Quando falha a conciliação, artigo de Aldo Rebelo (sobre Suia-Missu)

Publicado em 16/12/2012 21:59 e atualizado em 17/12/2012 09:49
Coluna do ministro Aldo Rebelo publicada no Diário de São Paulo deste sabado (15/12/12)
Quando falha a conciliação (Aldo Rebelo)

A expulsão dos produtores rurais que se estabeleceram na terra indígena Marãiwatsédé, reivindicada pelos xavantes no Mato Grosso, repisa o clássico conflito no seio do povo. Os números, como sempre, são contraditórios, mas se mencionam de 150 a 300 índios de um lado e de 2.500 a 7.000 não índios do outro, a maioria pequenos agricultores e gente pobre atarefada na teia urbana que se formou no local. 

Por determinação da Justiça Federal, estão sendo despejados da terra que compraram de presumida boa-fé depois que os índios foram removidos pela própria Funai na década de 1960 e a área de 165 mil hectares entregue a fazendas que não prosperaram.

Removidos à força, deixam para trás a casa, a roça, o pasto, a comunidade que construíram em duas décadas de ocupação. Muitos nasceram ali. Ao menos 700 crianças estudavam nas duas escolas do povoado de Posto da Mata e tiveram o ano letivo interrompido.

A pergunta que não quer calar é muito simples, tão óbvia que não encontra eco em ambiente de ânimos exaltados: não havia uma solução conciliatória?

O governo de Mato Grosso fez uma proposta salomônica: deixar os não índios na terra e dar aos xavantes uma área maior, de 250 mil hectares, com abundância de recursos naturais, no Parque Estadual do Araguaia. Ocupada por fazendas, roças e vilas, Marãiwatsédé já não faz jus ao significado de “mata fechada” na língua jê. Não tem floresta nem caça nem peixe.

Uma parte dos índios, liderada pelo cacique Rufino, aceita a permuta. Mas por trás da outra corrente parece movimentar-se um ressentimento retroativo que pretende compensar crimes cometidos contra os índios no passado com injustiças contra não-índios no presente. Sua última intenção seria negociar um acordo bom para todos. Deixam de ver que nesse tipo de conflito fraticida que opõe interesses dos brasileiros não pode haver vencedor. 

Aldo Rebelo, ministro do Esporte
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
FSP

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

6 comentários

  • Lourivaldo Verga Barra do Bugres - MT

    Se formos levar em consideração fatos da história,deveríamos desocupar o Brasil e deixá-lo aos nativos, mas sem restrição! os africanos voltarem para a África;os asiáticos para a Ásia; os europeus para a Europa; os americanos do norte para seus país de origem.

    Não teríamos aqui governos (vereadores, prefeitos, deputados, senadores, ministros,presidente) vivendo ás custas de quem produz renda e riqueza para sustentar seus mensalões. A grande imprensa que também é favorável aos índios e às ONGs e seus artistas também tem que ir embora,porque não são daqui. Combinado?

    0
  • Emanuel Geraldo C. de Oliveira Imperatriz - MA

    > Caro Aldo Rebelo, os produtores rurais foram abandonados pela Frente, pela CNA, pelos Sindicatos e FAMATO que alegaram medo de serem indiciados; O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro é a pior coisa que aconteceu a nossa agricultua...sua indolencia, incompetencia, são notáveis. Dr Aldo, alguem precisa conversar com a Pres Dilma e lhe contar o que esta havendo pois o país hoje é refen da FUNAI, da Igreja Catolica (CIMI) e de ONGs internacionais que querem e estão conseguindo nossos minerios, rios, acesso, dar um freio em nossa agricultura principalmente pela falta de confiança que existe hoje sobre o direito de propriedade no meio rural.

    0
  • Marcos de Carvalho Dias Poços de Caldas - MG

    Ministro Aldo Rebelo: Pelo seu artig0, vi que o senhor está inteirado da situação dos produtores da região da Suiá Missú. Como participante do primeiro escalão do Governo Federal, o senhor não pode contar aos seus pares o que está acontecendo naquela região? O senhor não pode tentar fazer prevalescer o bom senso? O senhor reconhece que deste conflito não sairão vencedores. Porque não conversar com a Presidenta Dilma, mostrando-lhe essa verdade incontestável? Vai, Ministro, anime-se a motivar a Presidenta a acabar com essa "desintrusão" maluca, que só fará mal ao Brasil...

    0
  • Cristiano Spigosso Rondonópolis - MT

    Pois é Ministro o problema é o ódio semeado principalmente pela igreja católica, leia se Pedro Casaldaglia, ONGs e por interesses escusos que a FUNAI tem com essas terras. Mas o Vossa Excelência esta enganado quando diz que os índios foram tirados de lá, eles saíram de avião de lá, pois era a única pista de pouso e decolagem da região, todavia as terras deles eram a 150km de lá, onde hj há um assentamento do INCRA. Portanto são coisas que estão no processo mas ninguém lê ou nao querem ler.

    0
  • TULIO DENARI SIDROLANDIA - MS

    O ministro esta certo! É loucura querer fazer justiça com outra injustiça. O estado brasileiro se mostra incapaz. Incapaz porque a justiça não vive na realidade e sim na analise de teses utópicas. Os vingadores, como no filme, fazem muita destruição, muito pirotecnismo e por fim deixam o mundo pior. Mas creem piamente que fazem o bem!

    0
  • isaac comelli Aral Moreira - MS

    Muito oportuno a coluna do Sr.Aldo Rebelo Ministro dos esportes.Pensando friamente na questão, um ser humano não ter a capacidade, de evitar sertos comflitos regionais!!!Nota-se o desinteresse de outras,autoridades pela causa, 2500 pessoas trabalhadoras, pessoas simples,contra 150 a 300 indios cujo cacique concorda, com negociação? E um Brasil com feridas abertas , dificeis de cicatrizar.

    0