MS: índio morre e quatro ficam feridos em confronto com a polícia

Publicado em 30/05/2013 14:52 e atualizado em 30/05/2013 16:03
Polícia Militar do MS cumpria mandado de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia. Cerca de 3 mil indios resistem à reintegração, e a Guarda Nacional foi chamada para auxiliar na desocupação dos Terenas.

Um índio terena morreu e quatro ficaram feridos na manhã desta quinta-feira após confronto entre a polícia e tribos índigenas na Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande (MS), de acordo com informações da Polícia Militar. Os indígenas cercaram a polícia que cumpria mandado de reintegração de posse, segundo a PM. 

Segundo a polícia, os cinco indígenas chegaram a ser encaminhados ao Hospital Elmíria Silvério Barbosa, mas um deles, que havia sofrido uma perfuração a bala na região abdominal, não resistiu aos ferimentos. Os outros foram encaminhados para a Santa Casa de Campo Grande. 

Os indígenas reivindicam uma área de 17,2 mil hectares, mas a Justiça mandou que desocupassem o local em favor dos proprietários das terras, segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul. Na região vivem nove aldeias e cerca de 4,5 mil índios, conforme a procuradoria.

O clima na área é de confronto. PMs da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe) usam balas de borracha e bombas de efeito moral para tentar controlar e retirar do local os índios, que estão armados com lanças e revidam atirando pedras. Alguns agentes da PF também ficaram feridos. 

O Hospital Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, confirmou a morte e a transferência de um dos feridos para a Santa Casa em Campo Grande. Outros três indígenas permanecem hospitalizados em Sidrolândia. 

A sede da fazenda chegou a ser incendiada pelos indígenas, mas o fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros.

O acesso para a propriedade está bloqueado. Foram encaminhados para o local quatro ônibus e pelo menos cinco viaturas do Cigcoe, pelo menos dez viaturas da Polícia Federal e duas dos Bombeiros. Após o confronto, a PM mandou mais equipes para o local, de acordo com o comandante da corporação, coronel Carlos Alberto David dos Santos.

“Determinei a ida das equipes táticas de três batalhões de Campo Grande. Mandei também mais policiais da Cigcoe e mais munições”, afirmou. Segundo ele, a decisão foi tomada após a informação de que os terenas incendiaram a sede da fazenda e resistiram à desocupação. A quantidade de agentes não foi divulgada.

Conflito
A fazenda Buriti foi a primeira a ser ocupada, no dia 15 de maio, e única que ainda continua com indígenas dentro de seus limites. Os terena também chegaram a entrar em outras três propriedades, já desocupadas. Um mandado de reintegração de posse para a Buriti foi expedido pela Justiça no mesmo dia da invasão, mas foi suspenso no último dia 20 em razão da reunião de conciliação que já estava marcada para quarta-feira (29).

Segundo a Funai, os indígenas reivindicam aceleração do processo de demarcação e não querem deixar o local.

 
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Sem acordo
Indígenas e produtores reuniram-se em audiência de conciliação na quarta-feira, mas não houve acordo e a Justiça determinou, então, que a desocupação fosse imediata.

Ronaldo José da Silva, juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, afirmou que a reunião  foi "infrutífera", estipulou multa diária de R$ 10 mil para as pessoas que impedirem o cumprimento da reintegração de posse e determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) comunicasse os índios sobre a decisão.

Briga judicial
A Terra Indígena Buriti foi reconhecida em 2010 pelo Ministério da Justiça como de posse permanente dos índios da etnia terena. A área, localizada entre Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, foi delimitada em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) e abrange 17.200 hectares.

Após a declaração, o processo segue para a Casa Civil, para a homologação da presidência da República, o que ainda não foi feito. Durante nove anos, as comunidades indígenas aguardaram a expedição da portaria declaratória. O relatório de identificação da área foi aprovado em 2001 pela presidência da Funai, mas decisões judiciais suspenderam o curso do procedimento demarcatório.

Em 2004, a Justiça Federal declarou, em primeira instância, que as terras pertenciam aos produtores rurais. A Funai e o Ministério Público Federal recorreram e, em 2006, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) modificou a primeira decisão e declarou a área como de ocupação tradicional indígena.

No entanto, os produtores rurais entraram com recurso de embargos de infringentes e conseguiram decisão favorável em junho de 2012.

Índio ferido em confronto com a polícia morre em hospital, diz Funai (Foto: Marcos Tomé/ Região News)Filho de indígena morto após saber da morte do pai, em hospital. (Foto: Marcos Tomé/ Região News)

125 comentários
Índio ferido em confronto com a polícia morre em hospital, diz Funai (Foto: Marcos Tomé/ Região News)Corpo de indígena morto em conflito é retirado de hospital. (Foto: Marcos Tomé/ Região News)

 

 

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Fonte:
terra.com.br + G1/MS

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3 comentários

  • Renato Ferreira Dourados - MS

    São esses vândalos que querem terra para produzir alimentos?

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  • Izabel Lima Mococa - SP

    Era o que a funai precisava e todos aqui já previam...Agora a funesta autarquia já tem seu cadáver para legitimar seus atos insanos e antidemocráticos...

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  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    funai tem que ser responsabilizada junto com ministro da injustisa

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