No ESTADÃO: Bolsa (Ibovespa) atinge maior nível desde outubro de 2013

Publicado em 19/06/2014 06:22
Ibovespa retoma altura dos 55 mil pontos; parte dos ganhos é atribuída à decisão de política monetária dos EUA (no Estadão)

(veja abaixo: Governo prorroga incentivos à indústria até 2015, com PSI)

 A Bovespa retomou o patamar de 55 mil pontos nesta quarta-feira, 18, e registrou seu maior nível desde o final de outubro passado. A sessão foi marcada, principalmente, pelo resultado do encontro de política monetária de dois dias do Federal Reserve

Em meio à leitura de que nada muda por lá por enquanto, a Bovespa firmou a trajetória positiva iniciada na hora do almoço - depois de algum sobe e desce pela manhã.

O Ibovespa terminou o pregão com alta de 1,66%, aos 55.202,54 pontos, na máxima do dia e no maior nível desde 23 de outubro do ano passado (55.440,03 pontos). Na mínima, registrou 54.046 pontos (-0,47%). No mês, acumula ganho de 7,74% e, no ano, de 7,17%. O giro financeiro totalizou R$ 15,975 bilhões, engordado pelo exercício. Os dados são preliminares. 

Petrobrás ON teve ganho de 3,64% e PN, de 3,71%, Vale ON subiu 1,41%, PNA, +1,37%, Itaú Unibanco PN, +1,37%, impulsionados, entre outros fatores, pelo vencimento do Ibovespa futuro e opções sobre o índice. 

Outro fator que impulsionou Petrobrás e também Eletrobras (ON +3,26% e PN +2,07%) foram as especulações com a pesquisa Ibope que será divulgada amanhã. Ontem e ainda hoje pela manhã, os papéis das estatais foram alvo de venda após rumores de que a presidente Dilma Rousseff (PT) subiu nas pesquisas, mas nesta tarde os investidores preferiram não correr o risco de perder uma possível alta nas ações de estatais e compraram esses papéis.

Sobre a Petrobrás, vale registrar que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, informou hoje que o governo está estudando a ampliação de 25% para 27,5% na mistura de álcool na gasolina. 

A decisão do Federal Reserve também contribuiu para o avanço do Ibovespa, com a valorização firme das bolsas lá fora servindo de referência ao mercado doméstico. O índice Dow Jones fechou com alta de 0,58%, aos 16.906,62 pontos, o S&P 500 avançou 0,77%, aos 1.956,98 pontos, e o Nasdaq subiu 0,59%, aos 4.362,84 pontos. O Fed manteve os juros próximos de zero e reduziu as compras mensais de bônus em US$ 10 bilhões (para US$ 35 bilhões), como esperado, além de cortar suas projeções de crescimento para este ano e revelar que a maioria dos membros do comitê vê um aumento dos juros um pouco mais forte do que se pensava em 2015 e 2016. Houve, no entanto, revisão para baixo das projeções de crescimento e de taxas de juros de prazo mais longo. 

BC dos EUA corta novamente estímulos à economia e mantém taxas de juros

Maioria dos membros do comitê americano de política monetária entende que primeira elevação da taxa virá apenas no ano que vem

 

Em decisão unânime, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou a redução das compras mensais de bônus em US$ 10 bilhões, para US$ 35 bilhões. Com isso, deu continuidade aos planos de encerrar o programa de estímulo até o fim do ano, como esperado pelo mercado. Cortes sucessivos vem sendo feitos desde o início do ano e esta é a quinta redução. 

As taxas de juros da economia americana ficaram inalteradas, entre zero e 0,25%, conforme a decisão anunciada nesta quarta-feira, 18. É o mesmo nível estabelecido desde a crise financeira de 2008.

A maioria dos membros do Fed considera que o primeiro aumento dos juros virá ainda no ano que vem. Por outro lado, o pequeno grupo de dirigentes que apoiam um aperto monetário somente em 2016 passou de dois para três membros. O comunicado da instituição informa que 9 dos 16 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) esperam por juros entre zero e 2,5% até o fim de 2016.

Após o anúncio das decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o dólar à vista no balcão acentuou sua queda ante o real. Às 15h28, registrou a mínima do dia, em baixa de 0,84%, a R$ 2,2370.

