Apesar de medidas, governo não segura queda do dólar

Publicado em 08/10/2010 20:05
Nesta sexta-feira, a moeda fechou com desvalorização de 1,07%, a 1,668 real

Dólar em queda

Dólar recuou na semana mesmo com as novas medidas do governo para conter sua queda (Hamera Technologies)

Apesar das tentativas do governo para interromper a queda do dólar, a moeda norte-americana encerra a semana em baixa  de 0,66% frente ao real, cotada a 1,668 real. Em relação ao fechamento de ontem, a desvalorização é de 1,07%. No ano, chega a 4,30%.

Depois de muita oscilação na manhã, os investidores no mercado interno colaram no otimismo externo e a tendência de queda do dólar se consolidou. Algumas notícias do dia foram usadas pelos bancos para justificar a grande oferta de dólares no mercado nessa sexta-feira: a alta das bolsas nos Estados Unidos, que contagiou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e a perspectiva de que China e Hong Kong tenham seu rating (nota) melhorado em breve pela Moody's, que hoje colocou essas duas dívidas em revisão. O resultado final é que o otimismo faz com que os investidores tragam mais recursos para o Brasil. Aqui, com  taxas de juros muito superiores a de outros países, o ganho das aplicações atrai cada vez mais dólares.

O governo vem tentando frear essa entrada de dólares. Nessa semana, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi elevado de 2% para 4% para investimentos em renda fixa. O estrangeiro, contudo, já encontrou alternativas para driblar esta barreira. A entrada vem por meio da compra de ações e depois é revertido em títulos que pagam taxas de juros. Outra alternativa tem sido a negociação no mercado futuro, onde o investidor não paga IOF. 

Ainda nessa semana foi divulgada uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de abrir espaço para o Tesouro comprar quase 11 bilhões de dólares adicionais no mercado cambial. A intenção do governo foi aumentar a demanda por moeda norte-americana e, com isso, conter a sua desvalorização.

Com a valorização do real, a grande preocupação do governo é com a perda de competitividade das exportações brasileiras. Nessa sexta-feira, o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, estimou ser desejável, embora pouco provável, o fechamento de um acordo entre países desenvolvidos e emergentes para enfrentar a chamada "guerra cambial". "É desejável, (...) e espero que aconteça, mas não creio que seja provável em curto prazo", disse Meirelles, que está em Washington para participar das reuniões do FMI. Meirelles estimou que o assunto dos "desequilíbrios cambiais no mundo" certamente dominará as discussões, uma vez que este se tornou "um problema importante" que deve ser colocado sobre a mesa para que possa ser solucionado. Ao mesmo tempo, lamentou que "um grande acordo que resolva todos os problemas não seja provável".

Meirelles afirmou que o desequilíbrio atual é diferente de "crises cambiais do passado", que eram produto de "um câmbio controlado, moedas desequilibradas ou excesso de endividamento em dólar". Além disso, estimou que um eventual acordo precisaria necessariamente passar por uma garantia de que "cada economia fará sua parte, criando seu próprio mercado consumidor e deixando de depender apenas das exportações". Por fim, o pacto teria que ser estabelecido entre os países, e não imposto por uma instituição, estimou, indagado sobre a possibilidade de o FMI ou outra entidade tomar medidas neste sentido.

Ele garantiu que o Brasil "está cumprindo com sua parte muito bem", colocando em prática uma série de ações "para manter a economia equilibrada". "Não temos um objetivo específico quanto ao tipo de câmbio, o que estamos fazendo é proteger a economia brasileira dos desequilíbrios que possam ser criados pela liquidez excessiva gerada por outras economias", acrescentou.

(com Agência Estado)

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Veja.com

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