Sindicatos e partidos de esquerda marcam manifestações para 4a.-feira
Na próxima quinta-feira, sindicatos e entidades ligados à CSP-Conlutas - central sindical que reúne PSTU, PSol e outras correntes de esquerda - prometem fazer greves, paralisações e um dia de manifestação em todo o Brasil. Metalúrgicos, químicos, rurais, funcionários dos Correios, servidores federais e trabalhadores do setor de alimentação são algumas das categorias que devem aderir ao que está sendo chamado como Dia Nacional de Luta. Segundo José Maria de de Almeida, coordenador da central e presidente do PSTU, é preciso que os trabalhadores entrem no movimento que está nas ruas em todo o País de forma organizada para cobrar, além da redução da tarifa e qualidade do transporte público, mais investimentos em saúde e educação, aumento salarial, e combate à inflação e à corrupção. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.
Em São José dos Campos e região, onde o sindicato dos metalúrgicos é filiado à Conlutas, os trabalhadores podem fechar a rodovia Dutra, a exemplo do que ocorreu na sexta-feira. GM, Embraer e autopeças de cidades vizinhas são algumas das empresas que devem ter turnos de entrada atrasos ou a produção afetada. Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, atos já são preparados. "A orientação é fazer greves, paralisações, manifestações de tua, aquilo que for mais adequado à situação de cada categoria ou região", diz a nota da Central Conlutas. Segundo organizadores do Dia Nacional de Luta, os protestos não têm ligação com a greve geral que está sendo convocada pelas redes sociais para o dia 1º de julho.
O Coronel da Polícia Militar, Márcio Santana, afirmou na tarde deste domingo, que dá como certo um novo confronto entre a PM e manifestantes na próxima quarta-feira, quando a Seleção Brasileira joga no Mineirão, às 16h, pela Copa das Confederações. Ele acredita que o desafio será grande, porém, sabe que o Estado tem força suficiente para segurar os ânimos dos mais exaltados.
“Para quarta temos um grande desafio, a previsão de público é alta, mas, a Policia Militar, Bombeiros e a Polícia Civil juntos teremos estratégias para que o jogo seja tranqüilo. Se houver passeata daremos toda a proteção, sempre com intuito de manter a paz . A PM vai trabalhar para tudo seja tranqüilo”, afirmou.
Mesmo com o confronto claro nesse sábado, onde a Polícia teve que intervir para garantir a segurança do evento, o Coronel Santana explicou que a tática para o jogo de quarta-feira será mantida e os problemas corrigidos.
"Dou como certo um novo confronto quarta", diz Coronel da PM de Minas
“As nossas táticas serão ratificadas, as vulnerabilidades serão reparadas e estudadas. Vamos manter nossa forma de trabalhar para manter a segurança de todos que irão para o jogo. Sabemos que mais pessoas vão para o jogo e isso apresenta uma dificuldade maior”, explicou.
Santana deixou claro ainda que as regras estabelecidas pela FIFA serão respeitadas. “Nossa estratégia de defender o perímetro foi com êxito. Não tivemos problemas com delegações. Não tivemos problemas com funcionários e autoridades. Pra bancar essa linha nos pagamos o preço por resistir e por ter uma postura defensiva. Isso me deixa orgulhosos e a tropa correspondeu a expectativa. Permaneceu do inicio ao fim uma tropa com estratégia. Para quarta-feira vamos voltar a trabalhar para que esse perímetro seja respeito, quem for manifestar, manifeste, vá com seu cartaz, mas veja até que ponto vai acompanhar”, finalizou.
O Coronel explicou ainda que a Seleção estará segura em Minas Gerais, já que várias forças estão empenhadas da segurança dos atletas. “Quem cuida da seleção é uma junção de esforços. Policia Militar, Civil, Rodoviária Federal, Estadual . Juntando isso, por enquanto felizmente não usamos a força máxima, conseguimos responder a essa demanda”,concluiu.
Jornais estrangeiros veem discurso de Dilma 'rejeitado' e 'hora da verdade'
"É muito difícil entender o que acontece agora no Brasil". Assim começa artigo do correspondente Francisco Peregil, destacado como uma das principais manchetes da versão online do jornal espanhol El País com o emblemático título: "Brasil, chegou a hora da verdade". A cada novo dia de protestos a imprensa estrangeira amplia sua cobertura e o espaço dedicado ao que o The New York Times chama de "varredura no País".
Nesta sexta, os principais veículos do mundo evitaram comentários sobre o conteúdo do discurso da presidente Dilma Rousseff. Apesar de algumas críticas sobre uma alegada "tardia mostra de humildade após doze dias de protestos", como escreveu o El País, poucos analistas internacionais arriscaram se posicionar e opinar se o pacto proposto por Rousseff conseguirá ou não acalmar as manifestações.
Um dia depois, porém, após violentos incidentes nos arredores dos estádios de Salvador e Belo Horizonte que receberam jogos da Copa das Confederações, a imprensa mundial cravou: "os manifestantes rejeitaram furiosamente os esforços de Dilma", publicou o The New York Times.
No português Correio da Manhã, Dilma foi acusada de realizar um discurso "vazio" e "com ideias antigas": "o Programa de Mobilidade Urbana, principal proposta de Dilma para satisfazer os movimentos estudantis, já foi apresentado em 2007, pelo ministro das Cidades Márcio Fortes e, um ano depois, com as mesmas medidas, pela ministra do Turismo Marta Suplicy. Além disso, o discurso da presidente foi ouvido como ameaçador, por repetir que o governo não 'transigirá com atos violentos', e que reprimirá 'a minoria autoritária', que tem promovido vandalismos".
“Por que isso acontece com Dilma e não houve com Lula? Uma resposta fácil seria dizer que Lula é uma figura mais carismática. Isso explica uma parte, mas creio que o Brasil passa por um processo de inclusão de amplos setores. Com Lula isso estava a pleno vapor, e não creio que tenha esgotado. Mas agora há uma inconformidade difusa, não articulada com demanda específica, de pessoas que vivem o paradoxo dessa inclusão. As pessoas compram um smartphone, mas notam que não possuem controle sobre sua vida cotidiana. A questão dos serviços foi central nos protestos", avaliou o professor da USP Raphael Neves, em entrevista veiculada no argentino Clarín, que explora bastante em suas reportagens questões sobre a personalidade da presidente.
No inglês The Guardian, a ligação entre os protestos e os grandes eventos que o País sediará nos próximos anos é evidenciada. "as favelas estão na frente do protesto e os brasileiros perguntam: a Copa do Mundo é para quem?"
As dúvidas pairam na visão estrangeira sobre os acontecimentos nas grandes cidades porém. De ponto comum, os jornais de diversos países apenas concordam que o momento é histórico.
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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