Manifestação contra samba-enredo da Imperatriz mostra novo comportamento do Agro

Publicado em 18/01/2017 15:24 e atualizado em 18/01/2017 16:30
Produtores rurais, empresas e entidades do Agro utilizaram força das mídias sociais para rebater as injúrias contidas no samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

A polêmica sobre samba-enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense trouxe inúmeras discussões e revolta entre agricultores e entidades ligadas ao agronegócio, mas despertou a união do segmento que, em uníssono, defendem o setor em comentários nas redes sociais.

Mostrando-se preparados para o diálogo com as críticas recebidas, produtores, grandes empresas e Associações utilizaram as mídias sociais de forma séria e responsável. Além de demonstrarem sua opinião e apoio ao setor, passaram a divulgar imagens com informações para esclarecer a força do produtor e sua representatividade à população, mostrando o que o segmento já faz pelo Brasil de diferentes formas.

“O positivo desse fato que estamos vendo a classe mais unida. Temos que fazer mais manifestações para que a população realmente conheça o AGRO ao invés de acreditar em ignorantes que nem sabem de onde vem a comida que eles necessitam todos os dias. Saber de onde vem o dinheiro para esse desfile. Eles afirmam que é do fundo que o governo dá para a festa. Eu não acredito , acho que a fonte é outra” - Gustavo Ribas Netto

“Acrescento a mistificação promovida pela Imperatriz do ‘nessa terra se plantando tudo dá’. Vai nessa, não fosse o suor e sangue do produtor o Brasil não seria a potência agrícola que é hoje” - Rodrigo Polo Pires.

 “A Imperatriz não sabe nem um décimo do que passava o produtor rural antes do êxodo rural que deixou as fazendas ás moscas... A enxada foi substituída pelo pandeiro” – Victor Angelo P. Ferreira

         

   

Dentre as informações divulgadas, está a quantidade de empregos gerados, de produção de alimentos, PIB e área de plantio, uma vez que há uma visão deturpada da riqueza e tamanho da propriedade de um produtor rural pela falta de informação da população. Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da ACCS, disse que “Outra falta de conhecimento é dizer que a população indígena está se acabando por causa dos fazendeiros do agronegócio. A população indígena tem hoje mais terras do que o agronegócio”.

Segundo dados do IEA, o estado de São Paulo conta com 329 mil empregos agropecuários, representando 71% dos empregos formais do estado e 21,8% do total de empregos do país no segmento. As atividades que mais se destacam são o cultivo de cana-de-açúcar (21,3%), cultivo de laranja (14,3%), criação de bovinos (13,8%), atividades de apoio à agricultura (10,4%), criação de aves (72%) e cultivo de café (4,2%). Além disso, o Brasil possui 61% de seu território preservado, bem como rigorosas leis ambientais e de fiscalização de uso de agrotóxicos realizadas pelo Ministério.

Marketing de Valorização

Com intuito de informar a população com dados que comprovam a importância e real participação do agronegócio na vida dos brasileiros, mensagens para engajar o setor também foram divulgadas por meio de comunicação visual. Os produtores afirmam que esta nova identidade de comunicação pode construir uma relação próxima entre profissionais e empresas dentro e fora do agro, evidenciando o Brasil enquanto produtor.

A delegada coordenadora do núcleo APROSOJA de Tangará da Serra, Eloiza Zuconelli, diz que “Essa foi uma grande oportunidade de despertarmos para o grande desafio da comunicação com a sociedade de maneira geral”. E afirma que é a hora de aproveitar oportunidade para desenvolver, elaborar e executar um trabalho permanente de comunicação unindo todas as cadeias produtivas para que essa “visão míope de achar que o agro é algo isolado” seja revertida.

Eloiza acredita que toda essa manifestação nas mídias tem dado maior visão ao agro de uma forma geral e vê as mídias de forma positiva para propagar o apoio ao agronegócio brasileiro e informar a população, mas para que essa conscientização tome força, é necessária a implantação de um projeto consistente e permanente de marketing ligado a órgãos e grandes instituições, unindo toda a cadeia produtiva, uma vez que, segundo ela, “existem milhares de iniciativas dentro do agro, mas nenhuma vai adiante”.

Ela também afirma que é preciso ter cautela para que qualquer atitude não seja vista como “uma maneira desesperadora de defesa” e que “é preciso ter estratégia para que a ação não se volte contra o agro, como estão dizendo por aí que a polêmica ‘despertou a ira’ dos produtores”.

Para ela, esse novo processo de comunicação e informação sobre o agro é algo que deve começar nas escolas. “Existe muita desinformação e certa doutrinação dentro do sistema educacional brasileiro estereotipando o produtor rural”, diz. “Esclarecer a conexão entre todos os elementos produzidos no campo, informar sobre recursos naturais e renováveis e a forma que tudo está ligado física ou energeticamente desde cedo é a base para um futuro diferente do que estamos vivendo hoje, com pessoas graduadas que não sabem de onde vem aquilo que consomem”.

