Na VEJA: Investigado pela PF na Operação Lava-Jato apoiou Zavascki em eleição do Grêmio

Publicado em 20/05/2014 10:11
Ministro do STF disputou vaga no Conselho Deliberativo do clube em chapa que tinha entre os articuladores o dirigente gremista Eduardo Antonini, investigado na Lava-Jato sob suspeita de ter recebido R$ 500 mil de Youssef, por Rodrigo Rangel e Laryssa Borges, de VEJA de Brasília

Responsável pela decisão que concedeu liberdade ao doleiro Alberto Youssef, ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e a mais dez presos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki disputou uma vaga no Conselho Deliberativo do Grêmio numa chapa articulada e apoiada por um dos alvos da investigação.

Na eleição, no ano passado, Zavascki integrou a chapa Grêmio Maior, que tinha entre seus principais articuladores o dirigente gremista Eduardo Antonini, investigado na Lava-Jato sob suspeita de ter recebido 500.000 reais de Youssef.

Ministro Teori Zavascki durante o julgamento do mensalão, em 05/12/2012

Tanto Antonini quanto Zavascki têm uma longa história relacionada ao Grêmio, um dos maiores clubes de futebol do Rio Grande do Sul e do Brasil. O ministro foi conselheiro da agremiação por duas décadas. Eduardo Antonini, membro do conselho, chegou a ser vice-presidente do Grêmio e, de 2011 até o ano passado, presidiu a empresa Grêmio Empreendimentos, encarregada da construção do novo estádio do clube gaúcho.

Na deflagração da Operação Lava-Jato, em março, a casa de Antonini, em Porto Alegre, foi um endereços visitados pela Polícia Federal ao cumprir mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. A residência, num condomínio de luxo da cidade, era o local onde Youssef teria mandado um emissário entregar 500.000 reais em dinheiro, segundo a PF.

Por meio da assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Zavascki afirmou que “conhece o sr. Antonini, inclusive porque foi ele quem comandou a execução da obra da Arena Grêmio, mas não tem qualquer relação pessoal com ele”. O ministro declarou que, na última eleição para o Conselho do Grêmio, integrou mais de uma chapa – e não apenas aquela apoiada por Antonini – e que não chegou a ser eleito em nenhuma delas.

Zavascki disse ainda que não sabe se Antonini está sendo investigado ou não porque ainda não teve acesso aos autos da Operação Lava-Jato e que, mesmo que o dirigente gremista esteja entre os alvos, não se considera impedido ou suspeito de atuar no caso “porque não tem qualquer ligação pessoal” com ele.

A VEJA, Eduardo Antonini repetiu o que dissera Zavascki. Ele afirmou não ter relação pessoal com o ministro. “Sim, eu fui um dos apoiadores da chapa, mas o ministro Teori já era conselheiro do Grêmio. Em Porto Alegre, todo mundo me conhece por causa de minha ligação com o clube. Mas, privadamente, eu nunca estive com ele”. “A polícia não foi atrás de mim. O que fizeram foi uma busca no meu endereço. E não encontraram nada, tanto que eu nem fui indiciado”, afirmou o conselheiro do Grêmio.

Lava-Jato – Uma liminar concedida nesta segunda-feira por Zavascki suspendeu todas as ações penais e inquéritos relacionados à Operação Lava-Jato e deve resultar na libertação de doze investigados. Um deles, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, já foi solto. O ministro também ordenou que o caso, que até agora corria na Justiça Federal do Paraná, passe a tramitar no Supremo Tribunal Federal por envolver parlamentares que, por lei, só podem ser investigados e processados pela corte. Entre os envolvidos  estão os deputados André Vargas (sem partido-PR), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Argôlo (SDD-BA).

No Estadão: Juiz federal alerta que doleiro da Lava Jato pode fugir do país

Sérgio Fernando Moro informa ministro do STF que Alberto Youssef ‘mantém contas no exterior com valores milionários’

O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, enviou nesta segunda feira, 19, ofício ao ministro Teori Zavazcki, do Supremo Tribunal Federal (STF) em que informa sobre o risco de fuga do doleiro Alberto Youssef, alvo maior da Operação Lava Jato – investigação sobre lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões.

Nesta segunda, Teori mandou soltar todos os investigados que foram presos pela Lava Jato, acolhendo reclamação da defesa do engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás.  O ministro também mandou que todos os outros processos da Lava Jato sejam enviados ao STF.

O juiz ressalta que seu objetivo é unicamente esclarecer o total alcance da decisão. “A fim de evitar que os processos, a ordem pública e a aplicação da lei penal sejam expostas a riscos por mera interpretação eventualmente equivocada de minha parte.”

O juiz informa o ministro que já mandou expedir alvará de soltura do engenheiro, mas consulta Teori para que esclareça sobre o “alcance da decisão, já que não foram nominados os acusados que devem ser soltos e os processos que devem ser remetidos ao Supremo Tribunal Federal”.

O juiz assinala que outros processos no âmbito da Lava Jato não têm Paulo Roberto Costa como denunciado. São investigações sobre tráfico de 698 quilos de cocaína e lavagem de dinheiro produto de tal crime. Ele cita o investigado René Luiz Pereira, acusado de ser o mandante de remessa de 55 quilos da droga apreendidos em Valência, na Espanha.

“Há indícios de que (René) compõe grupo organizado transnacional com diversas conexões no exterior e dedicado profissionalmente ao tráfico de drogas”, observa o juiz federal.

Ele destaca que esta ação penal também tem por acusados Sleiman Nassim El Kobrossy, Maria de Fátima Stocker, Carlos Habib Chater, André Catão de Miranda e Alberto Youssef este o alvo principal da Lava Jato.

“Um deles, Sleiman, que não foi preso preventivamente, já está foragido”, informa o juiz no ofício ao ministro Teori Zavascki. “Outro está preso na Espanha. Assim, muito respeitosamente, indago à V.Ex.ª o alcance da decisão referida, se este feito de tráfico de drogas e lavagem também deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal e se devem ser colocados soltos os acusados neste feito, entre eles Renê Luiz Pereira, preso por risco à ordem pública pelo indícios de envolvimento em organização criminosa responsável por tráfico de cerca de 750 kg de cocaína.”

O juiz federal também observa que “entre os outros feitos originados na assim denominada Operação Lava-jato, encontram-se as ações penais 5026243-05.2014.404.7000, 5026663-10.2014.404.7000 e 5025699-17.2014.404.7000 que têm por objeto crimes financeiros e de lavagem de dinheiro envolvendo três grupos distintos dirigidos por supostos doleiros, um dirigido por Carlos Chater, outro por Nelma Kodama e o terceiro por Alberto Youssef.”

O juiz anota que se estas três ações penais também devem ser remetidas ao Supremo Tribunal Federal e se devem ser colocados soltos os acusados neste feito, entre eles Carlos Chater, Nelma Kodama e Alberto Youssef.

“Informo por oportuno que há indícios, principalmente dos dois últimos, que eles mantêm contas no exterior com valores milionários, facilitando eventual fuga ao exterior e com a possibilidade de manterem posse de eventual produto do crime.”

O juiz observa, ainda, que a doleira Nelma Kodama foi presa em flagrante nas vésperas da operação Lava Jato, em tentativa de fuga do país quando portava, no aeroporto de Guarulhos, 200 mil euros escondidos na roupa íntima.

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Fonte:
Veja.com.br + Estadão

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