CAFÉ: alta deficiência hídrica poderá comprometera indução floral e a brotação de novos ramos para a próxima safra

Publicado em 31/05/2014 13:39 e atualizado em 01/06/2014 05:07
Instituto Agronômico monitora condições de seca no Estado de São Paulo e conclui que o período de outubro a março, em 2013/2014, foi o mais seco em 123 anos de estudos”

 

O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, divulga resultados do monitoramento das condições de seca no Estado de São Paulo, relata seus efeitos em diversos ramos e faz um prognóstico até setembro de 2014. Da análise, conclui-se que o período hidrológico de outubro de 2013 a março de 2014 foi extremamente seco no Estado, condição que refletiu em todos os setores, incluindo a agricultura e os usos humano e industrial. “A seca está elevada e a probabilidade de ocorrência desses valores anômalos é de duas vezes em 100 anos ou de apenas uma vez”, afirma Orivaldo Brunini, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Com a chegada da frente fria e as chuvas ocorridas na semana passada (22 de maio), segundo Brunini, pode ter havido alteração momentânea da situação de seca agrícola, mas os aspectos meteorológicos e hidrológicos ainda são sérios. “Na última semana, o Estado sofreu a influência de forte fria, que ocasionou chuvas em diversas regiões, o que pode ter alterado momentaneamente a situação de seca agrícola”. O pesquisador afirma que, nestes últimos dias, em algumas regiões paulistas choveu bastante e em outras o volume foi baixo. Nesse cenário, serão iniciadas semanalmente as análises de seca. “Sob a consideração agrícola, ainda estamos para iniciar a estação seca no Estado e essas situações serão avaliadas nos próximos 15 dias, para diversas culturas”, afirma.

Os resultados de análises da seca feitas pelo Instituto Agronômico apontam que a situação meteorológica do Estado é preocupante e o planejamento do uso dos recursos hídricos deveria ser iniciado.

Para Campinas, considerando-se a série climatológica, do ano de 1890 a 2014, o período de janeiro a março foi o segundo mais seco. “Esta mesma tendência é observada quando se analisa o ano hidrológico, considerando o período de outubro a março, em 2013/2014 foi o mais seco em 123 anos de estudos”, diz Brunini, responsável pelo trabalho.

O período hidrológico 2013/2014 foi de baixa precipitação em todo o Estado, acentuando-se de janeiro a abril. “As condições de déficit hídrico se acentuaram na segunda semana de maio.”

De acordo com o estudo, no momento atual a segurança hídrica do Estado está ameaçada pelo comprometimento das reservas hídricas nos reservatórios e pela falta de chuva, que podem trazer sérios problemas, como racionamento de água e energia. “Como não temos mecanismos de evitar o fenômeno seca, devemos adotar técnicas e ações que possam mitigar, ao longo do tempo, os efeitos danosos desta situação”, recomenda.

A análise foi baseada no banco de dados do Instituto Agronômico, o mais completo do Brasil, com registros desde 1890. Para os estudos, foram considerados os efeitos agronômicos, meteorológicos e hidrometeorológicos da seca. A metodologia para análise e cálculo dos índices pode ser acompanhada nos sites: www.ciiagro.sp.gov.brwww.infoseca.sp.gov.br e www.ciiagro.org.br.

Esse trabalho liderado pelo IAC conta com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), com a participação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (FUNDAG), responsável por procedimentos administrativos.

Reflexos da seca para a agricultura

“A agricultura e seus processos são os fatores mais sensíveis e suscetíveis a qualquer anomalia climática ou extremo meteorológico, como seca ou geada.”

Esta frase é do pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Orivaldo Brunini, responsável pela análise desenvolvida pelo Instituto, em parceria com o Comitê das Bacias Hidrográficas da CATI, ambos da Secretaria de Agricultura de São Paulo. O trabalho mostra que as culturas em desenvolvimento nos campos paulistas estão sendo afetadas pela realidade que inclui seca, altas temperaturas e baixa umidade do ar.

Com base nos dados registrados pelo IAC, são feitas algumas considerações sobre as culturas e também sobre pragas e doenças que podem ocorrer, dentro das condições climáticas existentes. “Primeiramente, é feita uma análise agrometeorológica e depois elaboramos considerações especificas sobre algumas culturas”, explica Orivaldo Brunini.

