Lobby político fez a diferença para produtores dos EUA

Publicado em 13/09/2010 08:17
Mas os produtores norte-americanos - que literalmente têm as lavouras no quintal de casa e utilizam ao máximo a mão-de-obra familiar, já que contratar funcionários é algo extremamente dispendioso naquele país - conquistaram cada um dos benefícios obtidos e invejados no Brasil. Se hoje todos os produtores de grãos recebem algum tipo de subsídio e têm renda assegurada para hectares reservados ao programa de conservação ambiental, como é o caso de Doug McCaw, é graças à união e organização deles junto ao governo, por meio do lobby em prol do segmento.

“Certamente esta é a maior lição que trazemos desta viagem”, aponta a delegada da Associação do Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), em Campo Verde, Flávia Borges. Como avalia, apesar dos subsídios já conquistados, a atuação política em prol do segmento persiste. “O produtor rural é bem-visto pela sociedade local, é valorizado. Se existe logística é porque houve lobby, se há política agrícola de longo prazo é porque existe lobby”. O produtor Dirceu Martins Comiran, de Campos de Júlio, reviu conceitos após conhecer a realidade norte-americana. “Nosso maior gargalo é a falta de envolvimento político”, sentencia.

Para o diretor da Aprosoja/MT, Ricardo Arioli, que liderou a comitiva e que já conhecia o sistema produtivo norte-americano, um dos objetivos desta viagem é justamente ampliar a base de mobilização dos produtores. “Este é o terceiro grupo de produtores que a Aprosoja/MT leva aos Estados Unidos. Com este intercâmbio estamos aprendendo a fazer lobby em Brasília e as conquistas que a nossa entidade vem contabilizando são reflexos destas viagens e queremos cada vez mais aumentar a participação dos produtores e ampliar o nosso poder na política”. (Veja quadro)

Doug McCaw – O produtor de Aledo, no estado de Illinois, recebe a comitiva mato-grossense logo na entrada de sua propriedade e distribui informações preciosas sobre sua atividade e renda, concretizando a fama deles de bem organizados. A fazenda produz em pouco mais de 870 hectares, ou em mais de 2,15 mil acres, soja e milho e destina outros 64 hectares ao programa de conservação, outra modalidade de subsídio. A recuperação destes hectares replantados com gramas nativas garante 5% da renda do produtor. A previsão para a safra 2010 é de obter lucro de US$ 255 por cada hectare de milho cultivado e US$ 201 por hectare de soja. Alongando a análise, McCaw reclama que se tivesse arrendado a terra teria ganho mais US$ 29 por hectare no milho e US$ 83 na soja. Como a Farm Bill é revista a cada quatro anos, plantando ou não neste período, o produtor tem uma renda de até US$ 40 mil por pessoa garantida. Estima-se que cada produtor tenha pelos menos 85% de sua área coberta por alguma modalidade de subsídio e que os sistemas de armazenagem próprios garantam cerca de 20% a 30% da produção na propriedade à espera do melhor momento para negociar.

Os produtores mesmo com acesso facilitado ao crédito - em função da capilaridade de pequenos bancos regionais voltados ao fomento agrícola e que financiam até 100% do custeio - vão para o mercado futuro apenas para assegurar preços e não para custear as lavouras como ocorre em Mato Grosso. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) possui uma agência de fomento exclusiva aos pequenos produtores. Em resumo: plantando ou conservando, a renda anual está garantida nos Estados Unidos.

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Fonte:
Gazeta Digital

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