Mercado de açúcar: SEMANA CURTA, PENSAMENTOS LONGOS

Publicado em 05/07/2014 08:03
por Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting

O mercado de açúcar fechou a semana encurtada pelo feriado de 4 de julho nos EUA em baixa de 53 pontos (queda de 12 dólares por tonelada) no vencimento outubro/2014, que encerrou a 17.79 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses fecharam com menor pressão, pouco mais acentuada para os vencimentos mais curtos e menos significativa para os vencimentos mais longos. 

Na opinião de alguns traders, a entrega de açúcar contra o vencimento julho/2014 em NY, de menos de 40 mil toneladas, foi construtiva para o mercado já que não teve açúcar brasileiro sendo entregue, quase uma façanha para um mês como o de julho. Na verdade, nem em julho do ano passado tampouco houve entrega de açúcar brasileiro nas mais de 140 mil toneladas. Bom mesmo, recordando, foi a entrega de julho de 2012 com 1.1 milhão de toneladas, aí sim, quase a totalidade de brasileiro. Tanto em 2012 como em 2013, com entregas sensivelmente maiores do que este ano, o mercado reagiu positivamente no mês seguinte com os preços médios do vencimento outubro maiores do que o preço de encerramento do vencimento julho. Ou seja, não existe nenhum padrão de comportamento. É randômico mesmo. Nós é que temos dificuldade de engolir assim.

O spread outubro/14 com março/15 mostra um custo de carregamento implícito de mais de 20% ao ano. 

Os fundos estão posicionados pesadamente na compra e a queda motivada pela falta de demanda e rolagens de posição, fez com que eles liquidassem parcialmente suas posições colocando o mercado em níveis sensivelmente mais baixos. A posição em aberto em um mês subiu cerca de 100.000 contratos (junho em relação ao maio) e o volume médio registrado nos dois meses indica um crescimento substancial de negócios, média de 90.000 contratos em maio contra 165.000 em junho.

A média da posição em aberto em NY este ano é de 821.000 contratos e o máximo que ela atingiu foi 893.000 contratos. No ano passado, a média foi de 838.000 contratos. E em 2012, a média foi de 694.000 contratos. Ou seja, o açúcar não sofreu tanto com o abandono que muitos bancos infligiram às commodities de uma maneira geral. Muitos bancos europeus recolheram o trem de pouso e fugiram das commodities tanto no físico quanto nas posições proprietárias. Some-se a isso as agências reguladoras de olho para coibir manipulação de preços. “Operar commodities virou um sacerdócio com tantas regulações”, disse um ex-trader de um grande banco europeu. Com isso, os volumes caem, a volatilidade encolhe e o dinheiro voa para outros favônios com melhor relação risco/retorno. O açúcar não está tão ruim.

São vários os fatores que poderíamos discutir aqui acerca da direção que o mercado pode tomar nos próximos dias. Estamos no segundo semestre e a melhor percepção do tamanho da safra de cana e o volume que será destinado ao açúcar podem dar o tom e a estamina que tantos esperam. Sem falar do El Niño. Vou usar uma abordagem simples. O preço médio de negociação do contrato de NY, convertido em reais pela taxa de câmbio de fechamento do Banco Central, acrescido do prêmio de polarização, este ano até 30 de junho, foi de R$ 895.36 por tonelada. O preço mais alto atingido no ano foi de R$ 981.61 e o mais baixo de R$ 843.51. Se convertermos pelo dólar atual, isso daria um suporte no mercado de 16.64 centavos de dólar por libra-peso e uma resistência de 19.36 centavos de dólar por libra-peso. 

A Agência Nacional do Petróleo divulgou o consumo de combustíveis do mês de maio/2014: 981,1 milhões de litros de hidratado e 3.716,3 milhões de litros de gasolina C, perfazendo um total de 4,697 bilhões de litros, uma queda de 0.61% em relação ao consumo do mês anterior. No acumulado de 12 meses, o consumo total chegou em 54,351 bilhões de litros, com acréscimo anual de 8.55%. No mix geral, o etanol aparece com 41% e a gasolina com 59%. O incremento absoluto no consumo nos últimos doze meses foi de 4,28 bilhões de litros, dos quais 99,5% foram supridos pelo etanol (anidro e hidratado). Continuamos acreditando que para atender apenas essa demanda adicional anual de etanol, vamos precisar de no mínimo crescer 25 milhões de toneladas de cana a cada ano. No mínimo cinco novas unidades por ano moendo 5 milhões de toneladas.

O modelo desenvolvido pela Archer Consulting apura que o total de açúcar fixado pelas usinas para a safra 2014/2015 atinge 18.4 milhões de toneladas fixadas ao preço médio de 17.60 centavos de dólar por libra-peso, sem prêmio de polarização. O volume, se considerarmos a estimativa de exportação pelo Brasil de 26.44 milhões de toneladas, representa 69.60% do total de vendas. Coincidentemente, esse é o mesmo percentual que atingimos na safra passada nessa mesma época. O valor médio das fixações equivale a R$ 927.69 por tonelada de açúcar, já incluso o prêmio. O dólar médio das usinas foi apurado como 2.2965 reais.

A Archer está promovendo o I Curso Avançado de Opções Agrícolas, atendendo a pedidos de vários segmentos do agronegócio. Serão dois dias de curso focados exclusivamente em opções sobre commodities agrícolas. O curso ocorre dias 29 e 30 de julho em São Paulo.

Bom final de semana para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Archer Consulting

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