Estadão: Para oposição, voto de relator envolve Lula no mensalão

Publicado em 04/10/2012 08:49
Senador Alvaro Dias (PSDB) diz que Dirceu era o 2º na hierarquia do esquema e tinha aval do ex-presidente


Parlamentares da oposição avaliam que o voto do relator do mensalão no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, condenando o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, por corrupção ativa fortalece a tese de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento e apoiava o esquema de compra de votos de deputados. Eles alegam que seria impossível executar o desvio de recursos públicos sem o aval do então chefe do Executivo.

"José Dirceu era o segundo na hierarquia desse esquema de corrupção", afirma o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR). "O ministro era peça fundamental, foi o idealizador e o operacionalizador, e com certeza tinha o aval do presidente para agir dessa forma", argumenta. O líder tucano prevê a possibilidade de alguns dos condenados "soltarem a língua" para contar o que sabem. "Afinal, eles foram leais até aqui, mas o processo de condenação pode fazê-los mudar de posição", acredita.

Na avaliação do líder do DEM, José Agripino (RN), à medida que avança, o julgamento do mensalão deixa evidente o entendimento de que José Dirceu e os demais condenados não poderiam agir à revelia do presidente Lula. "Assim como foram condenados os mandados, o julgamento caminha para condenação dos mandantes", alega.

O democrata lembra que as investigações do esquema vão continuar abrindo inclusive novas brechas para que os envolvidos condenados ajudem a esclarecer eventuais pontos do escândalo evitados pela CPI dos Correios e pelo Ministério Público. "Com o encaminhamento da aplicação das penas, as reações ficarão imprevisíveis", justifica. Em apoio à sua expectativa, lembra que a solidariedade dos próprios petistas com relação aos envolvidos no mensalão está "encolhendo" se comparada há poucos meses atrás. "Há seis meses, o barulho de solidariedade era grande e hoje virou quase um cochicho", compara.

É igualmente prevista pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), a perspectiva de serem identificadas "novas descobertas" do esquema após a condenação dos acusados por corrupção ativa. "Ficou patente que não foi caixa dois, foi para comprar deputados e ninguém faz uma coisa tão organizada como essa sem dispor de um comando forte", destaca. O deputado prevê que os "próximos passos" da investigação vão mostrar que "muita coisa paralela" ficou de fora até aqui. Ele lembra que o próprio José Dirceu disse mais de uma vez que não fazia nada sem o aval do presidente Lula. No seu entender, está passando da hora de Lula se manifestar.

Lula minimiza mensalão e critica falta de debates

Em ato com Haddad, ex-presidente lembra cadeira vazia em 2006 e diz que petista ‘está doido por debatezinho na Globo e na Record’


Em ato com Fernando Haddad (PT) na zona leste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem estar mais preocupado com o cancelamento dos debates entre os candidatos a prefeito nesta semana do que com o julgamento do mensalão. Lula disse em São Mateus que Haddad “está doido” por encontrar os adversários na televisão e criticou o cancelamento dos programas. “Vai ter debate lá em Garanhuns (cidade onde Lula nasceu), e não em São Paulo.”


Mãozinha. Haddad e Lula, nesta quarta, em comício na zona leste   - Filipe Araujo/AE
Filipe Araujo/AE
Mãozinha. Haddad e Lula, nesta quarta, em comício na zona leste

A TV Record promoveria um debate na segunda-feira, mas alegou que José Serra (PSDB) não iria ao encontro - o tucano nega ter dito que se ausentaria - e que Celso Russomanno (PRB) estaria impedido pois estava previsto o nascimento de sua filha - a menina veio à luz no sábado. Na terça-feira, a TV Globo cancelou o programa de hoje, sob alegação de que o número de debatedores é inviável.

“Veja que engraçado: em todas as campanhas que o PT estava na frente na pesquisa, tinha debate na Globo, na Record. Vocês lembram que, quando fui candidato em 2006, colocaram a cadeira vazia porque eu não fui ao debate?”, disse Lula. “Agora o Fernando Haddad está doido por um debatezinho na Globo, na Record, e nem a Record nem a Globo estão fazendo debate. É uma vergonha. Eles não querem que esse moço aqui mostre a competência que tem no debate.”

Na saída, ao ser questionado sobre o julgamento no STF, Lula disse que “não está preocupado com o mensalão”. “Para mim, não (afeta). Estou acompanhando as eleições e fazendo comício.” Pela manhã, em ato no ABC que reuniu candidatos do PT, sindicalistas e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, criticaram o julgamento. “O Supremo está se curvando aos editoriais”, afirmou Marinho. Haddad evitou o assunto e disse que era “simbólico” fazer um ato de campanha em porta de fábrica.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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