Investimento cai de novo no terceiro trimestre
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou taxa de investimento, caiu durante quatro trimestres consecutivos, entre julho de 2011 e junho de 2012, e voltou a diminuir no trimestre passado, em cerca de 0,5%, estima a economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. A recuperação da atividade é muito lenta e não parece, portanto, suficiente para que as empresas tomem decisões firmes de ampliar os investimentos. Isso depende do grau de confiança no futuro da economia.
A disposição de investir, por enquanto, está circunscrita a alguns ramos de atividade - em geral, os beneficiados por incentivos localizados -, como bens duráveis e, em especial, a indústria automobilística. A retomada de investimentos só estará caracterizada quando outros ramos derem sinais de melhora. Para o trimestre outubro/dezembro, a FGV espera alta de 0,7% da taxa de investimento.
Em 2012, pelos cálculos do Ibre, a formação de capital fixo recuará 2,3% em relação ao ano passado. "O cenário doméstico é de melhora, mas não temos visto um vigor tão forte na economia como um todo", declarou Silvia Matos ao jornal Valor. O ambiente externo ainda é muito desfavorável e é um fator que poderá atrasar a retomada do investimento.
A taxa de investimento no Brasil foi calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em apenas 17,9%, no segundo trimestre, inferior à de 18,8%, no mesmo período do ano passado. Entre 2002 e 2009, a taxa de investimento oscilou entre 15,3% do PIB e 19,1% do PIB, em função das flutuações da atividade econômica. Para que o Brasil possa crescer, de maneira sustentada, a 5% ao ano, seria necessária uma taxa de investimento da ordem de 25% do PIB, nos cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas essa taxa é vista como insustentável na fase atual, pois o nível de poupança doméstica é baixo e os estímulos ao consumo não induzem ao seu aumento.
O governo tem procurado criar condições propícias ao aumento dos investimentos, por exemplo, com a redução das taxas de juros. Mas, mesmo no caso dos juros módicos dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - o juro básico do banco é a TJLP, de 5,5% ao ano, e algumas operações têm custo inferior à TJLP, ou seja, negativo -, não houve uma forte demanda de empréstimos para investimento, salvo em linhas específicas. O aumento do investimento, em especial, privado, depende de desoneração fiscal mais generalizada, melhora substancial da infraestrutura e cenário favorável aos negócios, aqui e no exterior. Além da demanda de consumo, depende de confiança.
Menos dólares, editorial da Folha de S. Paulo
Investimento externo sofre contração, ainda que se observe mudança favorável no perfil, com retração do capital mais especulativo
Seja em razão da conjuntura internacional desfavorável, seja por algum desencanto com políticas e resultados obtidos até aqui pelo governo Dilma Rousseff, o investimento estrangeiro no Brasil mostra queda acentuada neste ano.
O capital externo direcionado a ações de empresas e títulos de renda fixa ficou em US$ 13 bilhões no período de 12 meses encerrado em agosto. Em 2010, esse volume havia alcançado US$ 68 bilhões.
Especialistas de bancos e administradores de fundos de investimento atribuem a queda aos magros números do PIB e ao recrudescimento de medidas intervencionistas na política econômica da presidente Dilma Rousseff.
Segundo esse raciocínio, o Executivo ampliou a ingerência em grandes empresas de capital aberto, como a Petrobras e a Vale, cuja administração se contaminou mais com interesses políticos -embora, de início, o mercado tenha comemorado o maior "entrosamento" da nova diretoria com o Planalto.
Desencadearam-se, ainda, ofensivas de apelo popular contra juros bancários, tarifas de energia elétrica e vendas de planos de telefonia celular. Sem dúvida havia abusos a combater, mas se criou uma atmosfera interpretada como hostil à rentabilidade dos negócios.
A argumentação tem alguma pertinência, ainda que seja difícil aquilatar com precisão o peso do dirigismo oficial no rareamento dos dólares. Felizmente para o país, a diminuição de investimentos externos não é generalizada.
Quando se consideram os recursos injetados diretamente no setor produtivo por multinacionais, constatam-se US$ 66 bilhões acumulados nos últimos 12 meses. Trata-se de aumento significativo sobre os US$ 48 bilhões de 2010.
Ao contrário do que se projetava no início do ano, essa fonte de divisas será mais do que suficiente para cobrir o deficit nas transações comerciais e de serviços com o exterior, hoje em torno dos US$ 50 bilhões anuais.
A desaceleração da atividade acabou contribuindo para evitar um aumento desse deficit. As remessas de lucros e dividendos para matrizes, por exemplo, deverão cair de US$ 38 bilhões, em 2011, para US$ 24 bilhões.
Tudo somado e subtraído, o Brasil obtém financiamento mais seguro, na forma de investimentos diretos. A retração do capital especulativo, direcionado a títulos e ações, evita uma pressão adicional pela valorização da moeda nacional, prejudicial às exportações.
A longo prazo, no entanto, continua necessário elevar a poupança nacional, para que a ampliação da infraestrutura e a aquisição de equipamentos não dependa tanto da entrada de dólares.
(FSP).
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