O PT sem Lula se esfacela, e ele já se prepara para 2014. Ou: o palestrante de luxo faz proselitismo com o lixo

Publicado em 10/06/2011 18:21
do Blog de Reinaldo Azevedo, na Veja.com.br

O PT sem Lula se esfacela, e ele já se prepara para 2014. Ou: o palestrante de luxo faz proselitismo com o lixo

Escrevi certa feita que o PT, como o conhecemos hoje, tem um tempo de duração: o tempo que durar Luiz Inácio Lula da Silva. Depois se esfacela em grupos menores, organizados em torno de interesses corporativos. Não imagino que configuração possa vir a ter. Uma coisa é certa: como está, não fica. Mas isso também indica que o Ogro Amoroso, o Shrek da política, tentará dar sobrevida ao partido que há e já começa a amaciar o terreno para um eventual retorno. Pode até ser que a presidente Dilma Rousseff venha a achar o caminho da roça. Hoje ela está perdida. Tudo o mais constante, o candidato do PT à Presidência em 2014 chama-se Lula. Por quê? Vamos ver.

O PT está bastante atrapalhado, dividido em correntes, batendo cabeça em público e mandando companheiros para a guilhotina. O que se passa? Pela primeira vez desde 1980, Lula não pode comandar o partido de modo imperial, impondo a sua vontade com mão de ferro. Petistas jamais respeitaram a distinção entre administração e partido quando no Executivo, pouco importa a esfera: municipal, estadual ou federal. Um sempre serviu como fator de ajuste do outro. Ocorre que a presidente da República é Dilma Rousseff, que tem, por força do cargo, autoridade máxima no governo, mas, à diferença de Lula, não tem influência nenhuma na legenda, onde ainda é vista como uma novata, alguém não plenamente integrada à metafísica da sigla. Se ele podia mudar o partido para servir a seu governo ou mudar o governo para servir a seu partido, ela não tem como fazer esse jogo de compensações.

Cinco meses de uma relativa ausência de Lula foram suficientes para que grupos petistas começassem a se engalfinhar. Não se trata daquela velha divergência traduzida em correntes ideológicas, que organizam propostas a serem debatidas em congressos partidários. Nada disso! O que vemos é a vulgar, tradicional e comezinha disputa pelo poder. O Lula presidente, que também mandava no PT, daria um murro na mesa, e as disputas estariam encerradas. Ela não pode fazê-lo porque não tem vida partidária. O, digamos assim, petismo profundo a vê como uma espécie de funcionária de turno de um projeto de poder — que só tem funcionalidade plena com Lula no comando porque só ele unifica as divergências.

O Apedeuta bem que tentou entrar em cena e pôr as coisas no seu devido lugar — segundo o seu ponto de vista ao menos. E o fez num encontro com caciques peemedebistas, com quem compõe o condomínio. Piorou tudo! E a razão é simples: se ele começa a se mexer muito dentro do partido, esvazia a autoridade dela dentro governo, porque as duas instâncias se comunicam e se confundem. No fim das contas, a dificuldade de Dilma está menos em governar o país, que ela pode ir tocando com essa pastosa mediocridade, do que em governar o PT, onde não apita nada. E há muitos descontentes lá. Qualquer um que conheça um pouquinho os bastidores da política sabe que foi o fogo amigo que derrubou Antonio Palocci. As oposições não tinham interesse na sua queda. Ao contrário: viam nele um interlocutor confiável. Foram as aspirações contrariadas das muitas corporações de ofício que derrubaram o agora ex-chefe da Casa Civil.

A fantasia da pobreza altiva
Mais do que assentado numa teoria do poder, o PT se sustenta numa fantasia  que, em muitos aspectos, as esquerdas tradicionais diriam até bastante “reacionária”. E que fantasia é essa? Vamos à receita:
a) o “oprimido”, o “povo”, deve se organizar em movimentos sociais;
b) os movimentos sociais devem formar um partido, que vai disputar o poder para arrancar concessões das elites;
c) uma vez no comando do estado, esse partido se incumbirá, claro!, de implementar medidas que melhorem um pouquinho a vida do “povo”.
Mas atenção! Os “pobres” e “oprimidos” têm de continuar a representar o seu papel de “pobres” e “oprimidos”. É essa condição que lhes confere uma identidade política e uma identidade social. O petismo não se propõe a pôr um fim à pobreza; pretende, isto sim, é fazê-la orgulhosa de si. Afinal, como manter o enredo eliminando seu protagonista? O protagonista do PT é o pobrismo.

Esse modelo supõe a existência de um demiurgo, alguém que seja capaz de se apresentar como aquele que saiu de baixo e tem capacidade de transitar no mundo das elites. Essa fantasia é a expressão popular de um partido que hoje congrega poderosos interesses de corporações e vive uma obvia crise de liderança por força da circunstância: Lula não pôde disputar o terceiro mandato consecutivo.

Luxo e lixo
Vamos ilustrar a que aqui vai exposto conceitualmente com fatos. O Apedeuta esteve ontem num evento em Curitiba chamado Encontro Nacional das Mulheres Catadoras de Material Reciclável. Sim, são mulheres que vivem da reciclagem do lixo doméstico. Ele, obviamente, discursou. O homem que ganha milhões falando à Microsoft, à Telefonica, à LG ou a financistas de Londres, não teve dúvida:
“Eu dizia para vocês que eu sei de onde eu vim e sei para onde vou; portanto, a mesma mão que cumprimenta um rei ou uma rainha é a mesma mão que cumprimenta uma catadora de papel”.