Continuidade no Movimento

O presidente do Clube Amigos da Terra e vereador de Tupanciretã (RS), Almir Rebelo, disse nesta entrevista ao Notícias Agrícolas aquilo que confirma a posição de Eloiza, onde as entidades do agro precisam alinhar o discurso e discutir juntos ações que possam gerar resultados a favor do agronegócio após o desfile.

Para o Presidente da Aprosoja RS, Luis Fernando Marasca Fucks, essa ação da Imperatriz Leopoldinense não passa de uma “guerra capitaneada por nações estrangeiras que visam o domínio de uma região desabitada do Brasil.”, uma vez que o agro brasileiro ficará exposto para outros países. Além disso, essa desinformação afeta toda a cadeia e sabotam “os vários planos de desenvolvimento do país, tais como construção de estradas, hidrelétricas, hidrovias, ferrovias e empreendimentos agropecuários”.

Leia a nota na íntegra

A respeito dos “financiadores” citados por Marasca, Ancelmo Gois diz em sua coluna no O Globo que “O senador Ronaldo Caiado vai propor, no Senado, uma sessão temática ‘para discutir, debater e descobrir os financiadores da Imperatriz Leopoldinense e os interesses em denegrir o agronegócio’”.

Confira: http:/www./blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/senador-ronaldo-caiado-vai-propor-cpi-da-imperatriz-leopoldinense.html

O líder dos Democratas ficou indignado com a letra que mancha a imagem do setor.

https://www.ronaldocaiado.com.br/2017/01/caiado-propoe-sessao-tematica-para-investigar-difamacao-do-agronegocio-por-escola-de-samba/

João Batista Olivi, jornalista do Notícias Agrícolas, disse que esta movimentação iniciou nas redes sociais e, se o debate está mal conduzido, basta que a frase que está culpabilizando o agronegócio seja retirada do samba-enredo para que a situação seja resolvida, uma vez que "o carnaval é mantido graças ao trabalho dos produtores rurais".

Segundo João, "a escola precisa de mais informação, não generalizar e não fazer a imputação do mal, pois os países do mundo todo, principalmente os nossos concorrentes, estarão assistindo ao desfile".

Compartilhando da opinião de João Batista, a Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMRA, São Paulo/SP) menciona em nota à imprensa que “Não se pode culpar o setor agro e, de forma generalizada, como pretende a escola de samba, mostrando ainda essa distorção para o mundo todo”.

João Batista ainda compara o movimento ao “Grito do Ipiranga”, de 2006, quando diante de uma grave crise econômica, os produtores se uniram em protesto. O movimento que começou no norte do MT aumentou e 10 estados brasileiros aderiram à paralisação. Depois disso, as associações e entidades do setor ficaram mais fortes e representativas. No caso do samba-enredo, a movimentação começou nas mídias sociais e tem se fortalecido fora delas.

Em resposta aos produtores, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense disse que não havia intenção de “atacar” o setor, que a crítica ao uso “irresponsável” dos agrotóxicos foi baseada em pesquisas e não tinha a intenção de generalizar. “Não é uma referência direta, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram”.

Confira nota enviada pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Jéssica Ruza
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

    Na década de 60 existiam 11 famílias na Fazenda Soledade e todos tinham colheitas próprias pois plantavam em áreas delimitadas. e tinham suas criações,,, Seus filhos estudavam nas escolas rurais tendo conta aberta nas farmácias da cidade e loja de tecidos... Trabalhavam no regime de tarefas que sempre era das 7 ás 11 da manhã, ficando o resto do dia para tratar de seus interesses... O pagamento era semanal dado por ORDENS que eram aceitas nos armazéns do lugarejo próximo... A enxada era a sua companheira de trabalho e nem sabiam o que era fertilizante quanto mais herbicida, pois 11 trabalhadores davam conta de todo serviço anual da propriedade... Tudo estava dentro dos conformes, apenas o fazendeiro pulando daqui e dali procurando o Banco do Brasil pra ajudar a cobrir suas dívidas por intermédio da Creai, sua Carteira Agrícola... Aí começou a debandada... Fulano foi pro Paraná, beltrano mudou pra cidade e assim por diante... Em poucos anos o vazio foi tomando conta do lugar,,, Este movimento tomou conta do Brasil e aí começou o leva e traz de trabalhadores da cidade para o campo, com as escolas abandonadas que um dia serviram para dar ensino para os filhos daqueles trabalhadores rurais... Daí pra frente todo mundo já sabe o que resultou para o BRASIL este êxodo que deixou as fazendas às moscas.... e o pior, centenas de escolas rurais abandonadas como se vê até hoje...

    1