Os estudos trazem também informações sobre como está a situação de umidade do solo em todo o território paulista. Segundo o pesquisador, essa umidade é estimada em função do balanço hídrico e dos índices de estresse hídrico e desenvolvimento da cultura, para duas profundidades de sistema radicular. “Contatamos que as condições de umidade do solo estão críticas para quase todo o Estado, trazendo sinal de alerta para as culturas de outono e inverno cultivadas com irrigação, pois não há água para irrigar.”

O estudo traz informações sobre alguns cultivos, como a cana de açúcar, que tem a rebrota da soqueira desfavorecida pela baixa reserva hídrica no solo. Com isso, o ciclo seguinte da cana será prejudicado em termos de brotação, o que irá refletir na produtividade do canavial.

No café, a alta deficiência hídrica poderá comprometer a indução floral e a brotação de novos ramos para a próxima safra. No cultivo de grãos, como milho safrinha e soja, apesar de a estiagem favorecer a colheita, ela afeta o desenvolvimento do milho safrinha.

Com relação ao manejo de pragas e ervas daninhas, os baixos índices de umidade e de absorção de água pelas plantas comprometem a eficiência do controle químico por meio de aplicação de herbicidas. “No caso de pragas de solo, como larva alfinete, a baixa umidade do solo prejudica o seu desenvolvimento. Por outro lado, pragas foliares, como lagarta do cartucho e, em especial, a Helicoverpa Armigera, são favorecidas”, esclarece.

As características gerais analisadas em diversas regiões do Estado de São Paulo, envolvendo diferentes culturas agrícolas, apontam para uma situação muito difícil para a agricultura paulista. “Embora se possa pensar em irrigação, nem todos os agricultores estavam preparados para esta técnica, seja no aspecto técnico, seja legal e, além disso, não existe adequada reserva hídrica para tal prática”, afirma.

De acordo com Brunini, uma projeção com as médias históricas de precipitação de abril a setembro mostra que a deficiência hídrica persistirá até setembro de 2014, o que afetará os cultivos e processos agrícolas.

Ciiagro-IAC completa 25 anos e Centro de Climatologia, 60

A rede meteorológica do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGO), do IAC, monitora as condições hidrometeorológicas em cerca de 145 pontos no Estado de São Paulo. A rede deverá chegar a 181 estações meteorológicas até junho deste ano. Essa estrutura fornece dados atualizados a cada 20 minutos, a cada hora e totais diários dos diversos elementos meteorológicos, em especial: chuva, temperatura do ar e umidade relativa. As informações podem ser acessadas no sitewww.ciiagro.org.br/ema . “Esses dados, além de todo o suporte para a agricultura e Defesa Civil, podem dar importantes subsídios para previsão e suporte para programas de sustentabilidade da agricultura, segurança alimentar e segurança hídrica”, afirma Brunini. 

Em 2005, o CIIAGRO-IAC introduziu um parâmetro estritamente agrometeorológico para análise de seca, baseado na diferenciação das culturas e em suas peculiares capacidades de retenção de água no solo, que podem ser refletidas por um maior ou menor volume de exploração das raízes. Nesse conceito, algumas culturas são agrupadas de acordo com a profundidade das raízes e considera-se também o tipo de solo, que pode determinar a profundidade do sistema radicular.

Conheça a diferença entre seca e estiagem 

“A incidência da seca e da estiagem tem aumentado nas últimas décadas”

O pesquisador esclarece sobre a diferença básica entre seca e estiagem. A seca é um processo constante de redução da precipitação, que aos poucos se instala em uma região, trazendo consequências agrícolas, econômicas e sociais de grande importância. Neste caso, somente ações externas não são suficientes para minimizar seus efeitos negativos. No cenário agrícola, a situação é agravada em localidades onde nem a irrigação pode ser utilizada, pois não existe suficiente reserva hídrica para que essa técnica seja empregada. 

A estiagem compõe-se por pequenos períodos com precipitação abaixo da normal, cerca de 10 a 15 dias, e geralmente ocorre durante uma estação chuvosa. O impacto deste fenômeno se dá mais sobre atividades agrícolas. “Quando a falta de precipitação, no caso da estiagem, se estende por meses e a reserva hídrica suprida pela precipitação não é adequada para atender à necessidade das atividades humanas, industriais e agrícolas, temos a seca”, resume Brunini.

