Sobrou de novo pra nós... Dilma acusa imprensa de manipular sua fala

Publicado em 27/03/2013 21:42 e atualizado em 28/03/2013 03:24
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Que o governo tem optado por estimular o crescimento da economia em detrimento do controle da inflação, não é novidade. Nesta quarta-feira, no entanto, foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff deixou escapar sua heterodoxa preferência pelo Produto Interno Bruto (PIB), durante conversa com jornalistas em Durban, na África do Sul, onde esteve para o encontro dos Brics.

Dilma afirmou que não concorda com políticas de combate à inflação que mirem a redução do crescimento econômico. A fala repercutiu como pólvora - o que fez o blog do Planalto divulgar uma nota feita pela presidente desmentindo sua frase. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", afirmou a presidente.

Dilma também pediu que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, conversasse com jornalistas para desfazer o "mal entendido". À Agência Estado, Tombini afirmou que era preciso que o "mal entendido fosse desfeito e que não há tolerância em relação à inflação". Ele até usou o expediente da insubordinação para consertar a frase de Dilma. "De inflação fala a equipe econômica. Em relação à política de juros, fala o Banco Central", disse.

De acordo com a nota, Dilma decidiu se pronunciar após "tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação". As declarações da presidente reduziram as apostas de elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. As taxas futuras, que já caíam desde a abertura do mercado, acentuaram o movimento imediatamente após as palavras da presidente.

Com as declarações de Dilma, os analistas entenderam que o governo acredita que a inflação no Brasil seja algo temporário e que o Banco Central poderá adiar o início do aperto monetário. As palavras de Dilma, na véspera da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, também foram criticadas por alguns agentes, porque atrapalharia o esforço do presidente do BC, Alexandre Tombini, em ancorar as expectativas do mercado.


NO G1: Dilma diz ser contra combate à


inflação que sacrifique crescimento


Um dia antes da divulgação de um relatório trimestral do Banco Central que fala sobre as perspectivas para a inflação no ano, a presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (27) que não apoia políticas de controle inflacionário que sacrifiquem o crescimento.

"Eu não concordo com políticas de combate à inflação que 'olhem' a questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores externos", disse.

A presidente fez a declaração em Durban, na África do Sul, onde participa da cúpula anual dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O governo Dilma está vivendo hoje uma encruzilhada financeira. Por um lado, precisa adotar medidas para retomar o crescimento do país, que no ano passado foi de apenas 0,9%. Do outro, tem de manter a inflação sobre controle.

Para alguns economistas, a adoção de políticas fiscais e monetárias expansionistas por parte do governo, especialmente após a crise financeira de 2008, ajudaram a turbinar a inflação.

Entre as medidas, estão, por exemplo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e da taxa básica de juros, a Selic, como forma de estimular o consumo e impulsionar a retomada do crescimento.

Dilma, porém, rebateu a crítica.

"Esse receituário que quer matar o doente antes de curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. É uma política superada."

Atualmente, a expectativa das instituições financeiras é que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique por volta de 5,71% este ano, longe do centro da meta inflacionária estabelecida pelo BC, de 4,5%.

Pressão
Dilma falou sobre a política inflacionária do país em um momento em que o governo é pressionado pelos mercados para adotar políticas mais firmes em relação à inflação - possivelmente com uma alta dos juros.

Na última segunda-feira, a projeção para a Selic do fim do ano subiu pela terceira semana seguida, de 8,25% para 8,5%.

Atualmente, a taxa básica de juros está a 7,25% ao ano.

Por outro lado, Dilma garantiu que o governo está "atento" e que acompanha a inflação com cuidado, mas disse não acreditar que a alta de preços esteja descontrolada.

"Não achamos que a inflação está fora do controle. Pelo contrário, achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais", defendeu a presidente.

Para ela, tais "flutuações" hoje estariam ligadas ao aumento dos preços das commodities. "Não tem nada que nós possamos fazer internamente, a não ser expandir a nossa produção, para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos."

Economistas, no entanto, discordam dessa visão e apontam que a existência de gargalos estruturais na economia brasileira acaba favorecendo a subida dos preços.

Segundo Dilma, o governo está tomando uma série de medidas para conter a alta de preços no médio e longo prazo. Uma delas seria o aumento do investimento em educação e qualificação profissional dos trabalhadores.

"O que vai baixar o custo do trabalho vai ser, primeiro, o aumento da produtividade através da ampliação da capacitação, e nós estamos fazendo junto com o setor privado um grande programa de formação profissional", disse Dilma.

Como uma segunda medida anti-inflação, a presidente mencionou a desoneração da folha de pagamentos, que também diminuiria a pressão sobre os custos de trabalho.

"A desoneração começou com poucos setores. Agora, todos querem aderir - ou a grande maioria dos setores', disse Dilma. 'Temos 42 (setores desonerados), vamos para 44 e já previmos desoneração para 2015."

Dilma diz que sua fala


foi manipulada

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (27) que houve "manipulação" dos comentários feitos por ela sobre inflação e crescimento econômico, na manhã desta quarta em Durban, na África do Sul. “Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo”, afirmou.


A fala foi interpretada pelo mercado como uma possibilidade de que uma alta na taxa básica de juros, a Selic, para conter a inflação, possa demorar mais a ocorrer (leia a reportagem "Dilma diz ser contra combate à inflação que sacrifique crescimento").

Mais cedo, durante entrevista em Durban,  ao ser questionada sobre a pressão inflacionária e o crescimento do país, Dilma afirmou: "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico, até porque nós temos uma contraprova dada pela realidade. Nós tivemos um baixo crescimento no ano passado e houve um aumento da inflação porque teve um choque de oferta devido à crise".

Blog do Planalto
À tarde, após a repercussão da notícia, o "Blog do Planalto" publicou a declaração de Dilma Rousseff, que teria sido foi feita após Dilma tomar conhecimento de seus comentários estavam sendo interpretados pelo mercado como expressão de leniência em relação à inflação. Ela também teria pedido ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que desse esclarecimentos sobre o assunto.

Veja a íntegra do post:
"A presidenta Dilma Rousseff declarou ao Blog do Planalto que houve interpretações equivocadas dos seus comentários sobre inflação, feitos na manhã desta quarta-feira (27), em Durban, na África do Sul, durante entrevista a veículos de comunicação.

'Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo', afirmou.

A declaração foi feita após a presidenta tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação. A presidenta solicitou ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que também desse esclarecimentos sobre o assunto".

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Fonte:
veja.com.br / G1

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