A fala seria apenas a expressão do populismo mais vagabundo não fosse a síntese não exatamente do PT, mas de Lula — ocorre que sabemos que só existe PT havendo um Lula; o resto é delírio do Zé Dirceu… Vejam: ele é aquele que veio do povo, o lugar social onde se encontram as catadoras, mas passou a freqüentar palácios de reis e rainhas, o que elas nunca farão. Não é necessário! Têm a mão dele!

Lula se comprometeu com a causa das “catadoras”. A sabedoria convencional diria que a reciclagem de resíduos, do lixo, deveria ser uma política de estado, não um “movimento social”. No Brasil petista,  ela se transforma num “saber” político, a expressão de uma verdade do “povo”, uma “reivindicação”. Essa fantasia é a essência do petismo, e ela precisa de um Lula para se realizar. Ou vocês imaginam Dilma Rousseff ou Gleisi Hoffmann ali, a dizer: “Eu sei de onde eu vim”?

A crise em curso no governo e no PT e a movimentação de Lula trazem uma boa e uma má notícia: a má é que ele vai começar a pavimentar o caminho para tentar voltar caso Dilma não encontre o rumo, o que é bem possível. A boa é que o conjunto da obra indica que o PT — refiro-me ao partido mesmo — está com os dias contados, ainda que demore um pouco…

Por Reinaldo Azevedo

Depois de falar a catadoras de lixo, Lula defende Palocci, um catador do luxo

Luiz Inácio Apedeuta da Silva encontrou-se com 300 catadoras de lixo de Curitiba e fez um discurso emblemático. Na madrugada, disseco a retórica do Shrek da política, o ogro bonzinho. Ah, sim: depois de falar com as catadoras de lixo, ele defendeu Palocci, que se tornou um catador do luxo.

Por Evandro Fadel, no Estadão:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 9, em Curitiba, acreditar que a saída do ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antonio Palocci, foi uma perda para o País. “Não é todo País que tem um quadro político da competência do Palocci”, afirmou em tumultuada entrevista na saída de um encontro com mulheres catadoras de lixo. Mas acentuou que a presidente Dilma Rousseff “tomou uma atitude no momento correto” ao chamar para o lugar a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT).

“Acho a Gleisi uma figura excepcional”, afirmou. “Eu conheço a Dilma e conheço a Gleisi e acho que elas vão fazer muita coisa nesse País.”

No encontro com cerca de 300 mulheres catadoras de lixo, o ex-presidente foi recebido com gritos de “Lula eu te amo” e fez referência à presidente Dilma por três vezes. Ele iniciou dizendo que se a presidente não tivesse compromisso ou se tivesse sido convidada com antecedência “com certeza” estaria ali. “Mas aqui também está ausente hoje uma das pessoas que mais insistiu para que eu viesse aqui, que era a nossa querida senadora, que hoje virou ministra, Gleisi Hoffmann”, lamentou.

Lula citou uma das principais reivindicações das catadoras, a proibição de incineração de material reciclável,e afirmou estar disposto a participar da “batalha”. “Eu estou mais disponível agora do que quando era presidente da República”, disse. Sob aplausos, o ex-presidente ressaltou ter voltado à sua “origem”. “Eu dizia para vocês que eu sei de onde eu vim e sei para onde vou, portanto a mesma mão que cumprimenta um rei ou uma rainha é a mesma mão que cumprimenta uma catadora de papel”, afirmou.

Ele reforçou ter deixado a Presidência da República, mas não seus compromissos. “Se antes vocês tinham um presidente da República, agora vocês têm um ex-presidente e uma presidenta com a mesma vontade, com a mesma disposição para fazer”, disse. “Podem contar comigo em qualquer circunstância que estarei junto com vocês.” E fez um apelo para que prefeitos e governadores privilegiem as cooperativas de catadores de papel. “Hoje posso falar coisas para prefeitos e governadores que não podia falar quando era presidente porque tinha que respeitar os entes federais”, afirmou. “Hoje sou um cidadão brasileiro livre.” Para encerrar utilizou as mesmas palavras dos discursos eleitorais: “Um abraço e até a vitória, se Deus quiser”.

Battisti. Questionado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal favorável à permanência do italiano Cesare Battisti no Brasil, o ex-presidente preferiu apenas comentar que se trata de “decisão da Suprema Corte”. O ex-ativisita teve a liberdade concedida por 6 votos a 3, em julgamento realizado nessa quarta-feira, 8. Com o resultado, a Corte manteve a decisão de Lula, quando ainda era presidente, de não extraditar Battisti.

Por Reinaldo Azevedo

PT X PT 1 - Teixeira ataca cobiça do PT com ministro no cargo e faz crítica indireta a Vaccarezza

Por Andrea Jubé Vianna, no Estadão:
Em meio ao fogo cruzado das diversas alas da bancada federal, o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), condenou a disputa interna pela sucessão do ministro Luiz Sérgio na Secretaria de Relações Institucionais. “É fundamental colocar um ponto final nessa disputa em nome da unidade da bancada e do governo”, afirmou, em resposta ao assanhamento de petistas pela substituição do ministro enquanto o correligionário ainda ocupa a cadeira.

“Nenhuma movimentação se legitima enquanto ele ainda estiver no cargo”, criticou Teixeira. O alvo era a articulação encabeçada pelo líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), à sua revelia. Ontem, Vaccarezza e os deputados João Paulo (PT-SP) e José Guimarães (PT-CE) reuniram-se com o líder petista no Senado, Humberto Costa (PE), o líder do PTB, Gim Argello (DF), o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para discutir o nome do novo coordenador político do governo.

Atritos. Os grupos de Vaccarezza e Teixeira se enfrentam internamente desde que o líder governista foi derrotado por Marco Maia (PT-RS) na eleição para a presidência da Câmara. No auge da crise, o nome de Vaccarezza despontou como favorito para assumir a coordenação política do Planalto.