Entenda. A retirada dos estímulos dos EUA preocupa os países emergentes por reduzir a liquidez internacional e pode trazer turbulências aos mercados financeiros. Diante desse cenário, os bancos centrais de economias emergentes subiram suas taxas de juros para conter a fuga de capitais.

Estes mais de cinco anos de afrouxamento monetário e juro (quase) zero nos Estados Unidos tiveram três fases. Até dezembro de 2013, cerca de US$ 3,8 trilhões foram injetados nos mercados. A primeira fase começou em novembro de 2008. Despejou US$ 1,7 trilhão na economia em dois anos na compra de "investimentos podres" e títulos do Tesouro americano.

De novembro de 2010 a setembro de 2011, a segunda fase aumentou em US$ 600 bilhões a liquidez mundial. Na sequência, começou uma operação de troca de títulos de até três anos por papéis de 6 e 30 anos. O plano foi até junho de 2012 e alcançou volume acima de US$ 400 bilhões.

A terceira fase vigora desde setembro de 2012. Primeiro, instituiu recompras de ativos de US$ 40 bilhões mensais e, depois, subiu a dose para US$ 85 bilhões, que foi gradualmente reduzida até os US$ 35 bilhões anunciados nesta quarta-feira.

Prévia da inflação desacelera em junho, mas se aproxima do teto da meta em 12 meses

ECONOMIA & NEGÓCIOS - O ESTADO DE S. PAULO

18 Junho 2014 | 09h 00

IPCA-15 subiu 6,41% no acumulado de 12 meses, enquanto o teto da meta do governo é de 6,50%; taxa de junho avançou 0,47%, alta menor do que a de maio

A prévia da inflação em junho apresentou desaceleração, mas ainda assim no acumulado de 12 meses o indicador veio maior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 0,47% em junho e ficou 0,11 ponto percentual abaixo da taxa de maio (0,58%). 

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 ficou em 6,41%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (6,31%). Com isso, a taxa se aproxima do teto da meta do governo, de 6,5%. No primeiro semestre de 2014 a taxa ficou em 3,99%, acima de igual período de 2013 (3,45%). Em junho de 2013, a taxa havia sido de 0,38%.

O resultado de junho, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que esperavam inflação entre 0,15% e 0,53%, com mediana de 0,41%. 

O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação oficial, o IPCA, porque apura a variação dos preços do dia 15 do mês anterior até o dia 15 do mês de divulgação. Já o IPCA, que será divulgado somente no começo de julho, mede a variação dos preços dos 30 dias de junho.

Governo prorroga incentivos à indústria até 2015, com PSI 

 

Apesar de não fixar valores, montante a ser liberado pelo BNDES deve ser equivalente ao previsto para este ano, de R$ 80 bilhões

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira, 18, medidas do governo para tentar estimular a produção industrial. A decisão foi tomada após reunião na qual estiveram a presidente Dilma Rousseff e empresários de várias áreas, no começa desta tarde. Foi prorrogado até o final de 2015 o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), previsto para terminar neste ano.  

De acordo com Mantega, o governo ainda não definiu o montante de financiamentos que estará disponível na extensão do PSI, mas afirmou que o valor disponibilizado pelo BNDES deverá ser similar ao deste ano, que é de R$ 80 bilhões. "Não falamos em valores, no ano em curso o programa é de R$ 80 bilhões. Não fixamos ainda um valor para o próximo ano, mas provavelmente será similar", disse Mantega. "O valor vai depender de uma Medida Provisória que não precisa ser editada agora, será mais para o final do ano", completou.

O ministro disse não saber quanto do montante de 2014 já foi liberado. "Acredito que já devem ter emprestado entre 40% e 50%, mas tem que perguntar ao BNDES", afirmou. De acordo com Mantega, o governo ainda não definiu ainda a taxa de juros da extensão do PSI. "É um programa financeiro, com um volume de recursos que o BNDES destina com taxas de juros mais baixas, baseadas mais em TJLP do que em Selic", disse. 

Para Mantega, as medidas anunciadas hoje servem para reforçar a política industrial brasileira. Segundo ele, os empresários fizeram sugestões de medidas complementares àquelas já em andamento e hoje o governo deu um retorno aos executivos. "Na área de credito, já temos um programa que barateia os investimentos via bancos públicos e BNDES. O PSI é melhor programa de investimentos que já tivemos no Brasil", disse Mantega, que lembrou que o programa financia a compra de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e bens de capital, além exportações e inovação tecnológica. 

