No Estadao: Rose quis ajudar Genoino e médico de Lula

Publicado em 29/11/2012 21:39
Ex-chefe de gabinete regional da Presidência pedia favores para pessoas próximas de ex-presidente desde primeiro mandato do petista..., por Fernando Gallo e Bruno Boghossian, de O Estado de S. Paulo


Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal em duas operações mostram que a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Nóvoa de Noronha fez gestões para ajudar o ex-presidente do PT José Genoino e o médico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, Roberto Kalil.

A Operação Overbox, de 2004, tentava desarticular um grupo que facilitava a entrada de produtos contrabandeados no aeroporto de Guarulhos (SP). Rose foi flagrada em duas conversas com o delegado Wagner Castilho, um dos responsáveis pela segurança do aeroporto.

Em uma, de 5 de outubro, os investigadores anotaram no relatório uma conversa de ambos em que ela tentava resolver o trâmite de um porte de arma para o então segurança de Genoino, que à época presidia o partido.

"Rose fala que está precisando de duas coisas. Uma é o porte de arma para o motorista do deputado, presidente do Partido dos Trabalhadores". Segundo a PF, Castilho explicou o procedimento e disse que "leva em mãos e se tiver algum óbice resolve". Ela disse que ficaria "no aguardo dessa coisa do Genoino".

No outro diálogo, em14 de setembro, Rose briga com Castilho. O motivo: ela tentara falar com ele mais cedo porque a Receita Federal havia multado a mãe de Kalil em cerca de R$ 4 mil quando ela chegava ao aeroporto vinda de Paris, na França.

A PF escreveu, na operação Overbox: "Castilho liga para Rose e ela fala que está brava com Castilho, pois precisou de sua ajuda hoje pela manhã. Fala que a mãe do Dr. Calil (sic), médico do presidente, estava voltando de Paris com a filha e amigos e comprou umas roupas. Aí a Receita Federal pegou, abriu as malas, e tiveram que pagar quase R$ 4 mil. Castilho diz que poderia ter ligado; Rose fala que ligou".

Nos autos da Operação Porto Seguro, deflagrada sexta-feira, 23, constam ainda dois e-mails em que Rose cobra do diretor afastado da Agência Nacional de Águas, Paulo Vieira, um favor para Cláudia Cozer, mulher de Kalil e médica pessoal de Rose. Ele deveria acessar Esmeraldo Malheiro dos Santos, consultor jurídico do Ministério da Educação que, segundo a PF, ajudou a quadrilha a obter pareceres favoráveis a faculdades. No assunto do e-mail, constava o dizer: "Faculdade-ES: Dra. Cláudia". O favor a ser feito não fica claro nos documentos.

Outro lado. O ex-presidente do PT José Genoino afirmou apenas que "o presidente do PT tinha direito a segurança, até porque houve uma tentativa de assalto ao carro da presidência do PT". Ele pediu que a reportagem contatasse seu advogado. Luis Fernando Pacheco negou que Genoino tenha pedido qualquer favor a Rose e afirmou que seu cliente "não tem a menor ideia" de porque Rose fazia gestões nesse caso. Ele disse ainda que Genoino e ela têm uma relação "absolutamente protocolar" e "sem nenhuma proximidade".

O médico Roberto Kalil afirmou não se lembrar se ligara "para Rose ou para alguém", e sustentou que tentou ajudar a família porque seu padrasto estava passando mal. Segundo ele, o homem estava recém-operado do coração e a Receita decidiu aplicar-lhes uma multa às 7h, mas o banco só abria às 10h. "Na época, posso ter tentado ligar, tipo ‘pelo amor de Deus o homem está passando mal’. Não era pra liberar de alfândega, nada. Eu nunca pediria isso. Tem que pagar, paga e vai embora."

A assessoria da médica Cláudia Cozer afirmou que não se manifestaria porque não teve acesso aos autos. Rosemary e Castilho não foram encontrados.

Valdemar Costa Neto está envolvido na Operação Porto Seguro, diz Maia

Presidente da Câmara afirmou ter recebido documentos da Justiça Federal sobre deputado condenado no mensalão


O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou nesta quinta-feira, 29, que recebeu na última quarta-feira da Justiça Federal de São Paulo documentos sigilosos que envolvem o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) na Operação Porto Seguro, ação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira passada que desbaratou um esquema de venda de pareceres em órgãos públicos federais. O presidente da Câmara, contudo, disse que só vai poder falar com "mais segurança" sobre o assunto depois que a área técnica da Câmara analise o material recebido.

Veja também:
link Ministro da Educação admite indícios de irregularidade em investigado pela PF
link Secretaria dos Portos nega envolvimento em esquema de venda de parecer
link PF vai rastrear evolução patrimonial da organização

Na entrevista que deu assim que chegou à cerimônia de posse do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, Marco Maia declarou que fez uma rápida leitura da documentação. Segundo ele, constam conversas telefônicas que citariam o parlamentar, já publicadas pela imprensa, e que não teria nenhuma novidade. O presidente da Câmara acrescentou que a equipe técnica vai analisar o conteúdo das 30 ou 40 páginas do inquérito sigiloso. Ele não esclareceu se o deputado aparece conversando com integrantes do esquema ou é citado nas conversas grampeadas.

A documentação sobre Costa Neto, que foi condenado no julgamento do mensalão, foi remetida para o Supremo Tribunal Federal, foro competente para investigar criminalmente deputados federais. Também foi encaminhado ao STF documentos envolvendo outro deputado federal na operação, Sandro Mabel (PMDB-GO). Marco Maia, contudo, disse ter recebido apenas documentos do deputado do PR. Em tese, a Câmara dos Deputados pode abrir um processo de cassação caso encontre indícios de quebra de decoro cometido pelo parlamentar.

O presidente da Câmara repetiu que é a Casa - e não o Supremo - quem dá a última palavra sobre a perda de mandato de parlamentares condenados. No processo do mensalão, além de Costa Neto, os deputados federais Pedro Henry (PP-MT) e João Paulo Cunha (PT-SP) estão nessa situação. Os ministros do Supremo vão decidir na semana que vem se os condenados no mensalão devem perder o mandato imediatamente.

"Em julgamentos criminais ou em condenações de parlamentares, a decisão final é da Câmara dos Deputados ou do Senado, de acordo com o caso. Mas nós vamos debater isso, se, de fato, tiver uma posição contrária por parte do STF a essa decisão, a este preceito constitucional", afirmou. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
O Estado de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário