre Palocci e Michel Temer, peemedebistas se dizem convencidos de que, no telefonema em questão, o ministro acionou o viva-voz para que gente bem mais importante do que Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e Cândido Vaccarezza (PT) ouvisse a ameaça feita ao vice.
Identifique-se Vaccarezza foi barrado na manhã de ontem quando entrava no Anexo 2 da Câmara. O segurança lhe pediu "o crachá". Uma funcionária tratou de apresentar o líder do governo ao policial legislativo.
Reprise Diante das revelações feitas por Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre atividades da empresa de Palocci, petistas lembravam ontem que, em 2005, o correligionário deu sua assinatura à abertura da CPI dos Correios.
DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci (Casa Civil) relatou à bancada petista no Senado que recebeu R$ 1 milhão em apenas um projeto da sua empresa de consultoria, a Projeto, relacionado a um processo de fusão empresarial, segundo informou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
De acordo com Suplicy, o ministro disse que os ganhos por projeto poderiam chegar a R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões se a empresa continuasse ativa. A Folha revelou que Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 nos últimos quatro anos, quando era deputado federal.
Segundo Suplicy, o relato ocorreu na semana passada, na presença da presidente Dilma Rousseff, que reuniu a bancada do PT para almoço.
"Em um processo ele ganhou R$ 1 milhão, mas os ganhos poderiam ser maiores com o tempo. Mas como se tornou ministro, fechou a empresa", disse Suplicy, confirmando o que havia dito em reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo o senador, Palocci disse que a Projeto realizava três tipos de atividades: palestras, consultorias para aplicações no mercado financeiro e assessoria em processos de fusão. O preço de cada palestra variava de R$ 20 mil a R$ 30 mil.
De acordo com o senador, Palocci confirmou que realizou palestra para uma empresa pública, sem remuneração. O ministro confirmou, ainda, a cobrança de uma "taxa de sucesso" na atuação da Projeto com as empresas.
Palocci se irritou com o vazamento da informação por Suplicy. O petista tentou desfazer o mal estar, procurando Palocci por telefone para se explicar, sem sucesso. Acabou enviando um e-mail.
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), disse que "qualquer rememoração de algum fato ocorrido" só produz "mais confusão e conflito". "Prefiro não entrar nessa seara, não me lembro dessa colocação."
Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
Sr. João Olivi,as explicações dadas para elucidar o “enriquecimento” do “integrante” da casa civil, na minha “condição cultural” (definição do STF ) , posso por silogismo, concluir que as “palestras” proferidas, na LG e outros eventos, de R$ 200 MIL são “quitações” de faturas emitidas em datas anteriores a DEZEMBRO DE 2010 !! .... “ E VAMOS EM FRENTE ! ! ! “ ....