EUA: Apreensão é crescente entre produtores rurais com subsídio que ainda não tem data para chegar
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O cenário financeiro em que se encontram os produtores rurais norte-americanos é alarmante, em especial no caso da soja, em função da guerra comercial em curso entre China e EUA, apesar das negociações correntes entre as duas maiores economias do mundo. O quadro é de conhecimento do governo de Donald Trump, todavia, ao contrário do que aconteceu em seu primeiro mandato, o resgate a estes agricultores pode não ser tão simples desta vez.
No final da última semana, Trump informou que o governo norte-americano iria utilizar os recursos arrecadados com o pagamento das tarifas para trazer assistência ao setor, reconhecendo que o mesmo estaria sendo duramente afetado pelas mesmas taxas. No caso da soja, por exemplo, as compras da China - que é o maior cliente do agronegócio dos EUA - foram a zero, com as tarifas ainda em curso e as aquisições da nação asiática concentradas na América do Sul, em especial no Brasil.
A China não compra soja dos EUA desde maio deste ano.
"Iremos pegar uma parte deste dinheiro que fizemos com as tarifas e o daremos aos nossos produtores, os quais estão - por um curto período - sofrendo com isso, até que as coisas engrenem e e que as tarifas atuem em seu benefício", afirmou o presidente americano na Casa Branca, na última quinta-feira (25).
Já na sexta-feira (26), a secretária da Agricultura dos Estados Unidos, Brooke Rollins, anunciou que o governo norte-americano fará a compra de grandes volumes de grãos para apoiar os produtores norte-americanos e também os programas internacionais de segurança alimentar. Serão 417 mil toneladas de grãos, o equivalente a a mais de 16 milhões de bushels de sorgo e milho. O anúncio se deu durante o Ag Outlook Forum, no Missouri.
Foto: Anna Kaminski/Kansas Reflector
"O custo de fazer negócios com os nossos produtores aumentou drasticamente quando os preços das commodities recuaram", disse Rollins. Durante seu discurso, a secretária ainda afirmou que parte do que os produtores americanos estão sofrendo neste momento é reflexo também da administração de Joe Biden, com políticas que alimentaram a inflação e que ignoraram todas as necessidades dos produtores. Além disso, reforçou ainda que para as ajudas aos agricultores sejam eficientes é preciso que o Federal Reserve siga baixando as taxas de juros no país.
Desde 2020, os custos de produção dos produtores rurais norte-americanos têm crescido de forma expressiva, não diferente do que acontece no Brasil. No entanto, por aqui, principalmente na soja, as exportações têm crescido, o market share do Brasil é maior e está consolidado e, ainda assim, os esforços são grandes para garantir margens minimamente aceitáveis para que as contas fechem e o produtor se mantenha na atividade.
Os custos com o plantio subiram 18%; o de combustíveis 30%; a mão de obra 47%; eletricidade 36%; manutenção de maquinário 45% e 37% nos fertilizantes.
Em seu discurso, Rollins citou ainda o fato de os Estados Unidos estarem vivenciando momentos também bastante difíceis entre seus pecuaristas, que registram seu menor rebanho em 75 anos.
QUANDO VEM A AJUDA E DE QUANTO SERÁ?
De quanto será a ajuda que os produtores norte-americanos receberão e quando ela chegará ainda não se sabe. Brooke Rollins afirmou, também neste evento em que participou no final da semana passda, que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda não está pronto para anunciar um plano de pagamento para os produtores rurais. Mas, que os cálculos estão sendo feitos e que logo os detalhes serão divulgados.
Além dos recursos que virão da arrecadação com as tarifas, a secretária afirmou ainda que volumes de outros fundos também estão sendo revistos para atender ao setor.
No entanto, diferente do que se observou no primeiro governo Trump - em que os agricultores receberam quase US$ 30 milhões em subsídios - o acesso a este recurso deverá ser mais difícil. "Não sei se os agricultores podem esperar que o que aconteceu da última vez aconteça desta vez”, disse Gbenga Ajilore, ex-funcionário do USDA e economista-chefe do think tank Center on Budget and Policy Priorities ao jornal The Minnesota Star Tribunne.
Foto: Jp Lawrence
Ainda sem perspectivas, cálculos do produtor rural e membro do Conselho de Pesquisa e Promoção da Soja do estado Joel Schreurs, que cultiva em Tyler, em Minnesota, mostram que um cultivo de 1 mil acres pode gerar, atualmente, um déficit de US$ 170 mil. "Acho que as pessoas não percebem a necessidade de mais mercados, preços mais altos ou algum tipo de compensação", disse ao portal local.
Além disso, Schreurs lembra também que, enquanto os agricultores norte-americanos seguem aguardando pelo auxílio, ainda há processos na Suprema Corte americana que avaliam e julgam a legalidade das tarifas de Trump.
Com informações da Bloomberg, Successful Farming e The Minnesota Star Tribunne.
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