Ele teria o apoio do PMDB, que o vê como bom articulador e um nome com trânsito em todas as bancadas. Mas Vaccarezza não tem a simpatia da ala liderada por Maia e Teixeira, que preferem o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) ou o ex-líder do governo Henrique Fontana (PT-RS).

Paulo Teixeira afirmou que aguardará a definição das mudanças na articulação política do governo para iniciar movimentos concretos de pacificação da bancada. “É preciso cessar de vez essa disputa”, reconheceu. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

PT X PT 2 - Lucro de Palocci espantou, afirma dirigente do PT

Na Folha:
Ocupante do segundo posto na hierarquia do PT, o secretário-geral da sigla, Elói Pietá, afirmou ontem que o “alto padrão de vida” do ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) espantou a legenda. Em artigo intitulado “O PT e a crise do ministro Palocci”, ele disse que, para continuar a ser um partido de trabalhadores, não é bom que o PT “cultive o ideal de empresários”. “O que causou espanto e levou os petistas a não apoiarem sua permanência no governo foi a origem de seus ganhos privados, a magnitude dos resultados, e o alto padrão de vida que ele se concedeu”, escreveu Elói Pietá. No dia 15, a Folha mostrou que, entre 2006 e 2010, Antonio Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio. Só no ano passado, sua empresa, a Projeto, faturou R$ 20 milhões. Ex-prefeito de Guarulhos, Pietá pertence à corrente petista Mensagem ao Partido, liderada pelo governador Tarso Genro (RS) e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, de quem Pietá “herdou” a secretaria-geral do PT. “O PT mostrou que prefere o político de vida simples ao empresário bem-sucedido”, concluiu.

Por Reinaldo Azevedo

PRA FRENTE, BRASIL! Para ter imóvel do “Minha Casa, Minha Vida”, pessoas pedem demissão para baixar renda e se enquadrar nos critérios do governo!

Por Julia Duailibi, no Estadão:
Beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida pedem demissão do trabalho para se enquadrar no limite de renda para adquirir um imóvel financiado pela Caixa Econômica Federal. Famílias que receberam ontem as chaves de seus apartamentos, em Blumenau (SC), disseram ao Estado que largaram o emprego para ter renda familiar de até R$ 1.395, teto estipulado pelo governo para obter o financiamento.

A presidente Dilma Rousseff esteve ontem na cidade para entregar 580 unidades do Minha Casa, Minha Vida, das quais 220 foram destinadas a pessoas que perderam suas moradias em 2008, quando parte do Estado foi devastada por fortes chuvas.

“Eu tive que sair do meu serviço para ter acesso a isso. Na assinatura do contrato, tive que sair do emprego”, afirmou Maria Janete da Silva, de 52 anos, que trabalhava havia 14 anos na Souza Cruz e assinou contrato com a Caixa no mês passado. Instalada numa moradia provisória, ela recebeu ontem as chaves do apartamento de 41,36 m², durante a cerimônia que contou com a participação de Dilma.

Janete contou que ganhava cerca de R$ 700 por mês atuando no controle de qualidade da empresa. Somando esse valor ao salário do marido, auxiliar de caminhoneiro, a renda superava o teto da Caixa. Ela optou pelo desligamento do emprego, pouco antes de apresentar a documentação ao banco.

“Se tivesse a carteira de trabalho, não conseguiria. A Caixa é bastante rigorosa”, disse Janete, que vive com dois netos e o marido no prédio de uma faculdade desativada, alugado pela prefeitura para abrigar 41 famílias - 14 receberam um imóvel ontem.

Pedir as contas. “Minha irmã também teve dificuldade. Ou separa o marido da mulher ou tem que pedir as contas do emprego”, disse Eliete Terezinha da Silva, de 36 anos, que também vive na moradia provisória. Desempregada, ela não conseguiu se enquadrar nos critérios da Caixa porque já tinha obtido financiamento para compra de um imóvel anterior.

Eliete disse que perdeu a casa nas chuvas de 2008 e que não tem condições financeiras de comprar outra. “Minha filha começou a trabalhar e ganha R$ 700. Se a outra começar a trabalhar, já passa o valor.” Aqui

Por Reinaldo Azevedo

E as “Mães da Praça de Maio”, quem diria?, transformou-se num antro de corrupção!

Por Ariel Palacios, no Estadão:
A Fundação das Mães da Praça de Maio foi atingida por seu primeiro grande escândalo de corrupção. Sergio Schoklender, ex-braço direito da líder da organização, Hebe de Bonafini, foi denunciado na Justiça por suposto enriquecimento ilícito e desvio de fundos públicos em várias operações imobiliárias ilegais. Segundo a edição de ontem do jornal La Nación, a Justiça vai investigar todas as contas bancárias e contratos da entidade.

O escândalo promete abalar a imagem do governo de Cristina Kirchner, aliada das Mães. As denúncias, feitas pela imprensa portenha e investigadas pela Justiça, indicaram que Schoklender - que administrava fundos de US$ 300 milhões que o governo federal tinha destinado às Mães para a construção de casas - enriqueceu de forma exponencial.

Além de ser o diretor de uma empreiteira que se encarregava das obras das Mães em projetos de casas populares, Schoklender teria uma luxuosa chácara na região de Buenos Aires, quatro iates (avaliados entre US$ 40 mil e US$ 420 mil), um Porsche, uma Ferrari, uma fazenda na Província de Chubut e um avião Piper. Dias atrás, quando o escândalo começou a crescer, Schoklender tentou se defender: “Só tinha um iatezinho…”.

Nesta semana, com a ampliação do escândalo, o subsecretário federal de Obras Públicas, Abel Fatala, tentou colocar panos quentes na crise afirmando que os fundos fornecidos pelo governo Kirchner à Fundação Sonhos Compartilhados (nome da divisão da organização das Mães que constrói as casas populares) foram totalmente destinados às obras. No entanto, o governo admitiu que não existem controles diretos sobre a construção das moradias.