Perfil paulista

O Estado de São Paulo possui características gerais de clima tropical de altitude, como na região do Planalto. Há algumas regiões com clima mais chuvoso, como no Litoral, e ainda as que se enquadram na classificação de clima subtropical, como na área Serrana. Esse perfil identifica o Estado com clima de verão úmido e quente, inverno seco no Planalto e inverno com boa precipitação no Litoral. Essas condições explicam a distribuição das culturas agrícolas, como exemplo, a concentração da heveicultura, no Planalto, justamente pelo fato de o clima desfavorecer a ocorrência de pragas típicas das seringueiras. No Estado, as geadas são ocasionalmente observadas, com frequência entre oito a dez anos de recorrência.

Segundo o pesquisador Orivaldo Brunini, embora com clima definido, as anomalias climáticas que mais afetam o Estado são chuva em excesso, ocasionando inundações, e falta dela, que leva a períodos de veranico, em especial, em janeiro e fevereiro. “Seca é um fator normal, sendo que em vários anos essa ocorrência foi mais acentuada, como em 1963, 1961 e 1978”, afirma. 

Ele ressalta que os fenômenos adversos mais comuns são seca e inundação. “Neste ano de 2014, o fenômeno seca apresenta-se de forma acentuada no Estado, o que vem trazendo sérios prejuízos à agricultura, ao abastecimento de água para consumo humano e uso industrial”, diz. 

De acordo com o pesquisador do IAC, a quantificação das secas pode ser feita sob as seguintes óticas: agrícola, meteorológica e hidrológica. “A correta interpretação dos resultados gerados está diretamente relacionada ao correto entendimento e definição do fenômeno seca”, afirma. Usualmente, a literatura traz quatro definições de seca, fundamentadas principalmente no campo de atuação do especialista ou no enfoque a ser dado. Essas definições são baseadas em considerações meteorológicas, hidrológicas, agrícolas e econômicas. 

A seca agrícola está relacionada à baixa umidade do solo, causada pela baixa precipitação, em dado período, sendo insuficiente para suprir a demanda das plantas. “Neste caso, podemos ter diferentes graus de seca agronômica ou agrícola, pois isso depende muito da cultura em análise”, esclarece. 

A seca meteorológica refere-se às condições de precipitação pluviométrica abaixo das normais e esperadas. Já a seca hidrológica refere-se aos níveis de rios e reservatórios abaixo do normal, afetando todo o processo social e diversas atividades. A seca econômica constitui a situação em que o déficit de água induz à falta de bens ou serviços (energia elétrica ou alimentos, por exemplo). Esse cenário pode resultar de volume de água insuficiente, má distribuição das chuvas, aumento no consumo ou ainda ao mau gerenciamento dos recursos hídricos.

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Foto de Arruda São Pedro.
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Cafés com mudanças climáticas se prepara para mudanças no mercado Brasileiro.

os ventos fortes e a baixa temperatura nas regiões cafeeiras devem ter chuva e frio nesta primeira e Segunda semana de junho de 2014, na região de Guaxupé. onde boa parte da região de cafés estão com a maturação adiantada, a Colheita do grãos se mantém em ritmo lento em praticamente todos as regiões produtores devido a falta de mão de obra e mudanças do clima. Nas regiões acima de 1000 metros atrasou ainda mais e os cafés colhidos não secam no terreiro devido as temperaturas baixas e nevoeiro na parte da manha. Nesta semana teve ventos fortes que derrubaram uma pequena porcentagem dos grãos, mas o que está aparecendo é o desfolhamento provocado pela ferrugem. Apesar do tempo estar seco, apenas 5% dos cafezais já foram colhidos; nas regiões de Guaxupé em Minas Gerais´, Mas os produtores estão preocupado com os cafés boias que contem apenas uma fava (grão). Sendo a qualidade dos grãos miúdos e uma aceleração na maturação, outro fator inusitado é o peso dos grão boias com leves em grãos mau formados e pesados os que contem apenas um grão chamado de moquinha. a seca que agora é visível a realidade das perdas nos cafés de primeira e segunda carga. As colheitas de cafés mais velhos está provocando uma depreciação na qualidade dos grãos ficando apenas miúdos mas não comprometendo a bebida e com isso, a oferta de qualidade está baixa este ano. O excesso de umidade sobre os grãos acelera o processo de maturação, além de acelerar também a sua decomposição. Assim, muitos produtores estão optando para produzir cafés do tipo cereja descascados ou até mesmo de qualidade passando nos lavadores para ter uma pré seleção dos grãos. Fernando Barbosa
Veja nas fotos tiradas hoje 31/05/2014.

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Fonte:
Maxpress

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