Vetos no Código Florestal: “É derrota de Pirro”, ironiza Kátia Abreu

Publicado em 18/10/2012 07:24 e atualizado em 18/10/2012 08:52
(texto extraido do blog do jornalista Reinaldo Azevedo, de Veja.com.br)
Vamos botar os pontos nos devidos “is”. A presidente Dilma Rousseff vetou ontem nove alterações aprovadas pelo Congresso na MP do Código Florestal. O jornalismo “isento” anda a escrever que as alterações foram feitas e aprovadas pelos “ruralistas”. Bem, a bancada dita “ruralista” não é maioria no Parlamento brasileiro que se saiba… É evidente que a proposta teve o apoio de setores mais amplos. Mas esse é mais um caso em que “ser progressista” é considerado superior a falar a verdade.

O veto mais importante de Dilma é o que diz respeito às APPs (Áreas de Proteção Permanentes) às margens dos rios. Contra os fatos, noticia-se uma grande derrota dos “ruralistas”. Jornalistas, vocês sabem, gostam e desgostam disso e daquilo. De kit gay, por exemplo, eles gostam; de “ruralistas”, eles desgostam…

Houve, para usar uma expressão da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), uma “derrota de Pirro”. Ainda que os vetos de Dilma não sejam bons para a produção do país, o fato é que o texto, com vetos e tudo, é muito melhor do que o Código ainda em vigência e está muito distante do delírio de certos sociopatas do ambientalismo, que amam floresta, mas detestam comida na mesa de pobre.

Lembro algumas questões:
1) As APPs passam a contar no cômputo da Reserva Legal — de 85%, 35% o 20% a depender da região. Antes, havia exigências específicas para cada tipo de área de preservação, e uma propriedade podia ser simplesmente inviabilizada quando se somavam essas exigências;
2) As propriedades até quatro módulos, com desmatamento anterior a 2008, estão livres de obrigações ambientais retroativas;
3) As multas podem ser convertidas em serviço ambiental; afinal, o Ministério do Meio Ambiente não é um setor do Fisco, né? 
4) As APPs às margens de rios variavam de 30 a 500 metros; agora, mesmo com os vetos de Dilma, passam a ser de 5 a 100 metros;
5) Não havia direito adquirido para questão ambiental, e isso mudou. Reservas legais criadas em áreas dedicadas à agricultura havia décadas eram obrigadas a se sujeitar a novas leis, num espetáculo grotesco de lei aplicada retroativamente.

Há outras conquistas. Ainda voltarei a elas.

Os vetos
Derrota para o setor produtivo rural? Fala Kátia Abreu: “É uma derrota de Pirro”, ironiza. “Mais uma derrota como essa, e eu sou a mulher mais feliz do mundo! A presidente Dilma usou o direito democrático do veto, e eu espero que o presidente do Congresso use a democracia para que ele seja apreciado. Agora é direito do Congresso aprová-lo ou derrubá-lo”.

O que a senadora está dizendo é que, com efeito, o veto não é bom, mas que, mesmo com ele, o novo Código representa um avanço importante para a preservação do meio ambiente e para o setor produtivo.

O ecologismo do miolo mole está certo quando diz que não tem o que comemorar.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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3 comentários

  • Adoniran Antunes de Oliveira Campo Mourão - PR

    Porque sómente o agricultor é quem tem que aguentar a conservaçao do meio ambiente?Porque toda carga cai no lombo daqueles que sustentam esta naçao,porque neste governo nescio,neste governo em que a corrupçao campeia,neste governo que só engorda suas contas particulares com o dinheiro sofrido e suado pago pelo contribuinte,diz-se ser um governo para todos.Para todos corruptos desta corja que tomou de assalto o Planalto vai tudo bem.Mas para nós agricultores temos que aguentar tudo isso bovinamente?Nao, e este governo safado que trate de nos pagar pelos serviços ambientais que nós agricultores prestamos,para que os ambientalistas sigam em seus ares condicionados,em salas nababescas rindo de nós,os que damos sentido de Naçao a esta Patria que está na merda, com a merda de governo que temos.Reaja Brasil.

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  • Valdir Edemar Fries Itambé - PR

    Muito pode se comemorar, mesmo com os vetos, no entanto os vetos serão as causas do grande exodo rural que acontecera ao longo dos próximos anos, em primeiro pela inviabilidade econômica da exploração agropecuária de muitas propriedades rurais, segundo de áreas/imóveis que serão ocupadas/adquiridas terras de menor valor/produção de diversas regiões de cada bioma para formação/recomposição das reservas legais para se adequar a Lei. Se é o êxodo rural que a Presidente esta afim de promover, os vetos determinados serão o maior incentivo...de resto como diz Katia Abreu, mais uma derrota desta, seremos os produtores rurais mais felizes do [email protected]

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  • domingos de souza medeiros Dourados - MS

    Sou pecuarista de 4a. geracao e quero comemorar no novo codigo florestal, so que nao consegui descobrir onde esta o capitulo sobre o dinheiro que o governo vai por a disposicao dos proprietarios rurais, para executar as tao aclamadas e ansiadas reservas e recomposicoes legais, tao a gosto e anseio dos ambientalistas e urbanoidesetc...

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