Segundo o Departamento Nacional de Contratos, só no setor da construção civil - onde realiza obras sem licitações públicas prévias - o faturamento da organização das Mães da Praça de Maio cresceu 45% em quatro anos.

O juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi exigiu detalhes da movimentação bancária da organização e pediu cópia de todos os contratos para construção de moradias. Ele ainda solicitou toda a documentação da Fundação Sonhos Compartilhados para checar a legalidade do projeto.

Os principais partidos da oposição pediram à Justiça que impeça Schoklender de sair do país. Rumores no âmbito judiciário indicam que Schoklender poderia ser detido nos próximos dias. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Dilma não recebe iraniana Nobel da Paz, e esta se nega a falar com o Top Top Garcia. Decisão sábia!

Por Flávia Foreque, na Folha:
De passagem por Brasília, a ativista de direitos humanos iraniana e Nobel da Paz (2003) Shirin Ebadi, 63, recusou ser recebida ontem no Palácio do Planalto por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais. Ebadi tentou, mas não conseguiu uma audiência pública com a presidente Dilma Rousseff, mas foi informada de que Garcia estaria disposto a encontrá-la. “Ela veio a Brasília para encontrar Dilma Rousseff e se sentiu muito mal com a recusa. Ela entendeu que a recusa foi [resultado de] uma pressão do governo iraniano”, disse Flavio Rassekh, coordenador da visita de Ebadi no Brasil. O Planalto alegou que não faz parte da agenda da presidente receber personalidades que não sejam chefes de Estado e de governo. Numa tentativa de dirimir o mal-estar provocado pelo episódio, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) enviou carta para Ebadi reforçando o apoio da presidente à causa dos direitos humanos.
“Aproveito para manifestar o perene compromisso do Estado brasileiro com a defesa e a proteção da vida humana e a contrariedade às penas de morte cruéis ou degradantes”, afirma trecho da carta.

O texto prossegue: “Nesta batalha por um mundo mais justo, sem sombra de dúvidas, a senhora, a presidenta Dilma Rousseff e o Estado brasileiro se encontram no mesmo lado, no lado dos direitos humanos”. Rosário disse ainda estar disposta a “regressar de pronto” para encontrar a ativista em Brasília-a ministra passou o dia no Pará, em compromissos sobre o tema da violência no campo. Em audiência no Congresso Nacional, Ebadi pediu o apoio do Brasil à causa dos direitos humanos na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. “Nós vamos ter uma sessão da ONU em setembro, onde o assunto do Irã será discutido novamente. E eu quero de vocês, os bons representantes do povo do Brasil, e da respeitada presidente do país, que com seus votos mostrem o compromisso com os direitos humanos e fiquem ao lado do povo do Irã”, disse ela. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Hesitação do Brasil em apoiar sanções contra a Síria na ONU irrita potências

Por Gustavo Chacra, no Estadão:
O sinal de que o Brasil não deve apoiar a resolução contra o regime sírio de Bashar Assad no Conselho de Segurança das Nações Unidas irritou EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha. Diplomatas desses países disseram estar decepcionados com a posição brasileira de não votar a favor do texto que condena o governo sírio pela onda de repressão a opositores que já deixou mais de mil mortos.

Essa posição em relação ao Brasil foi informada ao Estado horas depois de o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ter afirmado em entrevista na ONU que “a Síria é um país central quando se leva em conta a estabilidade no Oriente Médio”. “A última coisa que gostaríamos é contribuir para exacerbar as tensões no que pode ser considerada uma das regiões mais tensas de todo o mundo”, disse o ministro.

O chanceler evitou revelar o voto brasileiro, dizendo que o governo “seguirá monitorando a situação antes de adotar uma posição”. Mas, para os países defensores da resolução, levando em conta as consultas na tarde de ontem, há sinais de que o Brasil não votará a favor.

Um diplomata ocidental disse ontem que “a sensação é de incompreensão com a posição do Brasil”. “Conhecemos os valores democráticos dos brasileiros e esperávamos que eles se colocassem a favor da resolução. Tivemos a preocupação até mesmo de não colocar no texto nenhum trecho que pudesse dar chance para uma intervenção externa na Síria. Pedimos apenas reformas lideradas pelos próprios sírios, libertação dos prisioneiros e o fim da violência contra os opositores. Mas parece não ter sido suficiente para convencer os brasileiros”.

A resolução proposta por Grã-Bretanha, França, Alemanha e Portugal, com o apoio dos EUA, é bem mais branda do que as duas aprovadas contra o regime de Muamar Kadafi, na Líbia. Na primeira delas, que impôs sanções ao líder sírio, o Brasil votou a favor. Na segunda, que estabeleceu uma zona de exclusão aérea, os brasileiros se abstiveram - ao lado de China, Índia, Rússia e Alemanha.

Além dos brasileiros, apenas China, Rússia e Líbano já se manifestaram contra a resolução. A Índia também tende a seguir o caminho dos outros três membros dos Brics. A posição da África do Sul ainda é incerta.

Mesmo sem o apoio destes seis países, a resolução, ainda sem data para ser votada, poderia ser aprovada com os nove votos a favor, que é o mínimo necessário. O risco seria a Rússia e a China usarem o poder de veto para impedir a aplicação do texto. Os dois países são parceiros comerciais de Damasco e os russos mantêm relações políticas próximas com o regime dos Assads há décadas. O porto de Latakia, na costa síria, é o principal entreposto de Moscou no Mar Mediterrâneo. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Seria o Ministério da Pesca uma fração da articulação política, ou a articulação política é que é uma fração do Ministério da Pesca?