O anúncio do pacote está sendo feito em um púlpito improvisado no saguão do Palácio do Planalto. Em encontros anteriores do Fórum Nacional da Indústria, sempre houve coletiva de imprensa organizada em auditórios.

Reintegra. Outra medida é a retomar do Reintegra, que agora será permanente. O programa devolve parte dos impostos pagos por exportadores de manufaturados. A alíquota de devolução vai variar de 0,1% a 3,0%. Para este ano, segundo Mantega, a tarifa será de 0,3%. 

Nas condições vigentes até o ano passado, o programa devolvia às empresas exportadoras 3% do faturamento com a exportação de produtos industrializados. O governo informou que a validade da recriação do programa depende da data de publicação da medida provisória que tratará do assunto. 

Refis. Foi anunciada nova estrutura para a entrada que as empresas precisam fazer para aderir ao programa de refinanciamento de dívidas fiscais (Refis). As empresas precisam pagar no ato de adesão ao programa 5% de dívidas de até R$ 1 milhão, 10% para débitos de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, 15% para valores entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, e 20% acima de R$ 20 milhões. 

A Medida Provisória 638, aprovada pelo Congresso Nacional neste ano, previa o pagamento de 10% de dívidas de até R$ 1 milhão, e 20% para débitos acima desse valor. 

A previsão de arrecadação com o Refis neste ano deve ficar em torno de R$ 12 bilhões, inclusive considerando as mudanças anunciadas hoje. Para implementar as novas regras para o Refis, será necessário fazer outra medida provisória. Mantega lembrou, ainda, que os pagamentos começam a ser feitos em agosto deste ano. 

Um agrado e uma paulada

CELSO MING

Quarta-Feira 18/06/14

Enquanto recebia um agrado da presidente Dilma, o setor produtivo enfrentava nesta quarta-feira outra paulada para a qual o governo ainda não tem curativo

Enquanto recebia um agrado da presidente Dilma, o setor produtivo enfrentava nesta quarta-feira outra paulada para a qual o governo ainda não tem curativo.

O agrado foi o pacote de bondades destinado às empresas. Mais prazo e melhores condições para o pagamento de dívidas com a Receita Federal (o Refis) e ampliação do prazo do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que dá mais acesso à compra de máquinas, caminhões, tratores, etc. Sua natureza é eleitoral, mas sua principal característica foi a improvisação. Nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estava nesta quarta em condições de fornecer pormenores sobre essas decisões.


Dilma. Pacote improvisado (FOTO: André Dusek/Estadão)

Poderá reduzir certos custos, mas, por ser limitado e temporário, não parece capaz de levar as empresas a investir com força no aumento da produção e da produtividade.

A paulada é o agravamento da crise cambial da Argentina. Como comentado ontem nesta Coluna, a Suprema Corte dos Estados Unidos exigiu que a Argentina pague integralmente os títulos de dívida cujos portadores não aceitaram os termos da reestruturação imposta a partir de 2001.

É grande a probabilidade de que esse benefício, no todo ou em parte, se torne extensivo até mesmo àqueles que aceitaram o desconto (calote) de aproximadamente 70%. Nessas condições, a Argentina poderá ficar impossibilitada de honrar compromissos, não só com seu passivo de longo prazo, mas até mesmo com o pagamento de suas importações.

Do ponto de vista da indústria brasileira, a questão é que a Argentina absorve nada menos que 8% das exportações do Brasil (US$ 19,6 bilhões em 2013) e 12% da produção brasileira de veículos.

Nenhuma das soluções aventadas para o problema comercial com a Argentina, que já se vinha arrastando antes mesmo do revés imposto segunda-feira pela Suprema Corte dos Estados Unidos, se mostrou viável. Uma delas pretendeu levar os bancos brasileiros a financiar as exportações do Brasil para lá. Ou seja, passariam o pagamento para os exportadores brasileiros e ficariam credores da Argentina. Para isso, seria necessário que o Banco Central assumisse o risco cambial, ou seja, aceitasse ser fiador desses recebíveis. Essa opção foi rejeitada porque, na condição de corresponsável, o Banco Central do Brasil estaria sujeito a sequestros de ativos argentinos em seu poder pelos credores que agora têm mandado judicial para isso.

Outra ideia é usar o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para dar cobertura a eventuais faltas de pagamentos de importações pela Argentina. É uma saída que exigiria cobertura do Banco da República Argentina e, por isso, aumento da dívida entre Estados soberanos (Clube de Paris), portanto considerada de pagamento prioritário, cláusula que o governo argentino se recusou a aceitar.

