INTERNACIONAL: Com safra recorde de grãos, armazéns brasileiros são insuficientes

Publicado em 03/05/2010 16:19 e atualizado em 03/05/2010 16:50
O aumento das safras de milho e soja no Brasil, assim como as baixas vendas deste ano, estão testando a capacidade de armazenamento do país.

O Brasil, que é o segundo maior produtor de grãos do mundo depois dos Estados Unidos – prevê uma safra de grãos 8,3% maior do que a do ano passado, batendo todos os recordes. Essa produção inclui 67,3 milhões de toneladas de soja e 54,1 milhões de toneladas de milho.

Os armazéns por todo o país estão lotados, e por conta disso, montes enormes de grãos estão acumulados em terras de produtores e carrocerias de caminhões.

Essa deficiência de armazenamento mostra como os estoques nacionais têm pressionado os preços dos grãos no país. No entanto, o escoamento também é um problema que agrava a situação da armazenagem. A falta de infraestrutura na logística, com portos sobrecarregados e estradas precárias, dificulta o transporte de alimentos para grandes cidades brasileiras e também para os mercados globais.  Com isso, os compradores acabam buscando produtos nos Estados Unidos, prejudicando o alto potencial das exportações, os preços e os produtores brasileiros.

 “O Brasil não tem capacidade suficiente para estocar a safra de milho do ano passado, nem deste ano e tampouco uma safra recorde de soja”, disse o consultor Michael Cordonnier. O governo garante comprar a safra pagando o preço mínimo. O valor pago pelo governo está acima dos preços atuais do mercado físico – que têm desencorajado os produtores a investirem em seus grãos e colocá-los na concorrência, segundo Cordonnier.

Os silos na região central do Brasil já estão cheios e o Ministro da Agricultura, Wagner Rossi, está visitando o estado do Mato Grosso para avaliar a situação.

Os problemas, na realidade, já estão aparecendo e produtores e cooperativas de soja e milho no Paraná – segundo estado brasileiro com maior produção de soja – já estão convivendo com a situação de terem que deixar os grãos ao relento, sem armazenagem. Segundo Cordonnier, a curto prazo isso não irá ameaçar a qualidade das safras, já que o clima seco deve perdurar até setembro. Entretanto, quando os grãos são colocados sob uma lona em um espaço de concreto, pode durar por meses.

Na região de Cascavel, os produtores estimam uma produção de 1,7 milhões de toneladas de soja e milho nesta safra, comparadas às 900.000 da temporada passada, quando uma longa estiagem prejudicou a produção.

 “Até então, os problemas têm sido isolados, mas algumas cooperativas em Cascavel já lutam contra a falta de espaço”, diz  Otmar Hubner, especialista da Secretaria de Agricultura do Paraná. O problema será ainda mais grave quando o milho safrinha for colhido, em julho, tornando os problemas de infraestrutura ainda mais evidentes.

Um analista do Imea disse que a região do Mato Grosso tem capacidade para armazenar cerca de 25,7 milhões de toneladas. Paralelamente, Cordonnier afirma que o Brasil deve produzir 143 milhões de toneladas de suas principais culturas – milho, soja e arroz – na safra atual, enquanto a capacidade de armazenagem é de apenas 128 milhões de toneladas.

Uma solução possível seria, de acordo com Cordonnier, as bolsas silos – gigantes bolsas de plástico colocadas no chão que são capazes de armazenar 8000 bushels de grãos. Essas “bolsas” são relativamente baratas e muito populares na Argentina.

Tradução: Carla Mendes

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Fonte:
Dow Jones

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