Agora, sim, a coisa vai. Na Presidência da República, temos a mui experiente Dilma Rousseff, que, percebe-se, é mesmo do riscado, certo? A segunda pessoa mais importante da República, formalmente ao menos, é Gleisi Hoffmann, do PT do Paraná, com sua vastíssima experiência acumulada no governo do Mato Grosso do Sul, de Zeca do PT (de triste memória para os sul-matogrossenses), e na secretaria de Gestão da Prefeitura de Londrina, onde não deixou saudades. A terceira pessoa na hierarquia é Ideli Salvatti,  do PT de Santa Catarina, com a sua notória habilidade para construir consensos e articular dissensos.

Apertem os cintos! A presidente está vivendo um surto de autonomia. Alguém buzinou nas orelhas da mandatária que é o momento de mostrar autoridade, de deixar claro que ninguém lhe impõe nomes ou soluções, que é ela a comandante do processo. Quem deve estar rindo de orelha a orelha é, e acho que não preciso explicar por quê, Luiz Inácio Apedeuta da Silva.

A piada, a se consumar, enseja uma troca de posições. Ideli sai da Pesca e vai para as Relações Institucionais, e Luiz Sérgio sairia das Relações Institucionais  para a pesca. Em suma: não está claro se o Ministério da Pesca é uma fração da articulação política, ou a articulação política uma fração do Ministério da Pesca.

Por Reinaldo Azevedo

Os maus motivos que levaram à nomeação de Ideli

Mesmo as coisas mais estúpidas — por exemplo, escolher Ideli Salvatti para a coordenação política — obedecem a um ordenamento teórico. Se a teoria vai dar em boa coisa, aí são outros quinhentos.

Por incrível que pareça, a nomeação de Ideli obedece a uma orientação da marquetagem política. Estão dizendo a Dilma Rousseff que ela precisa ter uma identidade; que é preciso deixar claro que ela está no comando; que é necessário distinguir-se do governo Lula, sair da sombra de seu antecessor.

Mulher
Então se faz esta primeira escolha: o comando do país TEM de estar integralmente na mão de mulheres. O leitor poderia parar um pouquinho neste ponto e se indagar: “Mas por que TEM DE ESTAR?” Porque se quer transformar isso num valor em si, independentemente dos resultados, compreendem? Não é esse o espírito do tempo? Não vivemos sob o signo da reparação? As ilegalidades mais flagrantes não estão sendo cometidas em nome da compensação história às minorias? Segundo a perspectiva do poder, mulher ainda é minoria.

PT-SP
O segundo impulso que leva à escolha de Ideli — e, nesse particular, a “presidenta” conta com o apoio ressentido até de parte da imprensa — é a suposta mudança de eixo geográfico do poder. Está escondidinho lá no fundo, mas muito presente para os mais atentos: trata-se de uma manifestação anti-São Paulo. Como querem alguns cronistas políticos, especialmente do Rio, as dificuldades do governo Dilma seriam a nacionalização de conflitos regionais, presentes no PT paulista. Pois é… É bom lembrar que, sob a tutela de Lula, a dupla Palocci-Dilma montou o mais paulista de todos os governos da República. Em tempo: Ideli é de São Paulo, mas sua carreira política foi feita em Santa Catarina. Lá vai uma graça: não aceitamos devoluções, hehe… Dilma dá, assim, é inequívoco, um recado para o partido no Estado. É claro que é uma tolice e, diria eu, uma injustiça: visto do ângulo petista, a seção paulista do partido prestou e presta relevantes serviços ao “projeto”.

PMDB
Há um “chega-pra-lá” no PMDB, solenemente ignorado nessa escolha. O partido não tem nada a ver com a crise que colheu Palocci, evidentemente. Foi até mais fiel do que o PT — este, sim, faltou ao então ministro. Mas a presidente ainda não engoliu o resultado da votação do Código Florestal. Dilma demonstra, assim, um temperamento ruim para um governante: não se organizou o suficiente para vencer a batalha na Câmara e, depois, não absorve a derrota, procurando aprender com ela. Ao contrário: pensa em vingança.

Dilma soube ser, sem dúvida, surpreendente. Vamos ver se consegue demonstrar que pode também governar. Está na hora de começar.

Por Reinaldo Azevedo

Para não dizer que não se falou da flor - O caso da verba irregular

Cumpre lembrar reportagem da Folha de 23 de dezembro do ano passado, quando Ideli Salvatti foi indicada Ministra da Piaba.

gasto-ideliFutura ministra usa verba irregular em hospedagem

Por Matheus Leitão, Andreza Matais e José Ernesto Credendio:
A futura ministra da Pesca, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), gastou mais de R$ 4.000 em verba indenizatória do Senado com pagamento de diárias de um hotel em Brasília enquanto recebia auxílio-moradia, o que é irregular. O Senado informou que o uso da verba indenizatória para essa finalidade não é permitido, uma vez que os senadores já recebem um benefício para custear despesas com moradia em Brasília no valor de R$ 3.800 mensais. Ou seja, ela recebeu duas vezes pela mesma despesa.

Após ser procurada ontem, Ideli, há oito anos no Senado, disse por meio de nota ter havido um erro da sua assessoria e mandou devolver o dinheiro aos cofres públicos.
Folha apurou que a petista pediu ainda ao Senado que apague a informação sobre o gasto no site da Casa, onde ficam registradas todas as despesas dos senadores com a verba indenizatória, após o ressarcimento. A verba, no valor de R$ 15 mil mensais, só pode ser usada para custear despesas com os escritórios dos senadores “exclusivamente no Estado do parlamentar” ou com o pagamento de aluguel de jatinho para uso dentro de seu Estado.
Conforme registro oficial, a senadora pediu e recebeu ressarcimento do Senado para pagar diárias no hotel San Marco em vários dias dos meses de janeiro, novembro e dezembro deste ano. A Casa informou que só agora, depois de questionado pela reportagem, a petista percebeu ter havido “erro”.

