Suiá Missú: Famílias expulsas do Posto da Mata estão abrigadas em escolas

Publicado em 06/01/2013 20:55 e atualizado em 07/01/2013 09:43
Fonte: Agência da Notícia, com informações de Camila Nalevaiko

A situação do município de Alto Boa Vista (Nordeste do MT) é precária. Dezenas de famílias que estão sendo obrigadas a deixar as suas propriedades dentro da área da Suiá Missu, não tem para onde ir e a Prefeitura está arcando com a responsabilidade de abriga'-las na escola local..

Na sexta-feira (04), último prazo dado pela Justiça para a população deixar a área,  as images colhidas mostravam um grande desastre social dentro do Distrito de Estrela do Araguaia (popularmente conhecido como Posto da Mata). Casas e comércios foram sendo desmanchados, com caminhões de mudanças saindo a todo momento da area. 

O posto de saúde que estava dentro do Distrito e administrado pela Prefeitura de São Felix do Araguaia também foi desmanchado. Nas escolas, carteiras, cadeiras, armários, tudo foi retirado. Um dos dois postos de combustível que funcionavam no Posto da Mata estava sendo desmontado, o outro onde os manifestantes estavam usando como Ponto de apoio foi confiscado. 

-- “Eles deram um prazo para que a gente retirasse o que tinha no Posto, porém na quarta-feira(02), quando o caminhão chegou para começarmos a desmontar a estrutura,  os polícias alegaram que estava confiscado tudo que estava dentro do Posto..., eles também não deixaram cortar a energia que está em meu nome, isso é abuso de poder, as coisas não podem funcionar assim, e o que mais causa indignação é que não temos ninguém para reclamar, parece que as autoridade estão cegas sobre os absurdos que estão acontecendo no Posto da Mata”, desabafou o gerente do Posto  confiscado que deu origem ao Posto da Mata Roberto Soares da Silva, conhecido como Papagaio, que foi preso pela Polícia no dia em que o Posto da Mata foi tomado.  Papagaio é acusado do crime de receptação porque os alimentos que estavam no caminhão incendiado com alimentos para os indios estavam guardados dentro do Posto.

A Cemat esteve durante todo o dia fazendo corte na rede de enegria eletrica. A Prefeitura de Alto Boa Vista está oferecendo ajuda à parte da população que não tem dinheiro sequer para fazer a mudança e nem para pagar aluguel. Nesta sexta-feira (04), muitas mudanças foram levadas do Posto da Mata para o município de Alto Boa Vista. 

As famílias estão sendo abrigadas nas escolas e creches. Na noite dessa sexta-feira (04) a reportagem do Agência da Notícia foi até a Escola Municipal Betel, onde dezenas de famílias estão abrigadas. Nas salas de aula, as cadeiras e carteiras foram retiradas para fora, dando lugar `as mobílias e pertences dos desabrigados da Suiá Missu. 

Seu João Evangelista,que tinha casa própria no Posto da Mata, foi levado para a escola e sua  nova “casa”, foi ajeitada na quadra coberta da escola, onde ele está com a família (ele tem mulher e quatro filhos):

--  “Eu não tenho pra onde ir, não tenho dinheiro, e com essa situação que se formou no Posto da Mata há um mês não existe trabalho..., portanto até para comer estamos dependendo de doações, é uma situação injusta e muito triste, é humilhante para uma pessoa que trabalha e que tem filhos para criar ser jogado na rua dessa forma”, disse seu João Evangelista. 

A filha dele disse que ainda tem esperança de voltar para o Posto da Mata: “eu acredito que ainda vamos voltar para o Posto da Mata, eu gostava de morar lá”, disse a menina que sonha em ser médica.

Nos abrigos improvisados, estão as mudanças, crianças, animais e tudo que os moradores puderam levar de suas propriedades. De acordo com a Polícia Federal as pessoas que ainda não saíram de dentro da área decretada reserva indígena Marawatsede, poderão ser detidas por até 2 anos e responder por crime de desobediência a Ordem Judicial.

O Prefeito de Alto Boa Vista Leuzipe Domingues do PMDB não foi encontrado pela nossa reportagem para falar do assunto.

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Fonte:
Agência da Notícia

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2 comentários

  • NEIVA WUSTRO Xanxerê - SC

    Quando pagamos os impostos sobre o imóvel rural, entendemos que quem recebe, está dando garantia de que o documento que originou o referido tributo, seja verdadeiro,portanto, se os proprietarios tem suas documentações emitidas por cartorios oficiais, o governo tem que ser chamado a no mínimo indenizar as familias pela perda da propriedade, pelo fato das familias terem recebido títulos que nao condizem com a realidade. Quando nós prestamos uma declaração ou emitimos qualquer documento que seja, somos responsáveis por ele, imagino que o governo tambem deve ser.

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