Perdigão e Sadia criam maior exportadora mundial de frango
A Perdigão e a Sadia confirmaram nesta terça-feira a união das duas empresas em uma nova companhia chamada Brasil Foods S.A. (BRF) que se tornará a maior produtora e exportadora mundial de carne de frango, uma das principais processadoras de carne de porco e a maior abastecedora no País de alimentos industrializados.
Além disso, a nova empresa nasce como a terceira maior exportadora brasileira, com vendas anuais no valor de cerca de R$ 22 bilhões, 119 mil funcionários e 42 fábricas. A nova companhia deverá realizar uma oferta pública de ações para levantar valor estimado de R$ 4 bilhões, segundo comunicado ao mercado.
A união das companhias, que juntas serão responsáveis por quase 25% do mercado exportador global de aves, se dará por meio de uma complexa operação societária, com a criação de uma outra entidade, a HFF Participações.
Para o negócio se concretizar, os detentores de pelo menos 51% das ações ordinárias da Sadia deverão repassar os papéis com direito a voto que detêm para a HFF.
Ao mesmo tempo, a Perdigão terá sua denominação alterada para Brasil Foods, que posteriormente vai incorporar as ações da HFF. A relação de troca, nesse caso, será de 0,166247 ação de emissão da Brasil Foods por cada ação ordinária da HFF.
De acordo com o documento firmado entre as empresas, a incorporação de ações da HFF pela Brasil Foods está condicionada à alienação, pela Sadia, da Concórdia Holding Financeira, que controla banco e corretora de mesmo nome, para outra sociedade de participações.
O comunicado declara ainda que a condição final para a associação é a comprovação, pela HFF, de que é detentora de cerca de 51% das ações ordinárias da Sadia.
As ações da Sadia em circulação no mercado serão, depois disso, incorporadas pela Brasil Foods. A relação de troca para os minoritários será de 0,132998 ação ordinária da Brasil Foods por cada ação ordinária ou preferencial da Sadia, equivalente a 80% do valor atribuído aos controladores da empresa, como determinam as regras da Comissão de Valores Mobiliários em caso de alienação de controle.
Conforme as empresas, as ações da Brasil Foods continuarão a ser negociadas no Novo Mercado, ambiente da Bovespa que exige maior grau de governança corporativa e em que hoje está listada a Perdigão.
As empresas informaram que o acordo de associação pode ser rescindido no prazo de 15 dias se as condições incluídas no documento não forem cumpridas.
As duas antigas concorrentes vinham negociando a fusão há várias semanas, e o processo agora depende da autorização das autoridades reguladoras brasileiras.
Concorrência
Para o assessor técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Pó, a fusão pode provocar aumento dos preços e queda na qualidade dos produtos, já que diminui a concorrência. "As empresas não se juntam para o bem do consumidor, elas se juntam para ter lucro", afirmou.
As experiências de fusão anteriores demonstram que o consumidor não costuma ser beneficiado com esse tipo de operação, de acordo com Pó. Para ele, a concorrência é a única maneira de garantir que as empresas forneçam serviços de qualidade e preços razoáveis.
O professor de marketing da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA USP), Marcos Campomar, é "otimista" com os possíveis resultados da união das duas empresas. Segundo ele, a nova companhia terá condições de oferecer produtos de melhor qualidade com preço menor.
A melhoria dos serviços seria consequência da melhor utilização dos equipamentos e da mão de obra das indústrias pertencentes a ambas as marcas. Na avaliação de Campomar, a unificação também permitiria "nivelar por cima" os padrões de qualidade.
O professor não descarta a possibilidade da existência de monopólio, pois a fusão irá combinar a força de penetração no mercado das duas empresas. "O que fará pressão sobre as empresas menores", alertou Campomar. Nesse cenário, ele acredita que as outras empresas só teriam espaço entre as pessoas de renda mais baixa.
Quanto a demissões, Campomar acredita que devem ocorrer em níveis gerenciais, de maneira a adequar a estrutura administrativa. Ele não acredita em "demissões em massa".
No que diz respeito aos fornecedores, Marcos Campomar prevê uma situação mais complicada. Segundo ele, com a concentração de mercado decorrente da fusão, a nova empresa teria mais poder de negociação e poderia exigir melhores condições de compra. " Quando um comprador é forte, ele pode forçar o preço que ele quiser", explicou.
Para o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza, a situação dos produtores não deve mudar. "A política deles é igual, não muda nada", afirmou. Segundo Souza, muitos produtores apenas prestam serviço para as grandes empresas do ramo de alimentos, que são donas dos produtos e dos insumos.
Souza se diz favorável à fusão, por acreditar que a nova empresa terá mais condições de abrir espaço no mercado internacional. "Nós precisamos ser competitivos no exterior". Ele espera que os novos ganhos, obtidos com as possíveis exportações "sejam distribuídos com os produtores".
A Perdigão e a Sadia juntas são responsáveis pela absorção de cerca de 35% da produção de suínos de Santa Catarina, estado de origem das empresas.
Fonte: Terra Online
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