Folha encontrou notas fiscais do hotel que somam R$ 4.606,68. O site do Senado só passou a dar transparência a esses gastos a partir de abril do ano passado. No mês passado, Ideli apresentou cinco notas com valores variados: R$ 260,70, R$ 747,01, R$ 475,64, R$ 571,89 e 198,99. Elas somam R$ 2.254,23. Neste mês, apresentou três notas. Somadas, elas chegam a R$ 1.607,65. Em janeiro, foi apresentada uma nota de R$ 744,80. Os senadores podem optar pelo apartamento funcional ou por usar o auxílio moradia para se hospedar em Brasília -neste caso, o auxílio é pago automaticamente mesmo que o congressista tenha casa própria na cidade.
Segundo a assessoria de Ideli, ela optou pelo hotel San Marco, um quatro estrelas em bairro nobre.

A petista liderou no segundo mandato de Lula a tropa de choque do governo no Senado. Ela defendeu colegas da base acusados de irregularidades, entre eles Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). Defendeu ainda a então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), quando a hoje presidente eleita foi acusada de envolvimento na elaboração de um dossiê com gastos do governo tucano. A fidelidade levou Ideli a ser convidada para o ministério da Pesca, após a derrota na eleição para o governo do Estado de Santa Catarina.

Por Reinaldo Azevedo

O que atrapalha a natureza no Brasil são as pessoas! Precisamos eliminá-las

No post abaixo, demonstro como o Ipea, um órgão oficial, planeja uma fome maoísta no Brasil. Há um dado formidável, veiculado num texto da Folha, que me motiva a lhes fazer uma proposta. Informa-se lá que o Rio Grande do Sul tem algo em torno de 30 milhões de hectares. O passivo ambiental brasileiro seria de 159,6 milhões — ou 5,32 estados do Rio Grande do Sul. Essa é a área que os humanistas verdes, comandados por Marina Silva, querem recuperar para Anhangá, Curupira e a Cuca.

Muito bem. Vou lhes propor um exercício de “geometria mecânica”, digamos assim. Peguem um mapa qualquer do Brasil. Com um papel transparente, copiem o estado do Rio Grande do Sul quatro vezes. Recortem os desenhos e cubram as áreas do Brasil hoje ocupadas pela agricultura (excluam Amazônia, Pantanal e Floresta Atlântica). Pois bem, nessas áreas, cresceria mato em vez de comida. Pelos meus cálculos, não sobrará espaço nem para as cidades que temos hoje e as obras de infra-estrutura, como hidrelétricas.

É o que Marina Silva e os verdes em geral querem para o país. Vamos comer o quê? Creme anti-rugas da Natura, feito com óleos essenciais da baba dos povos primitivos da floresta ancestral, ao som dos tambores dos amigos da natureza do Leblon, da Vila Madalena e das redações.

Descobri: o que atrapalha a natureza no Brasil são as pessoas. Precisamos eliminá-las.

Por Reinaldo Azevedo

Ipea em defesa da fome: Instituto quer destruir a agricultura em área equivalente ao Rio Grande do Sul. Denunciem este crime contra os brasileiros!

Estranhou o título? Eu explico. É um exercício de lógica.

Desde que o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o novo Código Florestal foi aprovado na Câmara, na noite de 24 para 25 de maio, produziram-se, em duas semanas, mais estatísticas sobre desmatamento do que em 510 anos de Brasil. Todo santo dia há uma nos jornais. Faz parte do esforço de satanização do código, que tem de ser odiado pelos brasileiros sem nem mesmo ser conhecido.

Sabem o que constatei, leitores, andando por aí? Ninguém leu o texto de Aldo, jornalistas muito menos. Se você tenta debater um aspecto ou outro, o interlocutor faz aquela cara de terreno baldio. Coitado! Ele acredita que Marina Silva é uma pessoa naturalmente boa, da floresta, e, pois, seria incapaz de dizer alguma incorreção sobre o texto.

Muito bem! Por que afirmo que o Ipea, que é um órgão oficial, quer destruir a agricultura numa área equivalente à do Rio Grande do Sul? Porque é o próprio instituto quem o anuncia. A reportagem está na Folha de hoje, embora os repórteres, ambientalmente corretos e matematicamente distraídos, não tenham se dado conta do que informavam. Leiam o que vai em vermelho. Volto em seguida:

Por Nádia Guerlenda Cabral e Claudio Angelo:
A isenção de reserva legal proposta pelo texto do Código Florestal, em discussão no Senado, deixará pelo menos 30 milhões de hectares de passivo ambiental no Brasil e não resolverá o problema de terras da maior parte das propriedades rurais. A análise é de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado ontem. O trabalho verificou as implicações do novo código para as áreas de reserva legal, a fração das propriedades a ser poupada do desmatamento.

Os resultados surgem um dia após a presidente Dilma Rousseff ter dito que não negociaria o desmatamento. A crítica do Ipea diz respeito à isenção, proposta pelo texto, da recomposição de reserva legal para os imóveis de até quatro módulos fiscais (o tamanho do módulo chega a 110 hectares na Amazônia). O relator do projeto, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), diz que a isenção visa garantir condições de subsistência aos pequenos proprietários.