Uma terceira hipótese seria o aumento das importações de produtos argentinos pelo Brasil, de modo a zerar o superávit que no ano passado foi de US$ 3 bilhões. O problema aí está em que os produtos que o Brasil poderia importar mais da Argentina seriam veículos e autopeças. Nesse caso, a crise do setor no Brasil se agravaria.

É verdade que a Argentina ainda pode ganhar algum tempo e alguma margem de negociação. Mas o nível de incerteza aumentou dramaticamente para ela e para seus parceiros comerciais.

CONFIRA:

No gráfico, a evolução do IPCA-15, medidor de inflação em 30 dias divulgado a cada meio de mês.

Insuficiente

A desaceleração da inflação (IPCA) não parece suficiente para impedir o estouro do teto da meta ao final deste junho. O IPCA-15 apontou inflação de 0,47%. Bastará que a evolução do IPCA neste mês seja de 0,38% para que a inflação medida em 12 meses atinja os 6,5% (os 4,5% da meta mais os 2 pontos porcentuais correspondentes à área de tolerância). Mas, se não for agora, é praticamente certo que o estouro acontecerá em julho.

NA VEJA, DIA 11/06/14:

Comércio exterior

Brasil e Argentina renovam acordo automotivo

Os países decidiram restabelecer a fórmula flex, que regula a proporção das importações sem incidência de alíquotas; acordo será válido até junho de 2015

A prorrogação do acordo estabelece metas de aumento da participação de mercado de ambos os países e de maior integração de autopeças argentinas na fabricação de automóveis.

A prorrogação do acordo estabelece metas de aumento da participação de mercado de ambos os países e de maior integração de autopeças argentinas na fabricação de automóveis. (Jorge Araujo/AP)

Os governos do Brasil e da Argentina assinaram, nesta quarta-feira, em Buenos Aires, a prorrogação do acordo para administrar o comércio bilateral de produtos automobilísticos até 30 de junho de 2015. 

Com a presença de representantes do setor privado, ambos os países decidiram restabelecer a fórmula flex, indicador que regula a proporção das importações sem incidência de alíquotas. O valor do flex ficou definido em 1,5 dólar. Ou seja, para cada dólar em produtos automobilísticos exportados do Brasil para a Argentina o país poderá importar do sócio o equivalente a 1 dólar com alíquota zero de importação. Acima desta proporção, a compra é taxada com 35%. 

A Argentina queria, inicialmente, a proporção de 1,3 dólar, enquanto a Anfavea, associação brasileira que representa o setor automotivo, queria 2,05 dólar. Diante da negativa brasileira em relação ao esperado pela Anfavea, a associação passou a defender que o índice ficasse pelo menos no mesmo patamar que vigorou até junho do ano passado, de 1,95 dólar. A preocupação da Anfavea era de que o novo flex criasse um piso baixo para o acordo definitivo que ainda será negociado ao longo dos próximos doze meses. 

Leia também:
Mantega diz que setor automotivo tem de 'andar com as próprias pernas'
Produção de veículos cresce 1,9% em maio
Argentina: as loucuras da presidente Cristina Kirchner

Desde julho do ano passado, as vendas bilaterais de automóveis e autopeças estavam no livre-comércio. A Anfavea defendia a prorrogação do acordo por mais dois anos nos termos atuais, mas os negociadores argentinos foram duros nas reuniões. Sem uma renovação do acordo automotivo, que vence no dia 30 de junho, as vendas dos dois países poderiam voltar a ser taxadas por Imposto de Importação.

A prorrogação do acordo estabelece metas de aumento da participação de mercado de ambos os países e de maior integração de autopeças argentinas na fabricação de automóveis. A Argentina se compromete em não restringir a liberação de divisas para as empresas locais importarem peças e automóveis do Brasil.

Pelo acordo, a Anfavea e Sindipeças, do lado brasileiro, e os representantes de autopeças do lado argentino, Afac e Amdira, se comprometem a manter participação mínima nos respectivos mercados de veículos nas seguintes proporções: 11% de automóveis argentinos no Brasil, e 44,3% de brasileiros na Argentina. O documento inclui três anexos. Um deles estabelece as bases para a discussão do acordo que vigorará a partir de julho de 2015.

(com Estadão Conteúdo)

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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