Mercado de açúcar: TETO REBAIXADO

Publicado em 17/03/2013 19:16
por Arnaldo Luis Correa, da Archer Consulting
Bem que o mercado de açúcar tentou, mas não conseguiu ficar por muito tempo acima dos 19 centavos de dólar por libra peso. No último pregão da semana, o vencimento maio chegou a negociar 19,12 centavos, atingindo o ponto mais alto dos últimos dois meses, mas um volume significativo de vendas surgiu para esfriar o ímpeto altista. 

O mercado de açúcar em NY acabou encerrando a semana com uma alta tímida de 7 pontinhos (1,50 dólares por tonelada). O vencimento maio/2013 fechou a 18,82 centavos de dólar por libra-peso. A média dos fechamentos dos meses que servem para a fixação de preços da safra 2013/2014 fechou em 19,15 centavos de dólar por libra-peso contra 19 centavos de dólar por libra-peso da semana passada. O mercado precifica a safra 2014/2015 com 100 pontos de prêmio sobre a safra atual, ou seja, 22 dólares por tonelada a mais.

Surpreendeu o volume de contratos liquidados na semana pelos fundos não indexados. O mercado esperava um número bem maior na posição global dos fundos e o que se viu foi uma redução de 50.000 contratos. A interpretação dessa notícia é baixista. Explico: o mercado subiu apenas 100 pontos apesar de uma volumosa cobertura de posições vendidas a descoberto por parte dos fundos não indexados de 50.000 contratos!!! Ou seja, o mercado precisou de um volume de compras equivalente a 25.000 toneladas para cada pontinho de acréscimo no preço. Isso mostra que muitas empresas devem ter aproveitado a alta e fixado o máximo que puderam dando liquidez na saída dos fundos. Com isso, o possível teto de 20 centavos de dólar por libra-peso que falávamos a semana passada pode ser rebaixado, condenando o mercado a ficar oscilando monotonamente entre 18 e 19 centavos de dólar por libra-peso.

Os números de produção de cana do Centro Sul para a safra 2013/2014, a redução da carga tributaria no açúcar e no etanol, a melhora do cenário macro mundial com seus reflexos nas commodities dão um tempero mais palatável para o setor sucroalcooleiro. Embora ainda haja alguns gurus apontando para 16 centavos de dólar por libra peso em algum momento até julho, os fundamentos trabalham em prol de uma solidificação do nível de suporte em torno dos 18 centavos de dólar por libra peso, no entanto, o teto parece ter sido rebaixado.

Este ano pode ser considerado como um dos mais aborrecidos para aqueles que gostam de mercados com adrenalina. Estamos presos num intervalo de 19,75 centavos de dólar por libra-peso que foi a máxima ocorrida no primeiro pregão do ano e 17,61 que foi a mínima negociada no último pregão do mês passado. Uma variação de 214 pontos. 

A volatilidade de 20 dias é de 21,83%, a de 50 dias é de 21,20%, a de 100 dias é de 21,45% e a de 200 dias é de 26,43%. Ou seja, parece que operações estruturadas com opções que considerem a compra de volatilidade no médio prazo podem ser boas alternativas para adicionar valor ao acionista. No popular: a compra de calls (opções de compra) ou puts (opções de venda) zerando ou não o delta, dependendo da visão direcional que se tenha do mercado, podem ser operações especulativas muito interessantes. 

Desde junho do ano passado não tínhamos um volume de contratos negociados no acumulado de 20 dias tão alto: mais de 3,2 milhões de contratos futuros. O recorde é de fevereiro de 2008, com 3,7 milhões de contratos negociados em 20 dias. 

A situação caótica na qual se encontra o porto de Santos, cidade onde vive este escriba, com congestionamentos monstros devidos ao escoamento da enorme safra de grãos, é um tênue sinal do que poderá ocorrer se tivermos uma conjunção de fatores que piorem ainda mais a já comprometida infraestrutura portuária tupiniquim. Se fatores climáticos entrarem na composição do quadro que se delineia e os fundos decidirem diminuir sua exposição direcional, podem esperar que prêmios e mercado deverão apreciar, e muito. 

Bons negócios

Arnaldo Luiz Corrêa
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Fonte:
Archer Consulting

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