Segundo o Ipea, porém, os agricultores com propriedades menores do que um módulo fiscal continuam sem ter onde plantar. Os minifúndios são 65% das propriedades, mas têm 8% da área rural. “Para garantir que esses imóveis tenham no mínimo um módulo fiscal e dar pleno acesso à terra a seus proprietários, seriam necessários 76 milhões de hectares adicionais”, afirma o estudo. “A liberação das áreas de RL [reserva legal] para esses imóveis adicionaria somente 17 milhões de hectares.”

Para calcular a área a ser anistiada, o Ipea usou dados do Incra de 2010, segundo os quais o país tem 571,7 milhões de hectares de imóveis rurais. A área a ser recuperada é de 159,3 milhões de hectares. No caso de isenção para as pequenas propriedades, calculou o Ipea, 29,6 milhões de hectares (quase um Rio Grande do Sul) ficariam dispensados de repor reserva legal. Segundo o instituto, a isenção “pune o proprietário que cumpre a legislação atual”. Isso porque um investidor com a opção de comprar uma fazenda com reserva legal ou outra do mesmo tamanho isenta de reposição escolheria a segunda, que tem uma área de produção maior.

(…)
Voltei
Que as nossas escolas espancam a inculta & bela, isso a gente já sabe. Mas o desastre ainda maior se dá no ensino da matemática. Analfabetos na disciplina vão sendo jogados no mercado de trabalho. E a decisão óbvia de um analfabeto matemático, hoje em dia, é virar ambientalista — no passado, eles aderiam à luta armada. Adiante.

Antes do mérito, quero me divertir um pouco. O Ipea é comandado hoje por Márcio Pochmann, um economista petista, que trabalhava com Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo e fez fama porque era amiguinho de alguns jornalistas. É aquele rapaz que usa camisas com golas chinesas, à moda Mao Tse-Tung. Os modernos chineses não pagam mais aquele mico. Mas Pochmann é um velho “chinês”, não um novo. Fiel ao camarada Mao, ele também quer patrocinar a fome redentora — o comuna matou 70 milhões de pessoas.

Primeira questão elementar
Se o estudo do Ipea fosse verdadeiro, haveria de se supor que essa área equivalente ao Rio Grande do Sul está ocupada com agricultura e pecuária, certo? Segundo entendi, o instituto presidido pelo nosso comuna chinês quer deitar tudo abaixo e largar a terra lá, para que o mato volte a crescer. Em vez de arroz, feijão, fruta e carne, termos Curupira, Anhangá e Cuca! A primeira questão elementar nos diz, então, que “reflorestar” uma área equivalente ao Rio Grande do Sul significa “desagriculturar” (se me permitem o neologismo) uma área equivalente ao Rio Grande do Sul.

Com um raciocínio lógico simples, os repórteres teriam ao menos levantado a questão, em vez de se comportar como porta-vozes de uma causa. Que fique claro: eu sou contra a proposta que vai embutida na tese do Ipea.  Mas não omito dado nenhum.

Segunda questão elementar
O estudo do Ipea é obra de vigaristas intelectuais, vazado para os leitores num texto militante. Está escrito lá: “Segundo o Ipea, porém, os agricultores com propriedades menores do que um módulo fiscal continuam sem ter onde plantar.” É mesmo? E o que isso tem a ver com o código? Por acaso, ele se propôs a fazer reforma agrária? Se esse problema existe, ele tem outra natureza e nada tem a ver com a atividade regulada pelo código, ora essa! Misturam-se alhos e bugalhos.

Na hipótese de que os dados, colhidos no joelho ao longo de duas semanas, pergunta-se: porque os proprietários com um módulo ou menos não teriam onde plantar, então se vai destruir a agricultura e a pecuária dos outros, que têm entre 1,1 e 4 módulos? Quer dizer que ferrar a vida desses proprietários resolve o problema dos outros? Mas Pochmann é da escola chinesa. Mao matou 70 milhões seguindo lógica semelhante. Calma! Ainda falta o melhor.

Terceira questão elementar
Sempre vendendo o peixe podre do Ipea, informam os jornalistas da Folha:
1 - o código impediria a recomposição florestal de uma área de 30 milhões de hectares, equivalente, dizem, ao estado do Rio Grande do Sul;
2 - o Ipea quer que essa área volte a ser mato;
3 - o Ipea diz que, para resolver o problema dos pequenos agricultores, são necessários “76 milhões de hectares adicionais”;
4 - estando certos os números do Ipea, então o Brasil precisa desmatar uma nova área equivalente a dois estados e meio do Rio Grande do Sul para dar condição aos pequenos agricultores, certo?
5 - É claro que o chinês do Ipea dirá que não! Ele vai propor uma reforma agrária mais radical, entenderam? Aquela que Mao Tse-Tung fez na China…

Canalhice numérica
Há uma outra canalhice política e numérica no tal estudo. Aldo Rebelo diz, e com razão, que não impor reflorestamento a quem tem até quatro módulos protege os agricultores pobres. O Ipea pretende contestar a afirmação, versão comprada pela reportagem, sustentando que “os agricultores com propriedades menores do que um módulo fiscal continuam sem ter onde plantar. Os minifúndios são 65% das propriedades, mas têm 8% da área rural.” De novo: digamos que seja verdade, isso significa que os agricultores que têm entre 1,1 e 4 módulos deixaram de ser pobres? Tornaram-se latifundiários?

A boçalidade tomou conta do debate. Se eu afirmar que alguém com renda de R$ 300 por mês é paupérrimo, o Ipea, seguindo essa lógica, dirá que estou mentindo porque pobre mesmo é quem tem renda de zero a R$ 70…

O Ipea já foi uma instituição séria, que serviu ao Brasil. Hoje, serve, com raras exceções - há gente boa lá dentro - à ideologia. Marcos Pochamann, com suas camisas chinesas, o transformou num centro de proselitismo ordinário.

Em nome da fome
Vejam o mimo que vai no texto da folha, para encerrar. O país tem 571,7 milhões de hectares em imóveis rurais. O “passivo ambiental” seria de 159,3 milhões. Logo, fazendo como querem esses amigos da floresta, será preciso destruir a agricultura e a pecuária de 28% da área que hoje produz comida. E pensar que esses celerados ditam hoje a pauta de boa parte da imprensa.

Por Reinaldo Azevedo

Sabem aquele “líder” social assassinado no Pará? Era um fugitivo do Maranhão, vivia com nome falso e praticava crimes em assentamentos

Escrevi aqui no dia 3, e foi uma chiadeira danada, que a tal “escalada” de assassinatos contra líderes de movimentos sociais era uma invenção do governo, uma tentativa de usar cadáveres para testar uma agenda positiva, uma forma meio calhorda de “mobilizar” a sociedade para atacar a mudança no Código Florestal, como se uma coisa tivesse relação com a outra. A tal escalada se provaria com um assassinato em Rondônia e quatro no Pará, incluindo o do casal de sedizentes “ambientalistas” Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo. Por que “sedizentes”? Porque estavam metidos em disputa por posse de lotes em assentamento. Cláudio era, quando menos, cúmplice num assassinato. Estava, também ele, armado, em companhia do irmão, quando este matou um outro assentado chamado “Pelado”. Nesse caso, a imprensa nem sabe o nome do morto porque, afinal, a vítima não era um “líder social’. O governo da petista Ana Júlia Carepa levou mais de um ano para abrir um inquérito.  Adiante.

Não se tem uma só evidência ainda de que Adelino Ramos, em Rondônia, tenha sido assassinado por causa de conflito de terra. Um dos quatro do Pará, soube-se logo no segundo dia, nada tinha a ver com questões agrárias. Investiga-se a morte do casal, que estava em conflito com os próprios assentados. Sobrou um caso,  o de Marcos Gomes da Silva, que mereceu grande destaque na imprensa. Pois bem, reproduzo reportagem publicada ontem no Portal ORM, do Pará. Marcos era presidiário foragido do Maranhão, não era militante dos “movimentos sociais” e , feito um Zé Dirceu do crime comum, vivia com nome falso: nem sua mulher conhecia sua verdadeira identidade. A notícia, naturalmente, foi praticamente omitida pela chamada “grande imprensa”. O “ambientalismo” e o “sem-terrismo” que tomam conta das redações esconde o que não interessa à causa. Segue, abaixo, a história do herói.
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Homem morto no Pará era fugitivo do Maranhão

O homem morto no dia 1º de junho, na estrada que da acesso ao Assentamento Sapucaia, em Eldorado dos Carajás, município do sudeste do Pará, usava nome falso e era foragido da Justiça do Maranhão. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (8), depois da localização de familiares da vítima em Bom Jardim, localidade da zona rural maranhense. Identificado na ocasião como um lavrador de nome Marcos Gomes da Silva, na verdade ele se chamava João Vieira dos Santos, tinha 33 anos e nasceu no município de Zé Doca, no Maranhão. Ele respondia naquele Estado pelo assassinato de Francisco das Chagas de Albuquerque França, morto a pauladas em 2001.

Na época, João chegou a ser preso, mas fugiu da Delegacia de Zé Doca junto com outros dois presos, em outubro de 2003. No mês da fuga ele havia sido pronunciado pela Comarca Judiciária de Bom Jardim pela autoria do crime. Conforme as investigações, ele fugiu do Maranhão e seguiu para o Estado do Pará, onde passou a viver com nome falso e a morar em diversas cidades, como Goianésia, Tailândia e Marabá, até chegar a Eldorado dos Carajás, há cerca de dois anos.

A identificação foi feita através de fotos. O termo de reconhecimento foi assinado pelo irmão de João. Ouvida em depoimento, a companheira de João, Maria Francisca Silva César, disse que ele não possuía documentos e apenas se identificava como Marcos.

Tatuagens
Também natural do Maranhão, a mulher garantiu que não sabia de qualquer envolvimento do companheiro em crimes naquele Estado. As suspeitas de que a vítima seria fugitivo começaram ainda durante o exame de necropsia no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, em Marabá. O delegado Silvio Maués, diretor de Polícia do Interior, explicou que as três tatuagens encontradas no corpo da vítima levavam a crer que se tratava de um presidiário.

Essas informações foram confirmadas depois que uma equipe da Polícia Civil de Capanema, nordeste paraense, sob o comando do delegado Vicente Gomes, foi ao Maranhão localizar familiares do morto. Os policiais conseguiram uma foto, na qual João Vieira dos Santos aparece algemado durante a reconstituição do homicídio pelo qual respondia. Também foi decisiva para a identificação do morto a coleta de impressões digitais feita no CPC Renato Chaves em Marabá, onde foi possível encontrar a ficha de identificação, certidão de nascimento e o registro em cartório dele na Comarca de Bom Jardim.

Durante as investigações, duas testemunhas ouvidas em depoimento relataram que a vítima era envolvida em crimes na região do Assentamento Sapucaia, onde vivem 26 famílias. Uma das pessoas chegou a ser assaltada por ele. João também é acusado de roubos a caminhões de transporte de cargas.

Para o delegado Rilmar Firmino, já existem linhas de investigação sobre o motivo do assassinato de João Vieira dos Santos. A causa mais provável é vingança. No dia do crime, a vítima foi baleada pela manhã e socorrida por uma moradora do Assentamento. À noite, enquanto ele era levado até o hospital municipal de Eldorado do Carajás, o veículo foi interceptado na estrada por dois homens armados. Os ocupantes foram obrigados a descer do veículo e João foi levado e morto. As investigações do crime prosseguem para identificar e prender os autores.

Por Reinaldo Azevedo


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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